Quanto mais nos agarrarmos às desgraças, mais elas podem nos machucar

Quanto mais nos agarrarmos às desgraças, mais elas podem nos machucar

Última atualização: 13 outubro, 2016

As pessoas têm a capacidade de evocar as situações vividas através das memórias, das palavras e dos lugares. Quando concentramos a nossa atenção mental nas desgraças, más recordações e no que não ocorreu conforme esperávamos, no que nos causa mal-estar, no que não podemos resolver e não nos detemos, damos a tudo isso a oportunidade de nos causar um dano recorrente e infinito.

Atualmente a preocupação pode ser considerada uma epidemia. Cerca de 60% dos pacientes que consultam seu médico de família se queixam de problemas relacionados à ansiedade. Certamente temos muito com o que nos preocupar, mas às vezes enchemos este saco das preocupações com várias ilusões desnecessárias.

A pesquisa mostra que 40% das preocupações referem-se a eventos que nunca irão acontecer, 30% são decorrentes de eventos nos quais pensamos com frequência, mas que já ocorreram, e 22% referem-se a algo que está prestes a ocorrer.

Como nos mostram as pesquisas, o problema está no fato de que a maior parte das preocupações que temos são sobre coisas que nunca irão acontecer ou que já aconteceram. Quando nos agarramos às nossas desgraças, provocamos uma alteração no estado da nossa mente atual, com uma infinidade de distorções que são fatores de risco para doenças como a ansiedade e a depressão.

As situações negativas foram, são e serão uma constante em nossas vidas, sempre vamos ter algo que não é do nosso agrado, mas a chave está em saber enfrentá-las e superá-las com pensamentos ajustados à nossa realidade.

Quando nos agarramos às desgraças do passado

Segundo Antonio Jorge Larruy, um dos grandes obstáculos que a sociedade atual enfrenta para encontrar a felicidade é que as pessoas buscam a felicidade no lugar errado. Um exemplo é encontrado em uma aldeia filipina com um alto índice de pobreza e cujo território é o mais afetado por desastres naturais. Segundo o Centro de Investigação e Epidemiologia de Desastres, é o lugar mais feliz do mundo, na frente de cidades multimilionárias como Monte Carlo.

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Talvez o segredo esteja em viver o dia sem se preocupar se um furacão acabou ou vai acabar com suas casas, e baseando sua existência em uma vasta rede de apoio social e familiar. Por outro lado, a pressão consumista, o isolamento, o estresse e a importância que damos ao passado e ao futuro nas sociedades interconectadas nos impedem de desfrutar do presente.

Educar nossos pensamentos para focarem no presente

Quando nossa mente se perde no passado ou no futuro, nosso cérebro fica anestesiado e ativamos a zona do córtex pré-frontal direito onde as emoções que nos machucam estão alojadas. Universidades norte-americanas de prestígio, como MIT e Harvard, apontam que concentrar os pensamentos no presente abre novos canais no nosso córtex pré-frontal esquerdo, experimentando emoções mais positivas.

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Thich Nhat Hanh, mestre zen, ativista da paz e nomeado para o Prêmio Nobel, argumenta que residir no momento presente constitui o único caminho verdadeiro para encontrar a paz em si mesmo e no mundo. Grande parte das doenças que sofremos estão influenciadas negativamente pela nossa dor emocional ou nosso descontrole mental, que criam mundos imaginários longe do presente, quase sempre destrutivos.

Para educar os pensamentos automáticos é necessário observar o que está acontecendo na nossa mente sem fazer julgamentos nem ficarmos presos a pensamentos. Se estivermos completamente estabelecidos no presente, como nos convida Thich Nhat Hanh, “não temos que correr atrás de caprichos como o poder, a fama ou outros prazeres”.


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