Por que algumas pessoas têm medo de compromisso?

Por que algumas pessoas têm medo de compromisso?

Última atualização: 01 julho, 2015

Talvez pelo fato de ser uma situação desconhecida (ou demasiadamente conhecida), o estímulo não seja de abertura, mas sim de rejeição. O medo irracional de alguma coisa nunca leva a um bom caminho, porque tem como base a insegurança ou algum trauma do passado.

Poderíamos dizer que as pessoas criam suas próprias “borbulhas de bem-estar”; um círculo onde está tudo perfeito, é do seu jeito, do seu gosto, com as pessoas de que gosta, etc.  O medo aparece no momento preciso em que algo ou alguém chega para colocar em risco essa zona de conforto. Isso não quer dizer que o outro o faça de propósito ou conscientemente, mas sim que a pessoa é que se sente “atacada”. Quando ela considera que algo irá desestabilizar esse mundo perfeito, ela se coloca na defensiva e até certo ponto, isso é logico. É a mesma coisa que faz uma mãe com seu bebê, sem distinção de espécie.

Para aqueles que acham que uma relação de casal é algo que tira a intimidade, a liberdade e a personalidade, é compreensível que tenham medo ou que não se sintam atraídos pelo compromisso (seja um noivado formal, viver juntos, casar-se). Em vez disso, é primordial pensar no amor como um estado em que recebemos e damos muito também, companhia, bem estar, segurança, etc. Dessa forma, o temor desaparecerá e será mais fácil incluir essa pessoa na bolha.

Certo, essa seria uma situação ideal que nem sempre acontece. É que o medo é uma arma muito poderosa que desequilibra até o mais organizado do mundo. Colocamos na balança os recursos que temos e os que poderíamos perder, não os que poderíamos ganhar. É por isso que afirmamos que o temor é uma questão de insegurança, criada por diferentes fatores e traumas ou sentimentos ruins, que podem ter ocorrido por anos e anos. Sem dúvida, ele conduz a outras experiências como a frustração, o mal-estar e a depressão.

Quando não sabemos reconhecer as nossas próprias capacidades ou habilidades emocionais, tenderemos a evitar o que fez o “alarme disparar”; neste caso, uma possível relação amorosa formal.  Poderíamos dizer que se trata de uma má adaptação às mudanças, que deveriam ser encaradas sempre como algo positivo. Uma pessoa que vê a si mesma como fraca ou frágil, colocará uma couraça para que ninguém possa tocá-la. O problema é que a ameaça é a própria pessoa, e não o resto.

As características dos que temem o compromisso

Não podem tomar decisões pessoais porque têm muito medo da mudança e de sair da zona de conforto que criaram.

– São rígidos e desejam que tudo esteja bem controlado, porque do contrário, ativam-se os seus mecanismos de defesa ou alarmes.

– Costumam ter problemas para expressar os seus sentimentos; nunca querem se aprofundar em um tema importante, falar o que sentem ou pensam sobre algo ou alguém, provocando uma grande falha na comunicação com o seu entorno.

– Se sentem tão inseguros de si mesmos que não podem suportar que outros sejam seguros, de modo que costumam falar mal ou ter um conceito equivocado deles, querendo convencer-se de que não são tão maravilhosos como todo mundo os vê.

É provável que tenha passado por algum episódio dramático durante a sua infância ou adolescência, como o abandono de um pai, a morte de um ente muito querido, uma criação muito asfixiante por parte dos progenitores, uma educação demasiadamente rígida ou permissiva, ter sido deixado por um companheiro anterior, etc.

– São pessoas muito atraentes e grandes conquistadores. Algo contraditório é que elas procuram uma relação de casal estável para se sentirem protegidas, mas em seguida não conseguem lidar com a situação. Em certo momento, o medo se apodera e elas não conseguem continuar.

Justificam os seus temores ou inseguranças de diferentes formas, mas nunca falando do que realmente acontece. Não assumem as suas responsabilidades nem seus sentimentos, de modo que procuram quebrar a relação para recuperar a suposta “estabilidade” e assim fugir dessa mudança na sua bolha.

Como se enfrenta o medo de compromisso?

1 – Admitir que há uma limitação emocional, na qual é preciso trabalhar. Avaliar as verdadeiras necessidades e arriscar sair da zona de conforto para conseguir algo mais, algo melhor. Ter uma boa autoestima é primordial.

2 – Vencer o medo encarando-o. Uma frase muito certeira de Jiddu Krishnamurtu diz “faça o que você teme e o temor morrerá”. Você pode seguir várias estratégias, mas a mais frequente é não evitar aquilo que provoca o temor, porque fugir não soluciona os problemas.

3 – Introduzir mudanças paulatinamente, pouco a pouco, para ajudar a mente a se adaptar antes de passar para a seguinte. Assim, a pessoa continua pensando que tem o controle, ainda que com mínimas variações. O cérebro vai sendo treinado como qualquer músculo do corpo.

4 – Fortalecer a autoconfiança: valorizando-se e fazendo um reconhecimento positivo tanto das capacidades quanto das limitações; estas últimas não são ruins e podem ser uma ótima fonte de aprendizado.

5 – Expressar os sentimentos, pouco a pouco também, e por outro lado, recebê-los de bom grado. Assim se reduzem as tensões e surgirá o relaxamento. Talvez no começo não seja possível expressar-se cara a cara, mas você pode anotar em um caderno ou falar na frente do espelho.

6 – Confiar:  é a chave de qualquer relação. Se você teve uma má experiência anteriormente, não quer dizer que a experiência atual será idêntica. A boa comunicação é a chave para aumentar a confiança.

 


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.