A arte da infelicidade

A arte da infelicidade

Última atualização: 16 fevereiro, 2022

Já sabemos, a felicidade é um conceito muito difuso, além de complexo. Poderíamos falar de aspiração, de algo que conseguimos brevemente e que, em um instante, perde levemente o seu resplendor, sua intensidade. Entretanto, fica a beleza das pequenas coisas, de um simples equilíbrio com o qual nos sentimos bem, onde se pode apreciar cada coisa que nos rodeia, acompanha e nos define.

O ser consciente dessa felicidade “humilde” pode ter um dom do qual nem todo mundo dispõe. Vamos dar um exemplo: segundo a revista Forbes, boa parte das pessoas mais ricas do nosso planeta é infeliz.

Isso nos mostra duas coisas que, talvez, já saibamos: a felicidade não se compra com um cheque de infinitos zeros, e a arte da infelicidade está, talvez, na agenda diária de todas as escalas sociais. Até na agenda dos milionários.

A arte de gerar infelicidade

Em algumas ocasiões, nos preocupamos em excesso com aspectos que não são importantes, com coisas que ou não têm solução ou que não têm motivos para acontecer. Todos nós conhecemos algumas pessoas que tendem a antecipar coisas: “Temos que fazer isso porque pode acontecer aquilo”, ideias obsessivas onde está presente, talvez, uma insegurança contínua, que lhes deixa infelizes e que contamina quem está ao seu redor.

Medo do fracasso, medo da solidão… tudo isso nos empurra em algumas ocasiões a fazer coisas que complicam ainda mais a nossa realidade, nosso dia a dia aparentemente simples e onde não há problemas graves.

A arte da infelicidade apresenta, por vezes, comportamentos que não são facilmente reconhecidos. Vejamos alguns exemplos:

– Seu momento presente está bom, não há nenhuma dificuldade e nem problema aparente. Entretanto, você começa a ficar obsessivo com o futuro, com o incerto. Porque está claro… a tranquilidade não dura muito tempo.

– Se tem alguma coisa na vida que não vai bem, por menor que seja…tudo fica complicado. Você brigou com alguém? Teve um dia ruim no trabalho? Isso já é suficiente para ter uma semana ruim e estender essa negatividade a todos os planos da sua vida.

– O importante é não estar sozinho. Assim conseguirá aguentar seja o que for e com quem seja para não enfrentar a solidão.

– Se alcançou uma meta que havia se proposto e é um especialista na arte da infelicidade, com certeza não irá aproveitá-la. É possível que estabeleça um objetivo ainda mais difícil e cuja complicação lhe cause ainda mais frustração.

– Se alguém lhe faz uma crítica, ainda que seja construtiva, você com certeza não a aceitará. Porque ninguém faz alguma coisa para o bem, a maioria das pessoas tem uma dupla intenção… e essa nunca é boa.

A ausência de sentido vital

Os exemplos dados anteriormente demonstram grandes características dimensionais que definem as pessoas que são incapazes de apreciar a felicidade ou a bondade das coisas e das pessoas que a rodeiam: a inveja, a mania de perseguição, a incapacidade de assumir responsabilidades, um perfeccionismo exagerado, racionalização excessiva, o negativismo, a baixa autoestima, etc. Em essência, é a ausência de sentido vital.

Não é necessário seguir uma religião ou praticar um tipo de filosofia específica para nos darmos conta de que a nossa vida deve ter um sentido. Um sentido para nós mesmos. As pessoas que nos rodeiam não são uma ameaça, ninguém está esperando em uma esquina para nos fazer mal.

Também não é preciso ficar obsessivo com o que acontecerá no dia e nem cair no erro de racionalizar excessivamente. O importante é manter um equilíbrio, usar a lógica… saber confiar.

A arte de NÃO ser infeliz requer que aprendamos a confiar. É impossível controlar todos os aspectos da nossa vida para evitar que ocorram determinadas coisas. A felicidade não é uma meta, é um estado, uma emoção. A felicidade está no dia a dia, no agora e em nossa capacidade para saber cultivá-la do modo mais humilde possível.


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