Somos um balão de emoções em um mundo de alfinetes

Somos um balão de emoções em um mundo de alfinetes

Última atualização: 25 março, 2022

É simples. Somos um balão cheio de emoções em um mundo cheio de alfinetes. Falo de você, que se emociona com tudo e vive com os sentimentos à flor da pele. Claro, isso é o que lhe caracteriza. Você se destaca pela sua sensibilidade especial.

Mas há um preço que precisa pagar por ser excepcionalmente emocional. As suas inquietações, suas emoções e a sua forma de sentir não lhe dão trégua. Estão com você, querendo ou não.

E logo aparecem os alfinetes, que espetam seu balão e espalham as suas emoções. Eles não compreendem que a sua pele é frágil e que, caso se aproximem de você, provocarão uma explosão, uma ruptura irreparável.

Você tenta conter as suas emoções no ar, mas nem sempre consegue. Só às vezes. Você acaba ficando com uma parte delas na mão e com outra parte espalhada pelo chão.

E toma cuidado para que ninguém pise nelas, claro, porque senão perderia uma parte de você e teria que construir um outro quebra-cabeça.

Agora você precisa encher outro balão, desta vez um pouco mais resistente. Você sabe que, cedo ou tarde, chegará outro alfinete que explodirá de novo. Porém, com certeza este novo alfinete terá que chegar um pouco mais perto de você.

“Vou colocar meu balão dentro de um outro balão. Terei mais proteção”, você pensa. E assim acabou criando camadas e mais camadas para se proteger do exterior. Como se fosse uma cebola.

“O alfinete que quiser chegar até as minhas emoções terá muito trabalho. Não vou permitir que me machuquem de novo”. Mas não seria estranho e nem tão difícil que outro alfinete acabasse explodindo todas as suas barreiras.

E você começa de novo. Recolhe as suas emoções, com muito cuidado, para ir comprar mais alguns balões de qualidade para proteger suas emoções.

Desta vez, você vai pintar um balão de cada cor e escreverá umas palavras para que todos leiam:

#1- Estou sempre bem, não está acontecendo nada

Negar os nossos sentimentos é um dos balões mais comuns. Isso faz com que não sejamos conscientes do que está acontecendo conosco e, claro, não enfrentemos a situação.

Se não somos capazes de descrever momentos da nossa vida com detalhes, é por que deixamos de pensar no cotidiano. Isso, certamente, tem consequências terríveis. Se não aprendermos com o que vivemos, cometeremos cada vez mais erros e não nos reconheceremos em nossas ações.

#2- Não sinto falta de um abraço

Há outro balão especializado em negar o contato. Este é um dos mais escuros porque nos distancia do mundo real, fazendo com que rejeitemos a possibilidade de nos reencontrarmos com esses pedaços de vida que os outros nos oferecem.

Frida Kahlo disse que construir muros ao redor dos sentimentos é arriscar ser devorado pelo nosso interior. Queremos ser amados, mas sem mostrar fragilidade, sem abrir o nosso coração. Existem abraços que podem recompor as nossas partes quebradas, mas temos que deixar os outros nos abraçarem.

#3- Eu aguento tudo

“Tenho super poderes e nada transborda. Construí as muralhas mais fortes e jamais vistas.”

No entanto, a realidade é que o movimento com as armaduras é complicado, e nos falta liberdade. No fim, enchemos tantos balões que não sabemos como mantê-los no ar e relaxar.

É provável que manter essa atitude nos dê certa ilusão de controle sobre as nossas emoções, mas é apenas uma ilusão. Alguma coisa dolorosa aconteceu, mas o medo do sofrimento nos faz mascarar a nossa verdadeira realidade.


#4- É o meu caráter, sou assim

Tudo bem, você é como é e defende seu direito, mas está falando por você ou pela sua armadura? É provável que esteja se colocando uma máscara para que ninguém saiba o que há dentro de você.

Esse balão poderá lhe proteger de muitos alfinetes. Porém, ainda que isso possa lhe ajudar a voar sobre algumas situações complexas, em outros momentos isso se transformará em uma carga ainda maior. Essa situação, longe de minimizar o sofrimento, gerará muito mais.

Protegemo-nos de quem acreditamos que somos, colocando-nos balões de segurança. Mas, um belo dia, ficamos atrapalhados atrás deles e não conseguimos sair e nem respirar.

Podemos fugir, enfrentar-nos, fazer-nos de vítimas, mas isso não nos ajudará a sermos nós mesmos. Nossos balões tem sabor de passado, um passado que temos que começar a superar.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.