As coisas mais bonitas e grandiosas crescem devagar e em silêncio

As coisas mais bonitas e grandiosas crescem devagar e em silêncio

Última atualização: 28 junho, 2016

O amor é a faísca rápida e fugaz que incendeia nossos corações. Mas também é o que acontece devagar, em cada acordo alcançado, em cada dificuldade superada e na cumplicidade das pequenas coisas que têm dentro de si universos inteiros.

As coisas mais significativas requerem tempo, esforço e compromisso. Sabemos disso porque a vida, assim como a própria natureza, tem seus ciclos e ritmos já pautados. Para o nosso cérebro no entanto, a percepção do tempo é assombrosamente rápida. É como se a própria existência nos escapasse entre os dedos nos deixando ali, sozinhos e perplexos.

Segundo um interessante trabalho publicado pelo doutor Dharma Singh Khalsa, especialista em neurologia e em gerontologia, nossa percepção do tempo tende a se acelerar à medida que chegamos em idades mais maduras. Os anos escapam de nós como a fumaça que escapa por uma janela aberta e, de algum modo, deixamos de aproveitar o presente, de prestar atenção nas coisas que crescem em silêncio e que podem de verdade enriquecer ainda mais nosso coração.
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Quando o tempo é um trem desgovernado e sem paradas

Em alguns casos, quase sem saber como, as coisas mais importantes fogem de nós ou passam muito rápido: os dois centímetros a mais de altura de nossos filhos, o fim de semana sozinho com nosso amor, o último jantar com nossos amigos ou o verão que acaba com as últimas chuvas de março em um piscar de olhos…

Frequentemente costumamos dizer que “a vida é o acontece enquanto fazemos outros planos”, mas na realidade poderíamos dizer de um modo mais bem colocado que em algumas ocasiões não chegamos a valorizar ou perceber com a importância que merecem muita das dimensões que nos envolvem em cada momento do ciclo de nossa vida.

Sempre chega o momento em que almejamos as conversas com nossas mães enquanto as observamos cozinhar, ou aquelas pequenas brigas que tínhamos em nosso relacionamento amoroso no começo da relação, ou os desenhos que nossos filhos nos ofereciam com grande satisfação quando voltavam da escola. Onde está tudo aquilo agora? Passou mesmo tanto tempo desde então?

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Nosso cérebro tende a acelerar a percepção do tempo

Assim como falamos no começo do texto, à medida que envelhecemos e que amadurecemos nossa percepção do tempo muda. Se até então estamos acostumados a um estilo de vida habitualmente acelerado e a um entorno que nos demanda constantemente, tudo isso gera outro fato: o de que estamos menos presentes, fazendo com que a sensação de vazio existencial e de fugacidade temporal cresça ainda mais.

  • Douwe Draaisma, professor de História da Psicologia na Universidade de Groningen, na Holanda, fala de um interessante fenômeno chamado efeito de reminiscência. Segundo esse efeito, para o nosso cérebro o tempo é, na verdade, muito relativo, e nos lembramos mais de fatos pontuais e muito significativos que acontecem conosco.
  • Costuma-se dizer que é durante as décadas que estão entre os 20 e os 40 anos que, geralmente, acumulam-se lembranças emocionalmente mais intensas, e em geral a intensidade da percepção do tempo nesse período é mais lenta. A partir dos 50 ou dos 60 anos, a sensação subjetiva do tempo muda e passa mais depressa, porque já não há tantos estímulos significativos ou tantas experiências que nos chamem a atenção no presente.
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Conseguir que o tempo passe mais devagar está ao alcance de suas mãos

Assim como tivemos a oportunidade de ver com o efeito de reminiscência – que faz com que o presente nos escape porque acabamos focando muito nas memórias emocionalmente intensas de ontem – vale a pena começar a cultivar nosso aqui e agora de instantes de plenitude e emoções positivas.

Não precisamos levar a vida de um jovem de 20 anos para aproveitar do presente. É só questão de ter em conta essas dimensões:

  • Sua melhor idade é agora, nem mais nem menos. O que a juventude não sabia ou não podia pode ser alcançado agora, porque sem dúvida esse amadurecimento traz sabedoria e equilíbrio capazes de priorizar o mais importante: você mesmo.
  • Ao seu redor seguem crescendo coisas maravilhosas, coisas que avançam devagar e em silêncio. O amor de quem o envolve, essa íntima cumplicidade de quem sabe ler seu olhar ou arrancar um sorriso quando você menos espera. Tudo isso acontece nesse exato momento, só é preciso parar, olhar e aproveitar.
  • A rotina é uma música triste que engana também seu cérebro, fazendo-o crer que o tempo corre mais rápido do que realmente corre. Por outro lado, tudo que sai do normal é um estímulo, um incentivo carregado de emoções que mudam sua percepção do tempo para que ele se demore mais por ali…
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Viaje, faça algo diferente todo dia por menor que seja, olhe em silêncio para as pessoas de quem você gosta e grave essa imagem mental em seu coração e seu cérebro. Faça com que cada instante tenha um cheiro, uma sensação, um sabor… Estimule todos os seus sentidos e abrace o presente como se não existisse um passado, como se não houvesse um amanhã.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.