Como enfrentar nossos pensamentos negativos?

Como enfrentar nossos pensamentos negativos?

Última atualização: 08 março, 2015

Lutar contra os nossos pensamentos negativos direciona nossa atenção para eles, dando-lhes importância. E se a origem ou a manutenção de nossos problemas e dores estão ligados a isto? Propomos uma outra solução: a metáfora do ônibus.

Muitas vezes pensamentos negativos nos invadem, como: “não devia ter comprado um apartamento com financiamento tão alto”, “perdi meu tempo estudando algo que não vai me servir de nada”, “nunca mais encontrarei alguém como ela”, “devia ter sido mais compreensiva, e menos exigente”, ou “me sinto mal após ter dito aquilo ontem a noite”. Lutar contra pensamentos negativos e valorizá-los é como evidenciá-los, pois os alimentamos, aumentando nosso mal-estar e ansiedade, ou seja, permitimos que cresçam em nosso íntimo. Se alguém abandona seu parceiro, pode começar a pensar que não encontrará ninguém como ele, e abrirá mão de sair, ou buscará apenas aventuras, talvez para espantar a solidão. Inclusive, se acreditamos que uma prova é complexa e que não seremos aprovados, ou que uma entrevista de trabalho é difícil, iremos criar desculpas para evitar esses assuntos, e assim nos sentiremos tranquilos. É curioso que não seja preciso que aconteça algo especialmente grave, para que comecemos a cismar com o acontecido, e que o diálogo com os pensamentos negativos se torne um modo de vida, afetando as decisões que devemos tomar.

Como lidar com pensamentos negativos?

Confrontando um pensamento negativo, podemos continuar dialogando com ele, como já mencionamos, tentar racionalizá-lo e torná-lo um pensamento positivo, manifestando aquilo que de fato desejamos, ou deixando-o de lado, sem tentar controlá-lo, dando atenção ao que nos propusemos a fazer. Cada um decidirá o melhor para si, porém, nunca se esqueça de optar pelas decisões que proporcionem maior bem-estar e evolução.  Frente às três opções, as duas últimas são as que mais nos beneficiam, pois nos orientam para aquilo que desejamos. Entretanto, na primeira modificaremos nossa linguagem negativa, alterando-a para uma mais positiva e no segundo caso, a deixaremos de lado. Para compreender melhor o que apresentamos, falaremos sobre a metáfora do ônibus e os passageiros, o que nos permitirá observar o modo como nossos pensamentos ou emoções negativas podem assumir o controle, tirando-nos da rota dos nossos planos, dos nossos caminhos, e imobilizando-nos.

A metáfora do ônibus e os passageiros.

Imagine que você é o motorista de ônibus, levando muitos passageiros. Eles são os pensamentos, os sentimentos, as lembranças e todas essas coisas que possuímos na vida. O ônibus possui apenas uma porta de entrada e apenas ela. Alguns dos passageiros são extremamente desagradáveis e aparentam ser perigosos. Enquanto isso você dirige o ônibus, e alguns passageiros começam a ameaçar, dizendo o que você tem que fazer, a onde ir, gire a direita, agora acelere, etc., inclusive o insultam, o desanimam, lhe dizem que é um péssimo motorista, um fracassado, que ninguém o aprecia. Você se sente mal, e faz o que eles mandam, para  que se calem, para que deixem o ônibus, porém não consegue e discute, os enfrenta. Sem perceber, a primeira coisa que fez foi parar, deixou de dirigir e agora não vai a parte alguma. Além disso, os passageiros são muito fortes, resistem e você não consegue expulsá-los do ônibus. Resignado você retorna a seu assento, dirige e os leva aonde desejam, para acalmá-los.

Desta forma, para que não o incomodem e você não se sinta mal, começa a obedecê-los, e a dirigir o ônibus pelas caminhos que eles indicam, pensando que assim não terá que discutir com eles, nem vê-los. Você faz o que lhe ordenam, e vai se antecipando, pensando em expulsá-los da sua vida. Logo, quase sem perceber, eles sequer precisam ditar suas ordens, “gire à esquerda”, pois você assim o fará para evitar que os passageiros o ameacem. Assim, não irá demorar muito para que comece a justificar suas decisões de modo que quase acredita que eles deixaram o ônibus, e se convencendo de que é você quem dirige o ônibus pela única via possível. O poder desses passageiros se baseia em ameaças do gênero “se você não fizer o que mandamos, voltaremos e faremos com que nos encare, e você passará mal”. Porém, isso é tudo o que podem fazer.

É fato que quando surgem tais passageiros, pensamentos, e sentimentos por demais negativos, parece que podem causar danos expressivos, e por isso você aceita o acordo e faz o que lhe pedem, para que o deixem em paz, e sentem no final do corredor aonde não possa vê-los. Tentando manter o controle sobre os passageiros, na realidade você perdeu o rumo do ônibus! 

Eles não seguram o volante, não controlam o acelerador, nem o freio, nem decidem onde deve estacionar. O motorista é você. Assim sendo, sempre haverá um ruído distante, porém só nós poderemos decidir onde olhar, o que ouvir, e se esse ruído será um personagem principal ou apenas o aceitaremos como figurante.

Imagem cortesia de Francisco Peralta y Tim brown


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