Eles medrosos, elas idealistas

Eles medrosos, elas idealistas

Última atualização: 23 novembro, 2016

Nem sempre o amor foi tão complicado. Antes da ideia de amor romântico ter se instalado na cultura ocidental, eles e elas tinham relações mais estáveis. Atualmente, no entanto, os seres humanos lutam sob duas realidades paradoxais: por um lado, a maioria quer encontrar aquela pessoa maravilhosa que marque um antes e um depois na sua vida amorosa; por outro lado, a maioria desliga essa ideia do “grande amor” da frustração ou do sofrimento.

Em outras palavras, muitos buscam os benefícios do amor, mas não querem pagar seus custos. Estes pensamentos se instalam tanto em homens quanto em mulheres. No entanto, eles traduzem e vivem isso de uma forma, enquanto elas o fazem de maneira diferente.

A maior parte dos homens não é consciente do seu medo de amar. Quase todos optam por não se interessar pelo tema, passar de um relacionamento para o outro sem dar tempo de dizer “você tem uns olhos tão lindos”, ou até mesmo se tornando cínicos em questão de afeto. Elas, no entanto, normalmente são especialistas em idealizar primeiro e desvalorizar depois estes homens com os que eventualmente poderiam ter construído uma história de amor.

Eles e os seus medos

O grande medo da maior parte dos homens é o de “se comprometer”. Mesmo que a palavra pareça muito clara, na verdade ela tem vários significados. Cada um de nós entende ou compreende essa palavra de uma forma diferente.

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Alguns pensam que se comprometer é despertar muitas expectativas em uma mulher. Por isso se cuidam e medem muito bem cada passo que dão no relacionamento. Outros acreditam que o compromisso chega quando abrem seu coração e mostram o que há lá dentro. Outros pensam que estão comprometidos quando a relação passa do limite de um determinado tempo de duração. Finalmente, cada um deles interpreta o medo que sente da forma que quer.

Do ponto de vista do doutor Juan David Nasio, renomado psicanalista argentino que vive em Paris, todos estes medos nascem de uma única fonte: o pavor de decepcionar ou “trair” as suas mães. Bem lá no fundo, no nível do inconsciente, eles estão comprometidos permanentemente com a ideia de que apenas a mãe deles merece esse amor completo, e de que são incapazes de experimentar esse sentimento com outras mulheres.

Essa é a raiz dessa sensação que tantos expressam dizendo que “falta alguma coisa” naquelas mulheres que conhecem. Estes homens passam de uma relação fracassada para a outra. Se verificarem cuidadosamente o que acontece, eles irão descobrir que são eles mesmos que se encarregam de sabotar essa oportunidade de construir uma verdadeira história de amor. Com seus descuidos, sua falta de sensibilidade ou sua necessidade de controle. Depois reclamam de que nenhuma mulher cumpre com os requisitos que eles buscam.

Elas e as suas idealizações

Muitas mulheres constroem o seu próprio castelo de fantasia, onde elas brincam de serem princesas. A partir daí, organizam histórias de amor inverossímeis, nas quais só podem chamar de “príncipe” aquele homem que consegue lidar com suas neuroses e suas inseguranças. Uma espécie de “pai educado”, capaz de lhes proporcionar o sentimento de segurança que elas não têm e de protegê-las perante as andanças da vida.

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A maioria delas dirá que não. Elas veem a si mesmas como mulheres modernas, autônomas e independentes. No entanto, passam a vida criando e rompendo relações.

Cada vez que terminam um relacionamento, dizem para si mesmas que “os homens não valem a pena”, falam sobre o quanto se sentem “decepcionadas” por aquele homem não ser o que parecia. No fundo, elas ansiavam por um homem que se comportasse como uma mulher. Elas custam a entender que o sexo oposto é isso: oposto.

Ao indagar mais a fundo, descobrem que a decepção e a desvalorização em relação aos homens vêm precisamente do fato de elas se sentirem decepcionadas nas suas fantasias. Eles não as trataram como as princesas ou rainhas que eram.

Finalmente, eles também podem ter se cansado dos seus caprichos. Talvez eles também não as tenham assumido como suas mulheres “legítimas”, ou não as tenham protegido como meninas mimadas. Tampouco se comportaram como os cavaleiros andantes que deveriam ter sido. Eles cometeram deslizes, eram homens de carne e osso, não príncipes.

Fantasia e realidade

Amar não é fácil, muito menos deixar-se amar. Mas esta se torna uma tarefa inviável quando os membros do casal estão atados às suas fantasias infantis e não querem renunciar a elas. Isso faz com que o amor seja uma façanha impossível.

Eles se tornam incapazes de apreciar e dar valor a todas essas contradições que nos fazem humanos e que são precisamente as que o outro deve aceitar, sem tratar de remediá-las, quando existe um amor verdadeiro.

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