O que levou Andreas Lubitz a derrubar o Airbus A320 nos Alpes?

O que levou Andreas Lubitz a derrubar o Airbus A320 nos Alpes?

Última atualização: 31 agosto, 2015

Em 24 de março de 2015, o mundo inteiro ficou chocado com o acidente aéreo de um avião Airbus A230 nos Alpes. A bordo, 150 pessoas e 5 cães, uma tragédia de grandes dimensões que mobilizou de imediato vários países. A população mundial, esperançosa e com o coração apertado, procurava respostas sobre o desastre.

Foi então que começou o debate quase automático sobre a segurança, ou falta dela, nas linhas aéreas de baixo custo, sobre a vida útil de um avião que, talvez, já não devia estar no ar. Durante várias horas todos nós procuramos mil razões, mil origens para o ocorrido com essas máquinas que às vezes falham, mas fazem parte de nossas vidas.

A tecnologia às vezes falha, sabemos, os acidentes ocorrem e a origem se deve quase sempre a um descuido, a um erro, ou a uma má manutenção.

Poucos pensaram que o responsável poderia não ser a “máquina”, mas sim o homem. Um jovem copiloto que, de forma deliberada, derrubou o avião nos Alpes franceses, levando com ele todas as vidas que estavam a bordo.

De que modo podemos entender este tipo de coisa? O ser humano precisa sempre encontrar um porquê, uma razão que justifique (se é que pode ser justificado) este tipo de ato inconcebível que se instala nessa parte ainda tão escura de nossa natureza, onde o irracional, a doença talvez, ou o simples ato de causar o mal, se faz presente.

O que levou Andreas Lubitz a derrubar o Airbus A320 nos Alpes? Analisaremos as possíveis causas, nos baseando em toda a informação que nos foram transmitidas, para tentarmos encontrar um “porquê”.

Um piloto certificado como “apto” mas com problemas psicológicos

Andreas Lubitz estava só na cabine do avião quando, de repente, de modo voluntário, decidiu apertar o botão de descida para que ele e o resto dos passageiros perdessem a vida chocando-se contra os Alpes.

Segundo a companhia “Lufthansa” o copiloto do Airbus A320 tinha sido declarado apto para seu exercício profissional; ninguém suspeitava de nada e ele era tido como uma referência de competência e profissionalismo.

Não obstante, encontrou-se um relatório médico onde se certificava que ele não estava apto, que suas condições psicológicas não eram as mais adequadas para continuar trabalhando. Lubitz, estava consciente disto, mas, longe de aceitar a situação, tinha rasgado tal relatório sem que a companhia tivesse conhecimento dele, comparecendo a seu posto de trabalho quando, na realidade, nunca mais deveria tê-lo feito.

Segundo as informações que foram publicadas, Andreas Lubitz padecia de uma depressão severa. Ele estava em processo de separação de sua noiva, com problemas afetivos que talvez poderiam ter ocasionado esta reação suicida.

Agora se deduz que estes transtornos depressivos eram constantes em sua vida, que já tinha passado por algo parecido fazia algum tempo, recebendo tratamento por um sério episódio de depressão.

Andreas Lubitz

A depressão severa e o “suicídio ampliado”

A pergunta seria a seguinte: pode uma depressão severa levar uma pessoa não só ao suicídio, mas também a provocar a morte de 150 pessoas? 

– Na hora de falar sobre depressão temos de levar em conta que nenhum problema psicológico é igual em todas as pessoas, isto é, não há um padrão único e facilmente identificável. Com frequência, podem existir diversos transtornos associados, pode ser que no lugar de uma depressão severa, sofra-se de uma depressão psicótica. Não sabemos se era o caso dele.

– As razões pelas quais uma pessoa se deprime podem ser muito variadas e complexas, mas sempre existe uma sensação de perda do controle sobre sua situação vital e suas emoções, além de uma visão muito negativa do futuro. Não há esperanças. Quando estas sensações se amplificam, é comum que se instale o desejo de suicídio.

– Normalmente, a depressão que se cruza com ideias de suicídio costuma estar em 15% dos pacientes com este transtorno. Porém, o que não é comum é que às tendências suicidas, se somem as homicidas. O que não é habitual é uma pessoa querer acabar com a própria vida juntamente com o desejo e escolha também de “castigar” a mais pessoas e, principalmente, pessoas não relacionadas afetivamente com ela.

– No caso de existir esta vontade, já estaríamos falando de um “suicídio ampliado”. Isto é, são situações em que a pessoa, além de acabar com sua própria vida, tenta levar consigo a vida de inocentes. Seu desespero e frustração são tão grandes que não podem causar mais danos a ele, por isso a pessoa procura magnificar seu desejo de agressão também para os demais. Há raiva e desejo de vingança.

– No caso de Andreas Lubitz sabemos que, por exemplo, sua grande obsessão era voar. Provavelmente, seus problemas afetivos lhe fizeram recair em uma nova depressão, um processo que, ao que parece, era algo latente em seu estado psicológico e que já tinha lhe ocorrido no passado e atrasou a obtenção de seu título de piloto.

Agora, esse relatório psicológico que concluía que ele “não era apto para o trabalho e que não poderia voar”, foi, sem dúvida o desencadeante para pensar não só no suicídio, mas também na vingança. Esse seria seu último voo, e sua dor, não seria sentida só por ele. O sofrimento iria adquirir dimensões ampliadas e, sem sombra de dúvidas, ele conseguiu. 

– Alguns estudiosos explicam que estes atos incompreensíveis, em certas ocasiões, são causados pelo o que chamam de síndrome de Amok, isto é, uma reação espontânea e incontrolável de causar danos aos outros, de matar de modo indiscriminado.

Para muitos, o ato terrível que cometeu Andreas Lubitz pode ter sido perfeitamente premeditado. Inclusive, suspeitam que os Alpes tinham algum significado para ele, já que segundo dizem, ele mantinha uma obsessão por esta paisagem.

As pessoas sempre precisam encontrar uma explicação frente a atos como o ocorrido com o Airbus A230. Queremos saber e entender as razões que levam um homem, aparentemente normal, a acabar com a vida de 150 pessoas. Ainda que, às vezes, tenhamos que aceitar que o lado irracional, como a maldade, existe e está aí, escapando sempre do nosso controle. Imprevisível e voraz, o mal pode levar a vida dos que mais amamos sem dar explicações.

Seja como for, deste nosso espaço, enviamos o nosso mais sincero apoio aos familiares, e nossa homenagem e respeito às vítimas. Descansem em paz.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.