O meu quarto, a minha bagunça, o meu mundo

O meu quarto, a minha bagunça, o meu mundo

Última atualização: 27 julho, 2019

Um quarto em desordem, um escritório cheio de livros, notas coloridas, fotografias antigas, flores secas e uma xícara de café não são sinônimos de uma vida caótica. Às vezes a bagunça de um espaço é a harmonia de uma mente criativa, é a nossa essência e a lógica do caos onde nos identificamos: é o nosso mundo particular.

Ao longo de nossas vidas nos ensinaram que é necessário ser organizado, porque a ordem é controle e, por sua vez, um ambiente organizado nos traz uma sensação de segurança. Em parte t udo isso é verdade; no entanto, não podemos conceber a desordem como algo essencialmente negativo. A bagunça é para muitos a essência do fracasso, da inatividade, do abandono e da negligência …

Um escritório ou uma casa bagunçada não são sinônimos de uma vida caótica, assim como uma mesa vazia não simboliza uma mente vazia. Meu espaço bagunçado é apenas o rumor da minha mente ativa, livre e criativa …

Acreditemos ou não, existe uma verdadeira psicologia da desordem. É uma tendência científica especializada em analisar o que está por trás desse comportamento e destas características. A  Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, concluiu que um espaço bagunçado potencializa a criatividade dos seus moradores. No entanto, esses dados têm muitas nuances; vamos refletir sobre elas.

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A psicologia por trás da bagunça

Começaremos explicando-lhe um fato realmente curioso. Tracey Emin é uma artista britânica que, em 1999, apresentou ao mundo um trabalho tão excepcional quanto chocante. Era simplesmente uma cama toda bagunçada. Nela havia  roupas, cigarros, tecidos, garrafas de vodka … Todo o conjunto, longe de ser estético e atrativo, representava um drama pessoal; representava uma pessoa vivendo um drama emocional, parecia que a sua vida estava à deriva.

Por este trabalho, intitulado “My Bed”, ela foi indicada para o prêmio Turner, e em 2014 a casa Christie de Londres leiloou a composição por 2,5 milhões de libras. A arte moderna é um desafio, mas a própria artista declarou após a comoção causada pelo leilão que trabalha regularmente nesse tipo de ambiente desarrumado, porque a bagunça, pelo menos para ela , é a semente da criatividade.

Um estudo publicado no “The New York Times” chegou a esta mesma conclusão: demonstrou que, por vezes, um ambiente um pouco bagunçado libera a mente dos convencionalismos e ela pode se mover em todas as direções para criar novas respostas e novas ideias. Não podemos esquecer que dentro das fases de criatividade está essa “tempestade de ideias”, onde a partir do caos surge a decisão, e em consequência disso, a inovação.

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Os espaços pessoais e a liberdade de pensamento

A bagunça não gerará nenhum problema e será até benéfica se existir um certo controle sobre ela. A psicóloga Kathleen Vohs, especialista nesta tendência sobre a ordem e a desordem, nos explica que em um ambiente de trabalho, por exemplo, deve existir uma eficiência organizacional adequada.

No entanto, o fato de criar um espaço visual desordenado quanto a objetos e cores gera um estímulo que ajuda o nosso cérebro a relaxar e criar. Entretanto, temos que levar em conta as diferenças individuais: nem todas as pessoas toleram esse tipo de desequilíbrio. Algumas pessoas precisam de organização para serem produtivas.

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Seja qual for o caso, a conclusão a que chegamos é de que um quarto desarrumado não é o reflexo de uma pessoa com uma vida caótica e irresponsável, assim como alguém que se preocupa com o controle e a ordem nos seus espaços privados e suas coisas não sofre de qualquer distúrbio mental ou é um reflexo de uma personalidade anancástica.

Cada um de nós habitamos nossos espaços privados da nossa própria maneira e em liberdade. Cada canto é um reflexo dos nossos hábitos e costumes e não deve ser criticado ou rotulado. Costuma-se dizer, por exemplo, que as pessoas desordenadas precisam de metas, que têm diferentes conflitos internos e muitas vezes não conseguem se expressar, porque eles sentem um apego prejudicial às suas memórias do passado.

Este tipo de “sabedoria popular” nem sempre está certa, e se hoje escolhermos não arrumar a cama ou a casa é porque talvez tenhamos outra prioridade nesse momento. Você não precisa explicar nada. A bagunça que é escolhida, que é controlada e não subjuga não é ruim; é a tranquilidade para uma mente que se identifica com suas necessidades.

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Porque a ordem é, sem dúvida, o prazer da razão, mas a desordem, para alguns, é o prazer da imaginação …


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