Não se atreva a me julgar

Não se atreva a me julgar

Última atualização: 01 setembro, 2015

“Não espere que os demais compreendam a sua viagem,

Especialmente se eles nunca percorreram o seu caminho”

 

– Venho aqui, professor, porque me sinto tão pouca coisa que não tenho forças para fazer nada. Me dizem que não sirvo para nada, que não faço nada bem, que sou lerdo e muito idiota. Como posso melhorar? O que posso fazer para que me valorizem mais?

O professor, sem olhá-lo, lhe disse:

– Sinto muito, meu jovem, mas não posso ajudá-lo nesse momento. Devo primeiro resolver meu próprio problema. Talvez depois…

E fazendo uma pausa, falou:

– Se você me ajudasse, eu poderia resolver este problema com mais rapidez e depois, talvez, possa ajudá-lo.

– Claro, professor – gaguejou o jovem, logo se sentindo outra vez desvalorizado, e hesitou em ajudar seu professor.

O professor tirou um anel que usava no dedo mindinho e deu ao garoto, dizendo:

– Pegue o cavalo e vá até o mercado. Deverá vender esse anel porque tenho de pagar uma dívida. É preciso que você obtenha pelo anel o máximo possível, mas não aceite menos que uma moeda de ouro. Vá e volte com a moeda o mais rápido possível.

O jovem pegou o anel e partiu. Mal chegou ao mercado, começou a oferecer o anel aos mercadores. Eles até o olhavam com algum interesse, mas quando o jovem dizia quanto pretendia receber pelo anel e mencionava a moeda de ouro, alguns riam, outros saiam, sem ao menos olhar para ele. Só um velhinho foi amável, a ponto de explicar que uma moeda de ouro era muito valiosa para comprar um anel.

Tentando ajudar o jovem, chegaram a oferecer uma moeda de prata e uma xícara de cobre, mas o jovem seguia as instruções de não aceitar menos que uma moeda de ouro e recusava as ofertas.

Depois de oferecer a joia a todos que passaram pelo mercado, abatido pelo fracasso, montou no cavalo e voltou. O jovem desejou ter uma moeda de ouro para que ele mesmo pudesse comprar o anel, livrando assim a preocupação do professor, que poderia então, ajudá-lo com seus conselhos. Voltando, desanimado, para diante do seu mestre, disse-lhe:

– Professor, sinto muito, mas é impossível conseguir o que me pediu. Talvez pudesse conseguir duas ou três moedas de prata, mas não acho que se possa enganar ninguém sobre o valor deste anel.

– É importante o que disse, meu jovem… – o professor respondeu, sorridente

– Então, devemos procurar saber primeiro o valor do anel. Pegue novamente o cavalo e vá até o joalheiro. Quem melhor que ele para saber o valor exato do anel? Diga-lhe que quer vender o anel e pergunte quanto ele lhe dá. Mas não importa o quanto ele lhe ofereça, não o venda… Volte aqui com o meu anel.

O jovem foi até o joalheiro e deu-lhe o anel para examinar. O joalheiro examinou-o com uma lupa, pesou-o e lhe disse:

– Diga ao seu professor que, se ele quiser vender agora, não posso dar mais que 58 moedas de ouro pelo anel.

– 58 MOEDAS DE OURO!!! – exclamou o jovem.

– Sim, replicou o joalheiro, eu sei que, com tempo, talvez pudesse conseguir até 70 moedas, mas se a venda é urgente…

O jovem correu emocionado para contar o ocorrido. Depois de ouvir a narrativa, o professor lhe disse:

– Você é como esse anel, uma joia valiosa e única, e que só pode ser avaliada por um “expert”. Pensava realmente que qualquer um poderia descobrir o seu verdadeiro valor?

E, dizendo isso, voltou a colocar o anel no dedo.

Hoje trago a você este conto para que não se atreva a me julgar. Você sabe o meu nome, mas não a minha história. Eu sei que não importa o que eu diga, você me julgará da mesma forma, ainda que eu não tenha pedido a você a sua opinião, mas o que você não sabe é quem são os meus anjos e os meus demônios.

Não se atreva a me julgar, ao menos que se tenha colocado em minha pele e que tenha sorrido à vida através dela. A única coisa que você sabe sobre mim é o que eu lhe contei e o que você aprendeu sobre o que eu lhe falei. Você nem sequer parou para olhar ao seu redor.  Eu tento viver como quero e não usar máscaras. Sou a única pessoa que poderá percorrer este caminho; portanto, assumo a responsabilidade de me valorizar.

Já me condenei por anos, quando eu estava convencido de que o que os outros pensavam sobre mim era o meu preço real. Mas aprendi a lição e não voltarei a cometer esse erro, sou imune a seus julgamentos. Compreendi que o preço que me coloco é o que estarei disposto a pagar e decidi me vestir de mim mesmo, sem máscaras, para o resto de meus dias.

A única forma de me libertar foi deixando de me comparar; não há ouro que valha as minhas roupas. Agora sei que a minha imagem é o reflexo da minha segurança e da minha autoestima, e que só posso encontrá-las dentro de mim. Não se pode imaginar o prazer que é a sensação de deixar de procurar fora o que já se tem dentro.


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