Não dê tudo o que pedem, e sim o que você acha que precisam

Não dê tudo o que pedem, e sim o que você acha que precisam

Última atualização: 23 junho, 2016

Existem pessoas que só nos procuram quando precisam de alguma coisa. Outros, por sua vez, se veem no direito de pedir tudo em troca de nada porque o vínculo rege e é nossa obrigação moral assumir, calar e outorgar. Não é o correto. A arte da reciprocidade e o respeito nascem no coração, não das imposições morais ou familiares.

Uma coisa que todos sabemos é que vivemos em uma sociedade onde costuma-se pensar que tanto a família quanto o cônjuge são o paradigma do bem-estar afetivo. Não obstante, é nestes círculos pessoais onde mais se concentra o sentimento de dor e, obviamente, as decepções. Porque quem pensa que o simples ato de oferecer o amor em troca de nada é sinônimo de felicidade se engana. É cair no abismo do nosso próprio erro.

Às vezes, podemos chegar a conhecer de verdade as pessoas pelo jeito como nos tratam quando já não precisam de nós.

O principal problema está, sem duvida, nesse “conforto” ao qual muitos relaxamentos afetivos ou familiares apelam, ao pensar que estão no seu direito de pedir praticamente qualquer coisa a um preço muito baixo, mesmo que isso nos custe a autoestima. Por isso, antes de ceder sem pensar para logo lamentar, é conveniente reformular a estratégia: “ofereça somente aquilo que necessitam de verdade“.

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Intuir o que os outros realmente precisam

Um artigo interessante publicado no espaço “Goodtherapy” sobre como se constroem os relacionamentos pessoais positivos explica que apesar de todos sabermos o que significa a reciprocidade, não a reconhecemos como um bem precioso para viver.

  • Existe uma complexa dupla moral na ideia de que só por ser família ou só por ser cônjuge estamos no direito de pedir, exigir e inclusive dar por certo que os outros sempre estarão ao nosso lado “aconteça o que acontecer”.
  • Tal como dizia Honoré de Balzac, o amor não é só um sentimento, e sim uma arte que nem todos sabem praticar e, às vezes não é o sangue que edifica um relacionamento entre pai e filho, e sim o respeito e a reciprocidade.
  • A nível psicológico, um aspecto que costuma se perceber na maioria dos relacionamentos de casais infelizes é que nunca se cumpre o princípio da reciprocidade. Isso se deve a que um dos membros assume um papel dominante e de superioridade onde se quebra completamente o nobre ato de dar e receber.
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Oferecer o que realmente é necessário não é ser egoísta, á agir com sabedoria

Analisar o que os outros precisam de forma objetiva e agir com base nisso, e não frente a suas imposições, é agir com sabedoria e equilíbrio. Porque a reciprocidade não é um “tudo ou nada”, e sim saber tomar, agradecer, multiplicar e devolver o que nos foi dado.

  • Todos temos necessidades, mas na medida em for possível deveríamos ser capazes de cobri-las ou satisfazê-las por nós mesmos, em vez de esperar que outros o façam. É uma atitude de maturidade pessoal. Porque em muitos casos, necessitar é sinônimo de depender.
  • Portanto, é fundamental sabermos diferenciar quais demandas são razoáveis e quais estão tecidas pelo egoísmo. Ser sensíveis às necessidades do nosso entorno de uma forma objetiva irá nos permitir também agir com maior segurança.

Se nossos pais precisam de ajuda nas tarefas do lar, entremos em um acordo com eles referente a isto. Se percebemos que nossos amigos precisam de apoio financeiro, vamos oferecer ajuda de acordo com nossas “possibilidades reais”, não segundo as suas exigências.

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O que você precisa, o que eu preciso

Há quem conceba a felicidade como uma oferta total, tirando o seu coração para fora do corpo para envolver a todo ser amado em um manto de proteção sem limite e sem medida. Agora, ninguém pode passar muito tempo com seu coração no exterior, porque então ficará seco, oco e tão vazio que só restará espaço para lamento e frustração.

  • Não devemos cair no erro de pensar que “quem oferece amor, dedicação e compromisso” sempre irá receber o mesmo. A lei da atração, por mais que queiramos, nem sempre se cumpre e por isso é preciso priorizar também esse compromisso emocional consigo mesmo.
  • É preciso também banir muitos desses princípios morais que nos obrigam a “dar tudo de si pelos nossos, em troca de nada”. Se o que você recebe é sofrimento, não arque com isso, não invista em mal-estar, nem edifique relacionamentos que se sustentam no egoísmo. Não vale a pena.
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Para concluir, saber o que os outros precisam é saber desenvolver a nossa sensibilidade e intuição frente a possíveis carências que o nosso entorno mais próximo apresenta. Agora, ser receptivo à necessidade alheia não deve nos fazer esquecer do que nós “precisamos”, porque se descuidarmos a nós mesmos, perderemos tudo…

Se você deseja amor autêntico, amor verdadeiro e enriquecedor, comece amando a você mesmo.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.