Por que não é recomendável controlar totalmente as emoções?

Por que não é recomendável controlar totalmente as emoções?

Última atualização: 23 março, 2015

Em nosso caminho para a superação pessoal, por vezes nos encontramos com uma falsa meta: desejamos controlar totalmente as emoções. Lemos que alguém nos recomenda estar sempre feliz e então tentamos nos sentir bem em todos os momentos. Também sentimos que devemos controlar o nosso mau humor em todos os momentos e que reprimir a raiva ou estados negativos é a maneira certa de proceder.

Mas isso é errado. As emoções funcionam durante determinados períodos de tempo. Estar sempre feliz é tão antinatural quanto estar dormindo o dia todo ou espirrar indefinidamente. Há pessoas que procuram ofuscar seus sentimentos desagradáveis com junk food, drogas, televisão, cigarro e muito trabalho. Embora funcione, apenas temporariamente, as emoções negativas ainda continuam ali, mas estão ocultas.

Há um detalhe muito importante em todo este assunto: nossos genes estão sempre nos pedindo que tenhamos coisas a resolver. A tarefa de sobrevivência dos nossos antepassados foi tão primordial que atualmente temos as mesmas necessidades, nos alimentamos da urgência de controlar tudo e buscamos inclusive que nossos sentimentos sejam controlados.

Onde está o problema?

Tente mover um objeto com sua mente. É possível? Ainda que você aplique toda a sua concentração, você não poderá mover um objeto somente com a ideia de fazê-lo. Para que serve este exemplo? Para entender que seus pensamentos somente afetam a realidade quando você executa uma ação, não um sentimento. Ainda que você queira muito uma pessoa, a relação não dará frutos, a menos que você faça algo e o demonstre.

Os seres invisíveis não podem nos prejudicar fisicamente

Uma prática útil é pensar que as emoções são seres imaginários que constantemente nos afligem na vida, mas que, no entanto, não podem nos ferir. É bom entender e se convencer de que, embora as emoções estejam ali, na realidade não podem nos destruir. Reprimir as emoções ou não querer vê-las é não aceitar-nos com todas as nossas facetas, é negar uma parte de nós mesmos. É mais saudável senti-las, reconhecê-las e observá-las, tentando fazer com que não cheguem a nos afetar fisicamente. Uma vez que entendamos isso, poderemos fazer com que qualquer emoção flua a nosso favor e não contra nós.

Por exemplo, a tristeza ou a raiva não são necessariamente negativas se podem nos ajudar a melhorar a nossa criatividade e nosso desempenho esportivo. Façamos, então, que esses “seres invisíveis” que são as emoções nos inspirem em alguma atividade. O medo, por exemplo, pode treinar nossa mente para prever eventos futuros e, assim, tomar maiores precauções em uma atividade que consideramos perigosa.

Grandes obras de arte foram realizadas por situações de catarse. A música, por exemplo, requer sentimento para se desenvolver. Os romances também exigem que o escritor entre em um estado emocional para entender suas personagens. Isso quer dizer que os artistas conhecem suas emoções e as concentram em algo positivo, obtendo o fruto de sua criação.

As chaves sobre as emoções

Em suma, controlar as emoções excessivamente ou reprimi-las representa um grande erro no caminho do desenvolvimento pessoal. Devemos evitar sufocá-las e compreender que são passageiras. O que podemos fazer é deixá-las fluir e conviver de uma forma positiva com elas.

É necessário permitir-nos sentir nossa humanidade com os sentimentos incluídos, como faziam os gregos, que entendiam a complexidade do homem sob todos os aspectos e não tentavam controlar totalmente as emoções.

Conhecer-se também faz parte da chave neste processo. Se sabemos como reagimos a determinadas situações, podemos antecipar o sentimento e conviver com ele enquanto dure. Algumas emoções como a felicidade, a alegria e o entusiasmo são permitidas porque nos deixam uma sensação agradável, mas aquelas não tão prazerosas são parte da vida também e não é saudável tapá-las nem negá-las.

A satisfação, por exemplo, não pode ser alcançada com tanta facilidade, pois exige um esforço constante que certamente nos fará passar antes pela frustração, raiva ou tristeza. Mas quando alcancemos nossa meta, a satisfação será a longo prazo e agradeceremos por ter experimentado outras emoções negativas para alcançá-la.

Imagem cedida por Gabriele Negri


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