Não erga a voz, melhore o seu argumento

Não erga a voz, melhore o seu argumento

Última atualização: 11 julho, 2016

Você não se fará compreender melhor erguendo a voz. O grito agride e humilha, se transformando assim em um tipo de comunicação agressiva bastante comum em muitas dinâmicas familiares. O grito não educa, nem edifica um relacionamento amoroso saudável, ao contrário, o grito se transforma frequentemente no tipo de maus-tratos invisíveis mais comum. O melhor sempre será manter o tom e melhorar o argumento.

Albert Mehrabian é um psicólogo especialista em comunicação não verbal. Na maioria dos seus trabalhos sobre o tema ele destaca a relevância do tom na hora de manter um diálogo empático e, ao mesmo tempo, assertivo. Tanto é assim que em qualquer processo de comunicação apenas 7% do significado se deve às palavras, o resto depende do tom de voz e da linguagem corporal.

Uma voz carregada de ira e desprezo jamais superará o domínio sutil dessa voz clara que sabe se fazer entender com respeito e delicadeza. A comunicação é uma arte que nem todos sabem usar.

Acredite se quiser, todos nós cometemos erros na hora de nos comunicar. As ironias, os duplos sentidos, os gritos e a incapacidade de fazer uso eficaz da comunicação emocional costumam ser sem dúvida os fatos mais comuns. 

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Nunca devemos erguer a voz a uma criança

O estilo de comunicação com o qual se educa uma criança costuma ter grandes implicações no seu desenvolvimento pessoal e emocional. É comum, por exemplo, encontrar nas salas de aula alunos retraídos caracterizados por uma baixa autoestima por causa de pais que exercem rotineiramente uma comunicação agressiva baseada em ordens e ameaças.

Isso não é o correto. Agora, um fato que é preciso considerar é que muitas vezes podemos perder a paciência e acabar erguendo o tom com os pequenos. Não é necessário sermos “pais autoritários” para cometermos o erro de recorrermos a um grito para que a criança obedeça. Todos sabemos disto e sempre procuramos que isso não aconteça.

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Conseqüências de gritar com as crianças

Especialistas em terapia de comportamento infantil falam da necessidade de não gritar com os filhos ou alunos pelos seguintes motivos:

  • Cada vez que você for realizar uma correção, pare para pensar nas conseqüências que esta pode provocar na criança. Nós somos o seu modelo a imitar.
  • Educar com gritos fará que no início a criança se assuste e obedeça, mas pouco a pouco irá produzir uma “tolerância” nos mesmos. Será preciso gritar mais e mais, e o mais provável é que eles também gritem conosco.
  • O grito acaba se transformando em um modelo de comunicação que nossos filhos assumirão com o passar do tempo.
  • O uso abusivo do grito traz outras conseqüências: a criança deixará de relacionar esse tom elevado com uma bronca, deixará portanto de empatizar com as pessoas e de entender quando alguém está bravo ou quando lhe fala normalmente.
  • Os gritos são um tipo de maus-tratos, é preciso ter isso claro. Uma comunicação persistente baseada no grito gera em um muitos casos uma baixa autoestima e depressão em adolescentes, assim como revelou uma pesquisa realizada na Universidade de Michigan (EUA).
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Desça o tom, melhore o seu argumento

Nos casais, os gritos podem ser autênticos alfinetes que se cravam no interior para ferir a integridade e fazer sangrar a autoestima. É uma conduta destrutiva que não deve ser tolerada. Porque quem ama respeita, quem gosta não agride, e a comunicação agressiva machuca.

Também é verdade que há quem já tenha se acostumado a erguer a voz, a pensar que só por gritar irá impor sempre a sua verdade e a sua razão, por isso é necessário refletir sobre a necessidade de descer o tom, melhorar o argumento e fazer uso da comunicação emocional. Estes são os pilares básicos:

Descreva comportamentos e não pessoas

O simples fato de comparar a outras pessoas é, sem dúvida, uma falta de habilidade emocional e comunicativa: (você é burra como a prima do fulano, falso como meu colega de trabalho).  

Não é adequado; não faça isto, nem permita que o façam com você. É mais construtivo melhorar seu argumento e definir comportamentos: “não gosto que você não seja sincero comigo, você tem que procurar me falar a verdade”.

Faça uso de verbos que permitam uma conexão emocional

As emoções se contagiam e as palavras são autênticas canalizadoras de emoções positivas que todos temos ao alcance das nossas mãos. Por que não fazemos uso delas?!

  • Eu gosto que…
  • Eu acho, acredito…
  • Eu gosto da forma como…
  • Sinto que…
  • Acho que…

Um tom que traga calma

Com um tom adequado você pode seduzir, acalmar, oferecer confiança e criar uma proximidade adequada. Um grito, ao contrário, fará que você provoque a raiva, a desconfiança, e o temor no seu interlocutor. Não é construtivo nem respeitoso, e por isso você precisa administrar as suas próprias emoções e ter um controle sobre este aspecto.

As palavras mornas, relaxadas e dotadas de um bom argumento e respeito são laços que nos unem com as pessoas que amamos.

A verdadeira comunicação não se faz falando ou gritando, a comunicação começa sempre sabendo ouvir a partir do coração.

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Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.