Não me peça o que você não é capaz de dar

Não me peça o que você não é capaz de dar
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 20 março, 2016

É provável que isso ocorra entre casais, mas também pode acontecer entre pais e filhos, entre amigos e em quase qualquer tipo de relacionamento humano. Estamos falando desse tipo de relacionamentos em que uma das partes pede, reclama ou exige de forma contundente, mas na hora de dar, mostra-se muito mais conservadora e mesquinha.

Esse tipo de pessoa sente como se merecesse tudo a troco de nada. São pessoas extremamente manipuladoras e muitas vezes conseguem fazer com que os outros acreditem que devem agradá-las a troco de nada, e até os fazem se sentir culpados quando não agem dessa forma.

Os vínculos que esse tipo de pessoa estabelece são claramente exploradores. No entanto, ela dá um jeito para que não sejam vistos dessa forma, e por isso consegue o que quere: pedir muito e dar pouco, inclusive com o consentimento do afetado. Se você não quer cair neste tipo de conduta, vale a pena conhecer cinco tipos de situações que você deve evitar.

Não peça para ser ouvido se você não sabe ouvir

Mulher no centro de um coração

É um dos casos mais frequentes: a pessoa está sempre falando e quer que os outros a escutem, mas na hora de escutar os outros ela começa a bocejar, distrai-se ou de repente já não tem mais tempo e vai embora.

Isso acontece muito com os pais que querem que seus filhos fiquem atentos às suas repreensões, mas não dedicam tempo para escutar o que eles pensam. Acontece com os casais, quando um dos dois se torna o “apoio” do outro, como se o tivesse adotado. Acontece entre amigos, entre professores e alunos, entre colegas de trabalho.

Não peça para ser compreendido se você não sabe compreender

Mulher com um pássaro no ombro
Essa é outra situação muito comum. Acontece com os eternos incompreendidos que se sentem completamente diferentes dos demais, mas que se queixam constantemente da indiferença dos outros. Para eles, ser compreendido é um direito que eles têm de forma natural, mas os outros lhes negam isso.

Por isso suas reclamações vão ser orientadas a culpar os outros, como se eles tivessem uma obrigação que não estão cumprindo. Eles não sabem que a compreensão é uma flor que se cultiva, primeiro em si mesmo e depois nos outros.

O respeito não se exige, se ganha. E entre as muitas atitudes que o ser humano tem, talvez esta seja a que cumpre com maior rigor o princípio da equidade. Em outras palavras, não há outra forma de ganhar o respeito dos outros, senão respeitando a eles e a si próprio.

Às vezes as pessoas confundem o respeito com medo ou reverência. As figuras de autoridade tendem a “ganhar o respeito” através da imposição ou do medo. O que eles conseguem é precisamente o que buscam: temor e submissão, mas não respeito.

Não peça paz se o que você semeia é a violência

Jarro com coração dentro

Este é um dos casos mais paradoxais. É visível naquelas pessoas que falam gritando para os outros para que não gritem com elas. Ou aqueles que gritam: “Quando você se desespera me faz perder a paciência!”.

É muito comum que as pessoas agressivas peçam tranquilidade constantemente. No geral, elas culpam os outros por suas reações violentas. Aparentemente elas não são donas de suas emoções; se não fosse pelos outros, seriam super tranquilos. E são os erros dos outros que os levam a perder o controle.

Elas esquecem que a paz não está fora de nós mesmos; ela é construída em cada um. Elas ignoram o fato de que todos têm que trabalhar para conseguir autocontrole e autonomia. Se semeassem a paz, com certeza seria o que iriam colher.

Não peça perfeição se você é tão humano quanto os outros

Algumas pessoas têm uma opinião exageradamente positiva sobre si mesmas. Assumem-se como modelo para os outros. Quase sempre são pessoas psico-rígidas que encaram a adesão às normas como o único parâmetro para avaliar a todos.

Como elas mesmas aparentemente cumprem ao pé da letra o que é estabelecido, sentem-se no direito de qualificar, julgar e condenar os outros. Não compreendem que talvez o que os leva a ser tão escrupulosos possa ser o medo ou a repressão.

Elas não querem ver que existem outras formas de ver a vida, tão válidas quanto as suas. Sentem-se “perfeitas” sem o ser, porque ninguém é. Mas essa fantasia justifica para si mesmos a sua exigência de perfeição nos outros.

Casal abraçado desfrutando do prazer de dar e receber

Imagens cortesia de Beth Lokh, Jeannette Woitzik


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