Ninguém como você para se curar

Ninguém como você para se curar

Última atualização: 21 janeiro, 2016

Nestes últimos 10 dias a vida me deu uma lição tremenda. Foi um período de intenso aprendizado para mim, que eu gostaria de compartilhar pois acho que, de diferentes formas, algo parecido acontece com todos nós de vez em quando.

Quando comecei a minha formação como professora de ioga aprendi que uma das diretrizes fundamentais desta prática é o “ahimsa”. Ahimsa significa “não-violência”. Às vezes pensamos em não ser agressivos com os outros apenas, mas não somos conscientes da violência que podemos estar exercendo contra nós mesmos ou contra o nosso corpo.

Paradoxalmente tive este aprendizado a partir da medicina hindu, mas ao contrário. Aprendi “por contraste” que há coisas que são violentas para o meu corpo.

Durante uma semana segui um tratamento de uma suposta desintoxicação que a única coisa que conseguiu foi provocar um bloqueio tremendo no meu corpo e nos meus sistemas, do qual só agora estou me recompondo.

Estou me recompondo por mim mesma, tratando o corpo com muitíssimo amor, carinho, suavidade, respeitando a minha sensibilidade. Aprendi que a sensibilidade deve ser respeitada por si mesmo em primeiro lugar.

Isto não é apenas uma percepção subjetiva. Há algo que, como coach, ensino muito aos meus pacientes e é que temos que conhecer profundamente o funcionamento do nosso sistema nervoso e do nosso cérebro, o mecanismo biológico.

Porque também somos um corpo e do seu bem-estar depende a qualidade da nossa experiência vital.

O processo para que possamos nos curar

Algo que está demonstrado é que os poderes naturais da cura e da regeneração do nosso organismo só se ativam quando a resposta do relaxamento está ativa em nosso organismo, em vez da resposta do estresse.

Quando algo ativa a nossa resposta de estresse, todos os mecanismos de renovação e cura do nosso corpo ficam bloqueados ou são diminuídos, do mesmo jeito que o nosso sistema imunológico e nossa capacidade de assimilar os nutrientes.

Se o que nos cura é a resposta de relaxamento, o que não devemos fazer é agredir o nosso corpo de forma alguma, nem tampouco estimular em excesso os nossos sistemas.

Em vez disso, tudo o que tem a ver com a suavidade, com o cuidado, com escutar o corpo, com o “menos é mais”… é o que nos ajuda.

Por isso, cada vez acredito mais em técnicas como, por exemplo, a biodança ou o coaching (pelo menos da forma como eu o entendo) que procuram gerar experiência positivas, nutritivas e relaxantes o tempo todo.

Técnicas e metodologias de ajuda que fogem do tratamento de choque e que procuram a transformação através do amor, do afeto, do cuidado, da geração de um espaço seguro e amoroso, livre, de escuta.

Um espaço em que, DE FORMA NATURAL e orgânica, o mecanismo corpo-mente possa se reorganizar de uma forma mais saudável e tender novamente ao bem-estar e à paz, à felicidade… e o faz sem impactos negativos nem no corpo, nem na psique.

Reflita e confie nos seus próprios critérios

Frequentemente me encontro com pessoas que viveram o choque de terapias e tratamentos demasiadamente bruscos e intensos, que muitas vezes deixam a pessoa mais desestruturada do que estava antes de começar.

Um dos ensinamentos que levo deste retiro no qual estive é que a confiança nos outros e na sua reputação não deve fazer com que eu desconfie do meu próprio critério, da minha intuição e das mensagens que o meu corpo me envia.

Como sempre falo aos meus pacientes: “Você é a única autoridade na sua vida”.

Portanto, agora, para que você possa começar a se aprofundar na escuta de si mesmo, convido-o a responder algumas perguntas que tenho feito a mim mesma, em função desta experiência.

Com certeza elas serão tão úteis e reveladoras quanto foram para mim. Tire uns minutos em um lugar tranquilo para poder responder com toda a sinceridade e profundidade.

1. Em que áreas da minha vida estou confiando mais na voz dos outros do que na minha própria voz?

2. Em que momentos estou confiando o meu bem-estar aos outros em vez de escutar a voz do meu próprio corpo?

Ninguém como você para se curar

3. Em que áreas do meu interior estou sendo violento comigo mesmo?

4. Com quais hábitos estou me atacando a mim mesmo?

E agora que certamente você tomou consciência de algo, é preciso tornar este conhecimento algo real na sua vida, passando à ação. Porque o ganho de consciência sem atitude não muda nada.

A minha proposta é que nestes próximos dias você deliberadamente transforme alguma atitude ou conduta que represente que você não está sendo amável consigo mesmo. Ou que deixe de se expor à influência de algo ou de alguém que não é suave e cuidadoso com você.

Pode ser decidir deixar de frequentar um lugar, ou uma amizade, ou talvez experimentar o que acontece se você parar um tratamento ou terapia que você sente que está sendo agressivo. Ou pode ser que você decida deixar de se esborrachar entre as quatro paredes de uma academia com a música no último volume para passear sob a luz do sol em um parque, escutar os pássaros e se sentir vivo e em paz aqui e agora.

Pode ser que você decida abandonar algo que lhe faz mal com a promessa de que no futuro isso lhe fará um bem.

Permita-se cuidar e curar a si mesmo com uma amabilidade e um amor que lhe surpreendam. Porque você é a sua possessão mais valiosa.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.