O doce conto de São Valentim

O doce conto de São Valentim

Última atualização: 24 maio, 2015

Aquela noite, enquanto a Princesinha Rã dormia placidamente entre os seus lençóis de seda, vestida com a sua melhor camisola repleta de rendas e bem agasalhada debaixo de um edredom de penas de ganso, teve um sonho maravilhoso.

Sonhou que celebrava uma esplêndida festa numa lagoa. As luzes suaves, que provinham da multidão de faroletes coloridos pendurados com elegância entre as copas das árvores, envolviam o ambiente. Para os convidados se oferecia água fresca de nascente em jarras de fino cristal, e havia travessas repletas de frutas cuidadosamente descascadas e primorosamente cortadas em pequenos pedaços para facilitar a sua degustação. Para todos aqueles que quisessem descansar entre uma dança e outra, havia assentos confortáveis sob as árvores mais frondosas.

Todos no Reino da Lagoa tinham trabalhado duro durante meses para que a festa fosse um sucesso. A Rainha Rã tinha se encarregado de fazer a lista de convidados. As listas haviam se acumulado na mesa do despacho real, de modo que o Monarca se viu obrigado a eliminar nomes e mais nomes para encurtar a extensa lista da Rainha, facilitando assim que os presentes pudessem se sentir confortáveis com o espaço da lagoa. A jovem Princesinha Rã se encarregou de escolher a louça e o enxoval de mesa de acordo com a festa ao ar livre. Procurava algo discreto, que não destoasse da sofisticação dos convidados e que tivesse um toque de elegância.

O Príncipe Sapinho não demorou para aparecer na festa. Estava muito bem vestido, com seu mais novo traje feito sob medida pelo melhor alfaiate do Reino da Lagoa. Usava a sua coroa dourada resplandecente e o seu traje vermelho característico dos sapinhos da sua categoria. Havia se arrumado primorosamente, pois cheirava a colônia de Água de Rosas e a creme corporal hidratante de mel e amêndoas.

A Princesinha Rã soube desde o primeiro momento que, algum dia, ele seria seu marido. E o Príncipe Sapinho soube desde o primeiro momento que algum dia ela seria a sua esposa. Durante todo o baile, a Princesinha Rã e o Príncipe Sapinho não deixaram de se olhar e procurar seus olhos de apaixonados entre as cabeças dos convidados. Mas, se o Príncipe Sapinho era tímido, a Princesinha Rã era ainda mais, e nenhum dos dois se atreveu e dar o primeiro passo e confessar o seu amor naquela noite. A Princesinha Rã estava tão silenciosa que parecia uma estátua com os pés fincados no campo verde. O Príncipe Sapinho parecia ter os pés colados com superbonder, loctite ou outra cola extraforte. Nenhum dos dois encontrou as forças necessárias para quebrar esse encanto que os mantinha presos ao chão. Assim, a festa terminou e os convidados foram se despedindo um a um dos anfitriões.

E ninguém pode impedir que as estações se sucedessem no alegre Reino da Lagoa…

O vento de Outono levou consigo as folhas das árvores, e as flores travessas acabaram se escondendo frente ao mau tempo. Quando os flocos brancos do Inverno pousaram sobre a lagoa, o frio adormeceu as árvores e os habitantes do reino se aconchegaram em seus lares ao abrigo do fogo. Com a chegada da Primavera, todos os habitantes do Reino da Lagoa começaram a colocar os rostos timidamente para fora, enquanto a natureza bocejava para se espreguiçar da tristeza e desfrutar do bom tempo, se aquecendo com os primeiros raios de sol.

Ao chegar o Verão, tudo aconteceu como no seu sonho, mas nesta ocasião houve um final feliz:

Era a festa de comemoração dos 80 anos do Rei Rodrigo. A lagoa estava enfeitada com lanternas coloridas, e cheirosos ramos de flores silvestres repousavam bem no centro de cada mesa. O belo Príncipe Sapinho a encontrou no meio da multidão. A rãzinha estava belíssima, vestida com sua roupa de festa para o baile. O Príncipe lhe deu um terno beijo na testa e, colocando-se de joelhos, pediu a sua mão e se comprometeram para todo o sempre.


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