O que negamos nos prende, o que aceitamos nos transforma

O que negamos nos prende, o que aceitamos nos transforma

Última atualização: 06 setembro, 2015

As mudanças mais significativas começam a acontecer quando aceitamos  as coisas como elas são; tanto a aceitação do que a vida nos dá, quanto a aceitação de nós mesmos.

Em nossas vidas que mudam constantemente, acontecem muitas situações nas quais não temos outra alternativa, a não ser aceitar as coisas como elas nos são dadas. O que acontece quando nos recusamos a aceitar as coisas da maneira como elas são?

Às vezes resistimos às mudanças, ao que já não faz parte do nosso controle; não podemos fazer nada para evitar, porque é algo que já aconteceu ou está acontecendo. A negação só irá nos trazer  sofrimento.

As circunstâncias mais claras, onde a aceitação possui um papel fundamental, são a morte, o amor e a falta da afeição.

Como negar a morte, como negar uma paixão, como negar a falta  de afeição ? Pois bem, nos nós empenhamos em negar estas realidades, contra as quais nada podemos fazer se estiverem acontecendo.

Não se trata de situações boas ou ruins; são realidades próprias do ser humano, que fazem parte de nossas vidas; produzam elas alegria ou tristeza, a emoção e sua intensidade nos indicam o quão significativa essa experiência é para nós.

Se você não tiver força para impor suas próprias condições à vida, deve aceitar as que ela lhe oferece.
S. Eliot

o que aceitamos nos transforma

Necessidade de entender

Nossa tendência, quando de trata do que escapa do nosso controle, é tentar dar uma resposta, conseguir uma explicação que nos alivie. Precisamos entender tudo aquilo que ocorre em nossas vidas.

Nos esquecemos de que tudo o que tentamos entender, vai ser o resultado de nossas interpretações e experiências, de explicações a que queremos dar um sentido para, finalmente, nos convencer e crer que essa é a nossa  realidade.

Surpreender-se, estranhar-se, é começar a entender.

Jose Ortega y Gasset

Nos perdemos na razão e nas palavras, quando na verdade toda a realidade está dentro de nós; está no que sentimos, está na emoção que experimentamos. Ir até esse sentimento que nosso próprio corpo se encarrega de nos mostrar é aceitar a realidade do que nos acontece.

Tendemos a ir ao encontro do raciocínio para explicar certas questões como são as que têm relação com o amor; nós mesmos estabelecemos impedimentos e barreiras para não aceitarmos a realidade.

O entendimento é uma tabula rasa na qual não há nada escrito.
Aristóteles

O que acontece quando não aceitamos o que acontece conosco?

Quando enterramos estes sentimentos que não queremos atender, para que não fiquemos afundados em tristeza, fazemos isso por termos medo de que eles nos prendam e nos façam muito mal; um mal que acreditamos não sermos capazes de suportar e enfrentar. Assim, estamos negando nossa vivência, nossa existência.

Estamos enterrando nossa essência, deixamos presas muitas das emoções que precisam ser liberadas, precisam ser vividas e experimentadas.

Quando nós fazemos isso, estamos nos esquecendo de uma parte essencial da nossa humanidade: não aceitando nossas vulnerabilidades, pensamos que estamos acima delas.

O corpo se encarrega de nos dar sinais pertinentes em forma de alerta, para que, em algum momento, decidamos remover tudo aquilo que temos preso (raiva, tristeza, chateação, ira, etc.). Ao não fazê-lo, nossa energia, por sua vez, fica presa, e como resultado aparece a doença e a desconexão com nós mesmos e com a nossa felicidade.

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Aprendendo a aceitar

O desenvolvimento pessoal e o aprendizado acontecem quando estamos dispostos a aceitar nossos  sentimentos  e emoções como eles são, sem passá-los pelo filtro da razão, de modo este que os modifique, os reprima e os apague.

Podemos considerar que a razão vai precisar oferecer uma explicação para o que está acontecendo, mas ao ficarmos ancorados estamos desviando a atenção do que experimentamos.

O verdadeiro aprendizado ocorre quando estamos dispostos a aceitar, deixando-nos sentir cada uma das emoções que brotam diante de cada uma das circunstâncias pelas quais passamos.

É assim que nos transformamos seguindo o fluxo da vida. Já que tudo aquilo que negamos e não estamos dispostos a aceitar nos submeterá à desvinculação com nós mesmos, com tudo o que isso implica.

Quando aceitamos os fatos inevitáveis em nossas vidas, podemos sentir a  tristeza  com grande intensidade, mas senti-la é exatamente o que nos libera dela, para seguirmos avançando e darmos lugar a novas emoções, vivências e experiências.

No momento em que começamos a aceitar o que nos acontece, começamos a aceitar a nós mesmos. Estamos preparados para, assim, perdoar aos outros e a nós mesmospara seguir fluindo em direção a novas experiências, deixando brotar a energia, deixando que nos sintamos vivos.

A razão não me ensinou nada. Tudo o que eu sei me foi dado pelo coração.

Leon Tolstoi


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