A pior tristeza é a que não tem testemunhas

A pior tristeza é a que não tem testemunhas

Última atualização: 24 julho, 2016

A tristeza se molda muito bem ao nosso espírito quando o abrimos para ela. Ela se encontra em um buraco cada vez maior, e pode chegar a se instalar permanentemente.

Mas o local onde a dor fica mais cômoda é no contexto da solidão. Quando estamos sozinhos não nos preocupamos em dissimulá-la, e nos submetemos por completo às suas ordens.

“Cuidado com a tristeza: é um vício.”
-Gustave Flaubert-

Por outro lado, este estado de tristeza pode fazer com que os demais se preocupem com você, se interessem em animá-lo, queiram fazer com que você se sinta bem… Mas com esta atitude, inconscientemente, eles reforçam a sua situação.

Você se isola em uma bolha confortável de dor que os demais tentam explodir.

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A tristeza faz com que nos sintamos mal mas, por outro lado, nos leva a uma falsa calma, de imobilidade e comodismo na dor. Sentimos que não queremos assumir novos riscos.

Por que a tristeza se torna resistente?

Dizem que não há vício pior em uma substância do que o que ocorre quando o indivíduo não precisa de ninguém para consumi-la.

Ele já não espera estar acompanhado ou em determinados contextos sociais de ócio e companhia. Basta somente estar ele mesmo com sua substância para conseguir encontrar prazer, porque não há regras nem obstáculos para que o consumo se generalize a qualquer momento do dia.

Com a tristeza ocorre o mesmo do que com uma substância. Se a pessoa a vive em solidão e não quer compartilhá-la, ela se adere à sua existência sem nenhum parâmetro ou obstáculo. Isso, em parte, é lógico, já que não queremos que nos vejam apagados e tristes.

Portanto, vamos entrando em uma dinâmica de isolamento. Se ela se prolonga por muito tempo, podemos propiciar que surja a depressão, a dor que se transforma em sombra.

Como combater a tristeza?

Para não chegar a este estado depressivo, é conveniente que a tristeza deixe de acampar em seu coração. É preciso dificultar isso para ela:

  • Para começar, afaste-se do drama e das pessoas que o criam.
  • Comece a construir em sua vida situações prazerosas, com novas pessoas.
  • É importante que estejamos relaxados, e para isso é preciso saber como detectar um amigo que não traz relaxamento, e entender que neste momento ele não nos convém tanto.
  • Faça mais coisas que você ama: ler, ouvir música, praticar esporte, fazer trabalhos manuais… nada disso é uma perda de tempo tendo em conta o que podemos perder se a tristeza se tornar crônica.
  • Desabafe se necessário, não sinta vergonha. Saia e atreva-se a estar com pessoas, mesmo que não tenha vontade.. a vontade vai aparecer em algum momento.
  • Não se feche para a vida. Analise possíveis mudanças, inclusive pense em como recomeçar do zero sem machucar os outros.

Em poucas palavras, dificulte a vida da tristeza!

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Saber dar espaço para a tristeza sem que ela o consuma

Ao longo de nossa história vamos viver momentos tristes, isso é irremediável. Permita-se chorar, desabafe, seja consciente de que você pode cair em algum momento e precisa de solidão para viver a tristeza.

Mas tenha em mente que este sentimento não o deixará se você não impor limites e se empenhar para afastá-lo, porque não valem somente os desejos, e sim as ações para superá-lo.

Assim, chore, chore sem testemunhas se quiser, mas não se esqueça de que isso deve ter sempre um tempo de duração. São sentimentos que não devemos reprimir, mas que também não podem criar um ninho em nossa alma.

A tristeza se encontra muito cômoda em uma alma solitária. Ninguém a incomoda e ela não irá embora se você não se esforçar para tal.


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