Proteja a sua saúde psicológica diante das notícias de violência

Proteja a sua saúde psicológica diante das notícias de violência
Cristina Roda Rivera

Escrito e verificado por a psicóloga Cristina Roda Rivera.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

Não conseguimos ficar indiferentes diante das notícias de violência provenientes de todas as partes do mundo. Mostrar interesse e sentir-se entristecido com o horror da violência é natural e, de alguma forma, necessário.

Assim como é necessário perceber o que é preciso mudar para fazer do nosso planeta um mundo melhor, é de igual importância selecionar o tipo, a qualidade e a quantidade de informações que recebemos.

Assistir ao jornal da TV ou ouvir notícias sobre a violência pode nos deixar tristes ou com raiva. Não podemos permitir que esses sentimentos negativos tomem conta de nossas vidas: situações difíceis exigem soluções e reflexões complexas.

Não podemos ficar indiferentes ao que acontece ao nosso redor, mas temos o direito de manter um certo distanciamento dos fatos negativos. Não se esqueça de que somente dessa forma poderá fazer algo, e esse algo pode ser muito grande. Na verdade, seria muito bom que todos fizessem alguma coisa, pois esta é a única forma de mudar o mundo. Tudo começa com você, cada um deve fazer a sua parte.

Vamos descrever aqui uma série de diretrizes para que você possa aprender a se proteger psicologicamente das notícias de violência sem ignorá-las.

Gerencie bem o tempo que passa assistindo a notícias de violência

Os especialistas alertam: assistir TV ou navegar na internet mais de 6 horas por dia lendo sobre a violência em todas as partes do mundo aumenta o risco de problemas psicológicos mesmo que não sejamos vítimas diretas.

Por exemplo, alguém que assiste a uma situação de violência, embora não seja a pessoa que sofre diretamente a agressão, pode desenvolver em maior ou menor grau sintomas de “estresse pós-traumático”.

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Não terá o mesmo risco que a vítima, mas depende das suas características pessoais e da relação pessoal com as situações de violência (talvez você já tenha experimentado algo parecido no passado).

Se você acredita que isso lhe afeta, pare de assistir a notícias ou imagens de violência explícita. E mesmo que você acredite que isso não lhe afete, conscientize-se de que a longo prazo isso pode desenvolver algum problema, embora atualmente não esteja ciente disso. Podemos notar uma certa sensação de desumanização depois de assistir a tantas horas de conteúdo violento que aconteceram na vida real.

Gerencie a maneira como vai explicar essas informações para as crianças

A principal recomendação é manter as crianças longe desse tipo de informação. Como isso nem sempre é possível, você terá que encontrar uma forma de explicar os fatos para a criança de acordo com a sua idade e com o que já ouviu a esse respeito.

Na medida do possível, precisamos preservar a inocência das crianças para determinadas questões na primeira infância. Sua capacidade cognitiva e emocional ainda não está preparada para entender notícias de violência tão complexas.

Uma criança com mais idade e maturidade pode ficar confusa e pedir mais explicações. Procure explicar com clareza levando em conta os seguintes aspectos:

Linguagem clara e simples: não entre em detalhes e dê ênfase a mensagens com uma visão humana e universal como: “A violência nunca deve ser usada, mas infelizmente algumas pessoas agem dessa forma”, “O mundo é um lugar agradável embora muitas vezes aconteçam coisas ruins”, etc.

Neutralize a informação desagradável com outra que não seja: uma boa opção é ler com a criança as notícias positivas que acontecem no mundo, assistir a vídeos ou curtas de animação que expliquem de uma maneira divertida os valores universais.

Torne o seu ambiente o menos violento possível: temos que proteger as crianças da violência, pois é nessa fase que muitos comportamentos que ocorrem na vida adulta são internalizados.

Medite e desconecte

Meditar todos os dias nos coloca no presente e com atenção plena no que estamos fazendo. Liberamos todos os sentimentos negativos e podemos continuar trabalhando e realizando as nossas atividades mais calmos e concentrados.

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Escolha leituras e filmes de qualidade

Todos nós podemos emitir opiniões e julgamentos influenciados pela surpresa, por uma reação emocional ou pelo desconhecimento. Quando uma notícia causa impacto é a ocasião perfeita para informar-se a respeito, ler sobre situações semelhantes que aconteceram ao longo da história, conhecer a origem do conflito e o que ele tem em comum com muitos outros.

O conhecimento é a arma mais poderosa de uma pessoa ou de um povo para enfrentar os radicalismos. Um radicalismo não se resolve com outro, mas o alimenta.

“Olho por olho e o mundo acabará cego.

-Gandhi-

Faça a sua parte

Se procurar melhorar a sua vida e a sua atitude em relação aos outros, não mudará somente a sua vida, mas estará indiretamente melhorando o mundo. É a melhor e a única maneira de ajudar.

No seu dia a dia, evite as pessoas negativas, não permita que os radicais que são incapazes de sentir empatia lhe afetem. É uma perda de tempo e energia. Faça a si mesmo as perguntas corretas para obter as respostas certas para a sua vida.

Seja mais generoso, ajude os outros como puder, seja amável, defenda os seus valores, mesmo que acredite que o mundo já não tem mais valores.

Se o mundo perdeu os valores é porque as pessoas já os perderam. Sua missão é não perdê-los, incentivá-los, curar-se por dentro e transmiti-los ao seu ambiente.

“Seja amável; cada pessoa que você encontra está lutando sua própria batalha”.

-Platão-

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Faça um trabalho voluntário, colabore com alguma campanha

Cada um de nós é tocado de alguma forma pelas diversas situações de injustiça no mundo, algumas relacionadas à violência contra os animais, outras ao racismo, à desigualdade da mulher em muitos países, a corrupção, a pobreza, à criminalidade, etc.

A partir da sua comunidade, cidade, bairro ou em casa através da internet, dedique algum tempo ou ofereça alguma ajuda financeira para melhorar essas situações. Envolva-se, lute e divulgue.

“Muita gente pequena em lugares pequenos, fazendo pequenas coisas, podem mudar o mundo”.

-Eduardo Galeano-

Cada pessoa é responsável pelo que faz, e não pelo que os outros fazem. Não caia no erro de dizer “este mundo está perdido e não tem solução”, porque você faz parte dele e, inconscientemente, estará dizendo isso a si mesmo. Preocupe-se em fazer a sua parte; melhorar e corrigir o seu ambiente próximo é a melhor e única maneira realista de melhorar o mundo.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.