A riqueza que o silêncio guarda

A riqueza que o silêncio guarda

Última atualização: 13 agosto, 2015

Vivemos em um mundo onde somente cada um importa, o individualismo está presente em cada passo que damos, infelizmente. No entanto, é muito estranho escutar alguém dizer que tira uns minutos do dia para realmente pensar em si mesmo da melhor maneira possível. Como? Por meio do silêncio.

É que o silêncio é uma excelente ferramenta para muitas coisas, desde enriquecer nossa vida interior a “acabar com várias revoluções” quando estamos ansiosos, nervosos ou estressadosÉ necessário parar de falar por um momento, deixar de escutar a TV e as pessoas (desde o parceiro, até os amigos, passando pelos políticos e chegando aos jornalistas) e começar a nos conectar mais com o silêncio.

Os estímulos que nos rodeiam (publicidade, televisão, rádio, computador, ruídos, conversas, buzinas, etc), fazem com que nosso cérebro esteja sempre em “alerta”. Estamos continuamente atentos ao que acontece além do nosso corpo, até mesmo quando dormimos. Sem eles, podemos nos sentir sós, abandonados, com medo, etc.

Mas, o que pode acontecer se ficarmos num verdadeiro silêncio, aquele típico silêncio que acontece somente no campo, no amanhecer, no mar fora de temporada? O que pode ser encontrado nesse silêncio ou nessa falta de sons irritantes? Como pode contribuir para nosso despertar como pessoas?

O silêncio no mundo ocidental está desvalorizado, como diz o psicólogo chileno Cláudio Araya em seu livro “O maior avanço é deter a si mesmo”. Acredita-se ser algo ruim, que não podemos ficar calados ou não escutar nada por alguns minutos. Assim como podemos ver ou analisar o mundo hoje, parece que temos medo do silêncio.

De acordo com o escritor espanhol Raimon Panikkar, uma das doenças do mundo moderno é a “Sigefobia”, justamente o medo do silêncio. Isso se deve ao fato de vivermos em uma sociedade onde o poder mais terrível à disposição é o som. Do contrário, o silêncio se apresenta como um luxo muito caro. Para não ouvir, é preciso ser muito rico. Não somente as crianças têm medo do silêncio, senão que cada vez mais adultos também têm. É por essa razão que ouvimos música até no elevador (você já tinha pensado nisso?). Estas são as palavras de Araya.

O espaço íntimo do silêncio

É comum que surja um incômodo quando há silêncio… Por que? Porque é um espaço íntimo de cada um de nós que ainda não foi explorado a fundo. Quando estamos com outras pessoas e, por algum motivo, paramos de falar, nos sentimos numa situação desconfortável, por exemplo. Quando escutamos um programa de rádio e o locutor demora alguns segundos para voltar a falar, pensamos que algo de ruim aconteceu e isso nos chama a atenção. No entanto, em muitos casos, é mais saudável ficar calado do que falar demais.

Estar em silêncio nos ajuda na saúde psíquica. Por isso, os psicólogos recomendam ter uma vida interior tranquila e em paz; ter momentos de silêncio, sobretudo depois de uma jornada caótica no trabalho, numa cidade com tantos problemas de trânsito e repleta de ruídos a todo momento. É necessário parar um pouco e sentar para refletir. A única maneira de conseguir isso é com a ajuda do silêncio. Estar sozinho em casa ou se afastar alguns quilômetros do centro serve para analisar certas questões: o que eu quero, o que preciso, o que me preocupa, como agir, como continuar, o que decidir, etc.

Poder encontrar e desfrutar do silêncio do nosso interior pode soar irônico, pois dentro de nossa mente e corpo, há um “sem fim” de ruídos e sons, que não se manifestam com palavras, mas podem ensurdecer muito mais que qualquer outra coisa. O que está contido deve sair, porque quanto mais temos problemas em nos escutar, mais dependeremos do mundo exterior para poder resolver nossa vida.

Com a loucura do dia a dia, a rotina, as obrigações, o chegar primeiro, o encher a agenda de atividades, etc, carecemos de riqueza interior, não podemos interpretar os sinais que nosso corpo nos dá, não estamos acostumados com as práticas benéficas, como a meditação ou a ioga, que nos aproximam de nós mesmos, aumentando o contato com o que realmente acontece conosco.

As desculpas não demoram a aparecer, pois nessa tarefa a vontade e a disposição agem muito para poder trabalhar o relaxamento e a obtenção do tão ansiado e bendito silêncio. É provável que digamos que não temos tempo pra nos sentar e “escutar o nada”, fazer uma prática de meditação (nem mesmo é necessário ir a um centro especializado, podemos nós mesmos organizar um espaço em nossa casa, com velas, incensos e almofadas), passar cinco minutos com a TV desligada, etc.

Quanto mais tempo demorarmos para nos reencontrarmos com nós mesmos, mais momentos de silêncio iremos precisar. O autoconhecimento é vital para alcançar a felicidade (que tanto buscamos) e também para poder resolver os problemas que nos afligem em todos os âmbitos da vida. Por essa razão, não devemos ter medo da falta de som, da carência de ruído ou de palavras. Muito pelo contrário, é preciso que aproveitemos estes momentos que podemos presentear a nós mesmos, que o mundo “conspira” para nos oferecer. Não deixemos passar essa oportunidade de estar em sintonia com nosso interior e com o que verdadeiramente acontece conosco.


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