A sensibilidade elevada é se defender de um mundo de alfinetes

A sensibilidade elevada é se defender de um mundo de alfinetes

Última atualização: 05 maio, 2016

A sensibilidade elevada é considerada um dom, uma forma especial e muito intensa a nível emocional de ver e entender o que nos rodeia. Entretanto, para muitas pessoas é como habitar o interior de um balão rodeado de um mundo de alfinetes.

Ser altamente sensível (PAS) supõe, principalmente, prestar quase de forma instintiva uma maior atenção aos detalhes e às sutilezas ao seu redor. Desintegramos cada palavra, cada gesto, cada tom de voz para deduzir uma informação que muitas outras pessoas não entendem ou percebem.

Há gente que viaja até o pico da mais alta montanha para ver as estrelas; já a alta sensibilidade coloca a luz do firmamento em nosso coração, para vermos com maior detalhe as luzes e as sombras das pessoas.

Ser mais receptivo às emoções ou às incongruências daqueles que nos rodeiam nos conduz, muitas vezes, ao abismo do desamparo. Assim, acabamos vivendo em um mundo que nem sempre entendemos e que, muitas vezes, nos causa uma depressão.

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A sensibilidade elevada: um cérebro muito receptivo às sutilezas ao seu redor

Elaine Aron  é a autoridade máxima do estudo sobre a alta sensibilidade, após definir o termo, em 1991. Longe de ser um subtipo de personalidade introvertida, as pessoas altamente sensíveis (PAS) refletem, na realidade, um conjunto de traços muito distintos.

Entretanto… Que mecanismos são subjacentes a este tipo de percepção, emoção e intuição? Se tivermos em conta que esta dimensão não era conhecida até os anos 90, existirá uma pequena parte da população que, até pouco tempo atrás, não entendia por que “se sentia diferente”.

Se você tem a sorte de se sentir diferente dos demais, não mude: é um dom que faz você ser único e que lhe permitirá ver o mundo com maior plenitude, com maior lucidez.

Sabemos também que, às vezes, o termo “ser diferente” está estigmatizado e o que é ainda pior, sempre anda de mãos dadas com certa dose de sofrimentoA pessoa altamente sensível está cansada de escutar coisas como “você leva as coisas muito pro lado pessoal”, “tudo te afeta”, “ninguém pode te dizer nada”.

De acordo com um trabalho realizado em 2010 e publicado na revista  “Social Cognitive and Affective Neuroscience” a razão para que esta personalidade seja mais sensível a todo tipo de estímulos, tanto físicos como emocionais, tem sua explicação a nível neurológico.

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Bases neurológicas da sensibilidade elevada

Elaine Aron, juntamente com seus colegas e psiquiatras, como o doutor Arthur B. Lintgen, realizaram um experimento no qual dois grupos de pessoas eram expostos a uma série de estímulos visuais, tanto luzes coloridas como simples desenhos.

Foi desse modo que puderam descobrir o seguinte:

  • As pessoas altamente sensíveis relacionavam cada estímulo com uma emoção. Seus mecanismos neuropsicológicos associam os estímulos visuais, auditivos ou táteis com uma determinada sensação.
  • As áreas do cérebro associadas com a consciência, as emoções, os sentimentos de empatia e os conhecidos “neurônios espelho” estão mais ativas que nas pessoas que não apresentam uma alta sensibilidade.
  • O ponto inicial da dor das pessoas altamente sensíveis é muito baixo, de tal modo que uma luz intensa ou o roçar de uma roupa pode lhes causar algum incômodo.
  • A alta sensibilidade também está relacionada com uma capacidade excepcional de captar detalhes e variações nos objetos, nas pessoas ou no local onde estão. Isso é explicado por uma maior ativação nas áreas do cérebro envolvidas com a associação da informação visual e a atenção.

Um mundo de alfinetes: alta sensibilidade e depressão

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Uma das questões mais levantadas é se as pessoas altamente sensíveis (PAS) são mais inclinadas à depressão. A resposta é simples: não mais que a maioria. No entanto, sofrerão, sim, mais tristeza cotidiana, decepção, sensação de se sentirem diferentes. Entretanto, tudo isso não determina o surgimento de um estado depressivo.

As pessoas altamente sensíveis serão mais propensas à depressão nestes casos:

  • Por terem sofrido uma infância traumática ou problemas familiares.
  • Não saberem que são altamente sensíveis e atribuírem estes traços a “serem fracos”, mais vulneráveis que o resto, acabarão tendendo mais a um isolamento.
  • As pessoas com alta sensibilidade devem cuidar de sua autoestima, compreender como são e controlar “a superestimulação” em seu dia-a-dia.
  • Frequentar círculos de muita pressão, desavenças, nos quais se amontoem muitas pessoas, sons e luzes, pode fazer com que seus níveis de cortisol fiquem elevados e causar, assim, um estado de estresse e ansiedade muito destrutivo. É necessário controlar todo estímulo e desfrutar os instantes de solidão.

Longe de ver o que o rodeia como um cenário cheio de alfinetes e inimigos que lhe fazem mal, coloque-se como seu melhor amigo, aprecie a música, a arte, o mundo cheio de maravilhosas sutilezas que podem te enriquecer, caso você se permita.

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Uma pessoa com sensibilidade elevada deve ser consciente desta característica, fazer de seu dom sua força e entender que a sua vida nasce do coração, uma virtude excepcional que a diferencia do resto.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.