Sequestro emocional

Sequestro emocional

Última atualização: 27 fevereiro, 2015

De vez em quando, nos pegamos perdendo as estribeiras, no meio da tormenta… e quando ela passa, nos damos conta de que nossa reação foi muito desproporcional, então ficamos arrependidos de como agimos e nos perguntamos: “Como pode ser possível, em questão de segundos, tornar-se tão irracional?” O que acontece conosco nesses momentos?

Quando as situações saem do nosso controle e parece que estamos prestes a explodir, o que acontece é que somos vítimas de uma grande quantidade de reações psicológicas e fisiológicas – conhecidas como o processo de sequestro emocional. Para saber o por quê de acontecer isso em determinados momentos, vamos explicar aqui como é o funcionamento do nosso cérebro.

Como acontece o sequestro emocional?

Quando sofremos um sequestro emocional, nos encontramos reagindo de forma automática a estímulos tratados pelo cérebro emocional. Sim, você leu direito, cérebro emocional. Não que existam dois cérebros, mas inúmeras pesquisas afirmam que nosso cérebro é formado por uma parte mais emocional (sistema límbico) e por uma parte mais racional, ou pensante (neocórtex). Acontece que o cérebro emocional, ou límbico, responde com maior velocidade, mesmo que geralmente suas respostas sejam menos precisas, porque não passaram por uma análise racional.

Mas… Que estrutura é essa que examina o que acontece ao nosso redor?  A resposta é a amígdala, uma massa com formato de amêndoas, situada no sistema límbico, encarregada pelo processamento e armazenamento das reações emocionais.

Assim, quando a amígdala está realizando suas funções de examinar o entorno no qual nos encontramos, ela se pergunta, “Tal coisa me machucará?”, “Pode me fazer sofrer?”, “Será que isso é o que sempre temi?”… Procure as respostas e, caso sejam afirmativas, nosso sistema nervoso dará um sinal de alerta em nosso organismo, adiando as funções mais irrelevantes e executando aquelas que permitam se defender da ameaça. Se elas começarem a segregar os hormônios necessários para fugir ou lutar, o pulso irá acelerar, o campo visual irá diminuir, a circulação e o pensamento serão alterados para se concentrar no perigo.

Dessa maneira, o neocórtex, que é o cérebro pensante, se esquiva e nos tornamos mais instintivos por alguns momentos. A amígdala declara um estado de guerra, com o qual nos tornamos animais brigando pela sobrevivência emocional, que podemos igualar à sobrevivência física.

Por que acontece o sequestro emocional?

Talvez uma das principais razões seja de caráter evolutivo, referindo-se à sobrevivência. Nossos antepassados sofriam estes sequestros emocionais quando, por exemplo, se encontravam com o inimigo, ou com animais, fugiam ou atacavam para eliminar a situação de perigo.

Mas na atualidade, esse processo ficou um pouco antiquado, e produz resultados não tão desejados em nós. Já que, em relações humanas, quanto mais rápida é a emoção, mais inexata e vasta ela se torna. Nossa parte emocional nos prepara para respostas automáticas, que antes tinham a característica de serem vitais, mas que agora nem sempre são positivas. Podemos experimentar tal situação em discussões de casal, como um ataque de ciúmes, por exemplo, ou em discussões com nossos amigos ou familiares.

Nessas situações, quando o sequestro emocional está acontecendo, toda a nossa atenção encontra-se concentrada em dar uma resposta à emoção, nos impedindo de concluir processos de reflexão da situação na qual vivemos. Talvez seja essa a razão para que nossas respostas não correspondam com o que esperamos de nós mesmos. Somente somos capazes de analisar, uma vez que a tormenta tenha terminado.

Como podemos controlar?

Talvez o segredo esteja em saber que, antes do sequestro emocional, é produzido um transbordamento emocional, e é ele que temos que detectar e, posteriormente, analisar… Assim não daremos razões suficientes para a amígdala, para que ela leve o sequestro emocional para a parte racional, assim evitaremos efeitos negativos em nossas relações pessoais.

Para isso, é conveniente descobrirmos os sintomas apresentados quando estamos agitados, ou seja, que paremos para observar quando as coisas não saem como esperamos, como gostaríamos que fossem ou como havíamos imaginado. Descobrir se temos sudorese, se ficamos com muito calor, se nosso ritmo cardíaco acelera. Então depois de identificá-los, é preciso dominá-los, porque assim começaremos com o processo de racionalização, evitando, de certo modo, a resposta espontânea. Depois disso tudo, teremos que procurar alguma válvula de escape da nossa emoção, para que abaixe nossa excitação e, para finalizar, devemos tentar analisar o que nos levou a experimentar o sequestro emocional. Dessa forma estaremos preparados para situações futuras.

 “As coisas não mudam, quem muda somos nós” – Henry David Thoreau

Créditos da imagem: Katalinks


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