Ser tímido não é ser sem graça

Ser tímido não é ser sem graça
Cristina Roda Rivera

Escrito e verificado por a psicóloga Cristina Roda Rivera.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

Muitos de nós fomos tímidos em algum momento de nossas vidas. Mas, a timidez não é uma doença ou um problema de especial relevância na maioria dos casos.

Pelo contrário, a timidez é um escudo de proteção que nos encerra em nós mesmos para tentarmos não nos machucarmos. Entretanto, às vezes ela pode ter o efeito contrário.

“A timidez é a desconfiança do amor próprio, que desejando agradar, teme não conseguir”

– Molière –

Ser tímido não é ser sem graça, ser tímido é simplesmente uma forma de ser, com suas peculiaridades e características.

A evolução da timidez

A evolução da timidez ao longo da vida é algo muito interessante para propiciar o autoconhecimento.

Muitos de nós experimentamos uma mudança que vai da abertura aos outros na idade infantil a uma timidez cada vez maior na vida adulta.

Essa mudança, às vezes, é propiciada por atuações ou exposições em público que nos geram ansiedade e fazem com que nos sintamos incomodados.

“A causa mais frequente da timidez é uma opinião excessiva de nossa própria importância”

– Samuel Johnson –

A timidez, portanto, não seria um fator genético hereditário, mas um componente da personalidade que, embora esteja influenciado pelo temperamento biológico, vai estar muito mais condicionado pelas interações sociais que tivermos. Portanto, devemos levar em conta esses aspectos e a sua evolução para entendermos a nossa timidez.

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Expor a si mesmo publicamente sempre implica sujeitar nossas habilidades e competências ao julgamento dos outros. E é na adolescência e na juventude que temos mais medo de sermos avaliados, julgados e criticados.

Se, além de ser um período já sensível, acrescentarmos a ele uma exposição em público, por exemplo, em que os outros são poucos compassivos e inclusive desrespeitosos, nosso eu social pode experimentar uma sensação de tremenda vulnerabilidade e nos condicionar para futuras situações similares.

Por isso para nos protegermos dessa vulnerabilidade, nos fechamos em nós mesmos por medo do que os outros irão pensar. Mas não levamos em conta que isso é algo que nunca saberemos com toda certeza.

A timidez nos incomoda?

A timidez é um traço da nossa personalidade que não deve ser especialmente problemático. Mas quando passaria a ser realmente um problema?

  • Quando nos causa um grande mal-estar psicológico.
  • Quando nos impede de alcançar metas profissionais pelo medo de trabalhar em equipe.
  • Quando nos impede de pedir ajuda quando precisamos dela.
  • Quando queremos conhecer uma pessoa e nossa timidez nos impede de fazê-lo.

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Se você se conscientizar de que a timidez não é um erro da sua personalidade, vai perceber que sentirá muito menos pressão psicológica e que as coisas partirão de uma forma mais natural.

O importante é que, mesmo com a sua personalidade introvertida, você consiga estabelecer relações cordiais com os outros. Às vezes, não se trata tanto de ser aberto, mas sim de ser oportuno.

Aspectos que o ajudarão a vencer a timidez:

  • Maior conhecimento de si mesmo, para saber que situações são as que mais o angustiam e para tentar refletir.
  • Aprender a gerir a ansiedade e o estresse graças à respiração e técnicas de relaxamento.
  • Prática, prática, e prática. Será o melhor remédio.
  • Expor-se a situações de relações com os outros. E se algo der errado, não dê muita importância. Você está aprendendo uma habilidade como qualquer outra.
  • Escolher um público agradável e próximo para realizar seu primeiro ensaio antes de falar em público.
  • Familiarizar-se com aspectos simples como a modulação da voz, gestos, pronúncia, volume ou tom.

A timidez que nos causa incômodo pode ser melhorada, mas não se esqueça de que a timidez pode ser uma qualidade encantadora, que não o torna sem graça, simples ou sem qualidades sociais. Ela só é outro tipo de estilo comunicativo e social.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.