Sou chamado de egoísta por pensar em mim e ter amor próprio

Sou chamado de egoísta por pensar em mim e ter amor próprio

Última atualização: 07 setembro, 2016

Sempre chega a hora na vida em que finalmente damos o passo. Nos libertamos de certas situações, coisas e mesmo pessoas que, longe de nos oferecerem bem-estar, nos prejudicam. Este ato de coragem pessoal é visto por muitos como o reflexo do egoísmo, quando na verdade é o brilho do amor próprio.

Além disso, é preciso considerar que esta estrutura psicológica nunca é totalmente compreendida. Tradicionalmente a ideia de amor próprio costuma estar relacionada a um certo fator narcisista e a um egoísmo individualista que só procura o benefício próprio. Nada disso é verdade.

Só existe um amor que deve durar para sempre: o amor próprio. Porque a dignidade tem um preço muito alto e não devemos aceitar “descontos”…

Existe uma opinião muito difundida entre os psicólogos e especialistas em matéria de emoções que defende que as pessoas, em geral, “são eruditas em temas racionais, mas analfabetas em matéria de emoções”. Reprimir o que sentimos ou desejamos não é saudável. Assim como também não é saudável ser incapaz de respeitar ou de empatizar com as necessidades alheias.

Ninguém é egoísta por dizer “não”, ninguém precisa ser rotulado por se atrever a dar o passo e dizer “Basta”. Convidamos você a refletir sobre isso conosco.

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A falta de amor próprio alimenta nossos medos

A falta de amor próprio alimenta nossos medos e nos torna vulneráveis. Para compreender esta ideia um pouco melhor, basta entrarmos no sempre fascinante mundo da neurociência. Segundo uma pesquisa realizada pela Universidade de Dartmouth (New Hampshire, Estados Unidos), a área do cérebro associada ao amor próprio e a autoestima é a fronto-estriatal.

Quanto maior a ativação desta região, mais forte a autoestima. Agora, uma ideia equivocada que costuma-se ter a respeito dessa dimensão é que as pessoas com amor próprio elevado e uma forte autoestima são, quase sempre, as mais inteligentes e triunfantes.

Isto não é verdade, ou pelo menos uma coisa não está relacionada com a outra. Na verdade, os pesquisadores concordam com um aspecto: a atividade na área fronto-estriatal é um reflexo da saúde emocional: em um nível mais baixo de ativação as pessoas têm um maior risco de sofrer com medos e inseguranças, e a longo prazo existe um risco mais elevado de desenvolver uma depressão.

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Do ponto de vista emocional, as pessoas que não se cuidam e que não se valorizam como merecem procuram que os outros o façam, tapando assim estas carências para se “autoafirmar”. Elas precisam de reconhecimento e afeto de uma forma muito intensa. Longe de se “autoabastecer” com uma boa dose de amor próprio, ficam cativos das vontades alheias, e este é o princípio de uma lenta autodestruição.

O vínculo sutil entre a autoestima e o amor próprio

Às vezes caímos no sutil feitiço de pensar que é sempre melhor escutar o que vem de fora em vez de ouvir as necessidades do nosso interior. Isso se deve aos nossos padrões educacionais ou a diversos entornos ou pessoas capazes de vulnerar a nossa própria autoestima.

Se você não consegue ver o quanto você vale, é provável que se junte com quem também não consegue vê-lo.

O pior de tudo acontece quando este condicionamento externo faz com que nós mesmos cheguemos a precisar da aceitação dos outros como forma de recuperar nossa estabilidade emocional. Tudo isso nos fará vagar mundo afora, tão fragmentados que precisaremos nos “vestir” ainda mais com valores alheios, com as regras e convicções de quem nos rodeia, até ficarmos desfiados e vazios.

Vejamos a seguir como evitar isso.

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Como “acender” nosso amor próprio

Diante de uma autoestima lesionada, nada melhor do que ganhar consciência dessa ferida, dessa fratura que nos desconectou com nós mesmos.

  • Pratique a compensação emocional: os consolos para todos os seus medos, as perguntas dos seus vazios e o alívio para as suas tristezas nem sempre estão no exterior nem nas pessoas que o rodeiam. Você deve procurar a sua própria compensação emocional. O amor que mais pode lhe ajudar nesses casos é, sem dúvida, o amor próprio.
  • Para ligar o interruptor da nossa autoestima é preciso pensar no seguinte: agradar esgota, e fazê-lo todos os dias durante a vida toda pode acabar nos destruindo. Não faz sentido, não é saudável. Ninguém é egoísta ou cínico por dizer o que pensa, por praticar a sinceridade que nasce do respeito, mas que sabe apontar posicionamentos para se proteger.
  • Para aumentar a autoestima e dispor de um bom amor próprio precisamos nos considerar pessoas valiosas. Continuaremos sendo valiosas apesar de nossos erros, dos nossos fracassos. Porque alguns poucos resultados não determinam quem você é, mas sim o fato de você ser capaz de se levantar quando cair.
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Portanto, longe de se comparar com as outras pessoas ou de deixar que as críticas maliciosas o afetem, não deixe de alimentar esse vínculo de amor para consigo mesmo. Porque como disse certa vez Jiddu Krishnamurti, a religião de todas as pessoas deveria ser, simplesmente, saber se amar a si mesmo.


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