Você é viciado no caos?

Você é viciado no caos?

Última atualização: 14 setembro, 2016

Os viciados no caos são mais comuns do que você pode imaginar. Sempre estão pelo menos quinze minutos atrasados e assim chegam tarde em todos os lugares, correndo e esbaforidos. Pedem desculpas e colocam a culpa no trânsito.

Também ficam desesperados no final do mês quando chegam as contas e pela enésima vez descobrem que compraram mais do que podiam pagar e que agora têm um sério problema. Perdem tudo, nunca encontram nada, sempre erram as datas, uma assinatura ou o que quer que seja. Andam de mãos dadas com o erro.

Também são metidos a valentões. É o tipo de pessoa que briga por tudo. Colocam a culpa no comerciante porque os biscoitos aumentaram de preço. Recriminam o taxista por dirigir muito devagar de propósito, ainda que o congestionamento não o deixe ir em frente. Estão o tempo inteiro brigando por algo ou com alguém.

Os viciados no caos são extremamente desorganizados. Seu armário é um espaço assustador onde ao lado de um suéter pode haver uma laranja ou debaixo de um monte de roupa mal dobrada podem estar as chaves da porta, que foram perdidas há dois meses. Se alguém pergunta sobre essa bagunça, reclamam e negam tudo. Dizem que não têm tempo, que estão cheios de problemas, que a organização é coisa para “desocupados”. O que é que realmente acontece com eles?

O vício no caos e sua origem física

Todo vício está relacionado com algum grau de dependência à uma substância. No caso do vício no caos essa substância está dentro do próprio corpo e se chama “adrenalina”.  Num sentido literal, os viciados no caos são na verdade viciados em adrenalina. Por isso, procuram e geram situações que os levam a fabricar essa substância.

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O caos é definido como desorganização, falta de coerência, desordem ou dispersão. Toda vez que uma pessoa enfrenta situações desse tipo, desenvolve respostas defensivas, de angústia ou preparação para a ação ou o ataque. Ao mesmo tempo, essas reações vão acompanhadas de uma série de mudanças químicas no organismo. A mais importante delas é a produção de adrenalina e cortisol, os hormônios do estresse.

Muitas pessoas querem se libertar do estresse, mas o viciado no caos, pelo contrário, sente uma atração fatal por tudo aquilo que gera angústia. Existe um prazer em experimentar essa tensão e esse estado de defesa permanente.

O problema é que quando a situação ameaçadora se resolve, ou passa, o corpo diminui ou corta a produção dessas substâncias. Por isso o que acontece é um estado de depressão, que o viciado no caos apenas pode superar se metendo em mais problemas, gerando novos conflitos ou se equivocando novamente.

Superar o vício no caos

No geral, todo vício cumpre com a função de encobrir outro conflito mais profundo que não foi resolvido, mas que segue gravitando sobre a vida de maneira insistente. Essa tendência compulsiva de criar novos problemas não é mais que uma estratégia para que a atenção se volte para assuntos externos, para esses problemas que se reproduzem como um vírus e que sempre demandam uma solução urgente.

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A angústia é uma forma de medo imprecisa e isso ocorre porque não busca encontrar um objeto para dirigir esse sentimento. Em outros palavras, sente-se medo, uma sensação de ameaça, temor do que pode acontecer, mas não consegue-se definir em que consiste esse perigo, nem onde está, nem sequer se ele realmente existe. Apenas experimenta-se um temor invasivo.

Gerar situações caóticas é uma forma de cumprir, inconscientemente, com dois objetivos: delimitar um objeto sobre o qual se pode dirigir a angústia e deixar esse sentimento emergir com toda a força, para vivenciá-lo e, aparentemente, canalizá-lo para ações específicas de defesa. Mas como o problema real segue latente, é necessário reiniciar o ciclo de vez em quando. Isso acaba se transformando em um estilo de vida.

Não é fácil superar nenhum vício, incluindo esse. O mais importante é reconhecer qual é esse conflito profundo que o impulsiona a querer entrar em problemas constantemente. Mas para chegar ali é preciso percorrer um longo caminho de exploração, que se pode transitar através de vias como a meditação ou a terapia.

No começo, o que se recomenda é exercitar a capacidade de estar sozinho, quieto e em silêncio de maneira que o corpo deixe de resistir à falta de tensão e, portanto, desapareça a agitação. Além disso, dessa maneira facilitaremos o caminho para que a consciência comece a se abrir e para que surjam esses velhos sofrimentos que ainda não foram curados.

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