As 5 fases do luto de Klüber-Ross

As 5 fases do luto de Klüber-Ross
Alejandro Sanfeliciano

Escrito e verificado por o psicólogo Alejandro Sanfeliciano.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Dentro dos estudos que investigam como lidamos com a morte, possivelmente um dos mais conhecidos seja o das 5 fases do luto de Klüber-Ross. Essa teoria fala sobre as 5 fases pelas quais uma pessoa passa na hora de enfrentar a morte, seja de si próprio ou de uma pessoa querida. Os estudos de Klüber-Ross tornaram-se muito populares mas também foram muito mal-interpretados, provavelmente devido a uma má divulgação dos mesmos.

Em 1969 a psicóloga Elizabeth Klüber-Ross realizou uma série de estudos com pacientes terminais. Sua intenção era encontrar os fatores que estavam por trás do enfrentamento da morte. Depois de uma árdua investigação, ela se deu conta de que esses pacientes passavam por uma série de etapas muito similares. Aqui foi onde começou a desenvolver sua teoria das 5 fases do luto e suas implicações.

Nesse artigo vamos tentar elucidar um pouco a teoria das fases do luto de Klüber-Ross. Em primeiro lugar, para tanto, vamos expor as diferentes fases e explicar cada uma delas. Como conclusão faremos uma pequena reflexão acerca das evidências e implicações da teoria das fases do luto.

Mulher observando o mar

Fases do luto de Klüber-Ross

As distintas fases do luto vão nos mostrar uma sucessão de atitudes que uma pessoa toma quando se depara com a morte. Essas etapas surgem da tentativa da mente de solucionar o problema que é a falta de alguém, e conforme a pessoa se dá conta de sua incapacidade de lidar com isso, as emoções vão variando até que a aceitação seja alcançada. A seguir vamos explicar uma a uma as diferentes fases do luto de Klüber-Ross.
  • Negação. Essa fase implica a atitude de negar ou ignorar a existência da proximidade da morte. Essa negação pode ter um caráter total (“Não pode ser que eu esteja morrendo”) ou parcial (“Tenho metástase, mas não é nada demais”). A negação reflete um atitude defensiva do eu. Nossa mente busca um modo de manter nosso bem-estar apesar de encontrar-se numa situação de máxima impotência.
  • Ira. A raiva é uma emoção que surge para enfrentarmos um obstáculo. É normal que, diante de uma notícia negativa, o corpo busque soluções através da raiva. Ela pode ter vítimas ou objetos diferentes e variados, desde si mesmo, um médico ou inclusive “figuras divinas”.
  • Negociação. Após observar a incapacidade de resolver o problema através da raiva, aparece a fase da negociação. A pessoa desesperada pede ao destino ou a várias figuras divinas que faça a morte desaparecer. É comum que a pessoa fique dócil diante da esperança de prolongar sua vida com um bom comportamento. Por exemplo, a pessoa pode passar a obedecer religiosamente a todas as prescrições médicas.
  • Depressão. Quando a doença se agrava ou a realidade dos fatos se impõe, aparece a depressão. A pessoa cai em um forte desespero devido à sensação esmagadora de impotência. A tristeza profunda cumpre a função de minimizar ao máximo os gastos de recursos do corpo diante da necessidade de usá-los para tentar uma recuperação.
  • Aceitação. Passada e assimilada a sensação de impotência que pode surgir diante da perda, passamos a um estado de ânimo menos intenso e mais neutro. Claro que ainda existem momentos e momentos. Mas na maior parte do tempo, na fase da aceitação, a pessoa será capaz de assimilar o que aconteceu, levantar a cabeça e olhar para o futuro, além de reinterpretar de maneira positiva o significado da perda sem culpar nada nem ninguém.
Homem enfrentando luto

Evidências e implicações da teoria

A teoria de Klüber-Ross já sofreu inúmeras críticas. Uma muito frequente, e bastante compreensível ao ler a formulação original da teoria, tem a ver com a rigidez da mesma. Na formulação original, uma pessoa passava pelas diferentes fases em ordem determinada, podendo apenas ficar em uma fase ou avançar para a seguinte. As pesquisas atuais, no entanto, e talvez também a sua experiência pessoal, mostrou que isso não está totalmente correto. Há pontos ao longo da superação em que frequentemente ocorrem retrocessos, ou inclusive pessoas que pulam alguma etapa ou que passam por todas elas em alguma outra ordem diferente.

Agora, não deixa de ser certo que todas as fases cumprem um papel importante na hora de enfrentar a morte, e que sua disposição é geralmente certa quando pensamos na maioria dos processos de luto. Por outro lado, talvez o mais correto seria interpretar os diferentes estados como atitudes diante da perda, e não como etapas depois da mesma. Ou seja, são modos que temos para lidar com a impotência que sentimos diante de tal tipo de situação.

Apesar da teoria de Klüber-Ross ser parcialmente incompleta, sem dúvida sua formulação supôs um grande avanço na compreensão dos processos de luto. Suas pesquisas serviram para entender a profundidade das emoções presentes nos momentos de perda. A teoria já gerou inclusive melhorias no tratamento e acompanhamento das pessoas que se encontram na situação contemplada, a começar pela normalização dos sentimentos que surgem. Além disso, o modelo também permitiu que os psicólogos lidassem de forma muito mais hábil na hora de tratar as perdas antecipadas, como diagnósticos terminais.


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