O que acontece no cérebro durante uma conversa positiva?

O que acontece no cérebro durante uma conversa positiva?
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 01 fevereiro, 2018

Poucas atividades são capazes de nos trazer energia boa como uma  conversa positiva. São conversas em que você se sente ouvido e também deseja ouvir o outro. As palavras “clicam” e se encontram. O eco dessas palavras permanece, amável e alegre. Essas conversas são como um verdadeiro bálsamo para a vida.

O contrário também acontece. Quando você fala e sente que não é entendido, ou fica saturado quando tem que ouvir o outro. Há mensagens negativas nas entrelinhas, e às vezes agressões diretas. Esses encontros só nos deixam irritados e tristes.

Todos sabemos, por experiência própria, que uma conversa positiva é um presente maravilhoso. A novidade é que a ciência confirmou isso através de diferentes estudos. Foi comprovado que um diálogo  construtivo tem a capacidade de modificar padrões cerebrais. A contribuição deste tipo de conversa também se reflete em nossa neuroquímica.

“Um procura alguém para dar luz aos seus pensamentos, outro alguém a quem possa ajudar: é assim que nasce uma boa conversa”.
-Friedrich Wilhelm Nietzsche-

Examinando as palavras

Mark Waldman e Andrew Newberg são dois pesquisadores do comportamento humano. O primeiro é professor de comunicação e membro do Programa Executivo de MBA da Universidade da Califórnia. O segundo é diretor do Centro de Medicina Integrada Myrna Brind, da Universidade Thomas Jefferson. Ambos conduziram extensas pesquisas e juntos escreveram um livro chamado “As palavras podem mudar seu cérebro”.

O impacto das palavras no cérebro

A pesquisa desses dois especialistas contém dados muito interessantes sobre palavras e conversas positivas. Eles descobriram, por exemplo, que a palavra “não” ativa a produção de cortisol,  o hormônio do estresse, que nos deixa em estado de alerta e enfraquece nossas habilidades cognitivas.

Por outro lado, a palavra “sim” faz com que a dopamina  seja liberada. Esse hormônio cerebral regula os mecanismos de recompensa, produzindo um sentimento de bem-estar. Também reforça uma atitude positiva em relação à comunicação.

Palavras e conversas positivas

O exemplo das palavras “sim” e “não” é apenas uma pequena parte da pesquisa realizada por Waldman e Newberg. Através de diferentes experimentos eles conseguiram provar cientificamente que as palavras transformam nosso cérebro. E claro, conversas positivas ou negativas também.

Eles se deram conta de que algumas pessoas usam mais palavras que têm efeitos negativos no cérebro. Outros, por outro lado, usam palavras mais construtivas. Em ambos os casos, fazem isso sem consciência. O fato é que ambos deixam sensações diferentes em seus interlocutores.

Estudantes em conversa positiva

É interessante notar também que, em um estudo realizado pelo Instituto CreatingWE, verificou-se algo semelhante. Neste caso, estudou-se o efeito das palavras dos patrões em seus funcionários. Eles comprovaram que as expressões de afeto aumentavam a produção de oxitocina. E é não só isso, também faziam a equipe aumentar sua capacidade intelectual e se tornar mais produtiva.

Conversa positiva e comunicação compassiva

Waldman e Newberg cunharam um conceito que já está conquistando seu espaço. Eles o chamam de “comunicação compassiva”. Este conceito refere-se ao tipo de comunicação em que o respeito pelo outro e a sinceridade prevalecem. Justamente o tipo de comunicação que ocorre quando você participa de uma conversa positiva.

Os pesquisadores também descobriram um dos componentes cognitivos que caracterizam uma conversa positiva. As pessoas entendem melhor quando as idéias são faladas separadamente. Em outras palavras, há uma maior garantia de compreensão se não forem abordados vários assuntos de uma só vez. Ainda assim, as sequências não devem incluir mais de quatro ideias. Além disso, deve-se levar pelo menos de 30 a 40 segundos para passar de um tópico para outro.

Casal idoso feliz e sorrindo

Waldman e Newberg também descobriram que algumas palavras têm um profundo impacto sobre as pessoas. Basicamente as palavras pobreza , doença, solidão ou morte. Tais expressões afetam a amígdala e facilitam o desencadeamento de pensamentos negativos. No entanto, também descobriram que o efeito que produzem pode ser amenizado. Basta que essas palavras não estejam no início ou final de uma frase.

Como é impossível eliminar as palavras negativas da vida, o mais apropriado é compensá-las com palavras positivas. O mesmo vale para as conversas. Quando uma comunicação é negativa, deve-se compensá-la com uma conversa positiva. Isso permite equilibrar não apenas a comunicação, mas também a química do cérebro.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.