As consequências da indiferença dos pais na infância

As consequências da indiferença dos pais na infância
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 16 fevereiro, 2022

As consequências da indiferença dos pais na infância podem ser extremamente prejudiciais para a criança em sua trajetória rumo à vida adulta.

Na infância, são edificados os alicerces sobre os quais construímos toda a nossa vida. Uma criança precisa de amor, aceitação e cuidados. Infelizmente, às vezes o seu ambiente não está pronto para lhe proporcionar tudo isso e então, os alicerces da vida ficam marcados por rachaduras profundas.

Existem muitas “situações da vida” que a criança não consegue entender. Ela não tem as habilidades intelectuais e nem as ferramentas emocionais para fazê-lo. A indiferença e a rejeição produzem um grande sofrimento e deixam marcas profundas, feridas difíceis de cicatrizar.

“O amor é para uma criança como o sol é para as flores. A alimentação não é suficiente: ela precisa de carinho para crescer saudável e forte”.
– Concepción Arenal –

Há muitas pessoas que não se lembram claramente das emoções que experimentaram quando eram crianças. São adultos problemáticos, mas não conseguem encontrar a origem de tudo isso. É bem possível que a mesma esteja na infância. Neste artigo, falaremos sobre cinco características que surgem como consequências da indiferença dos pais.

As consequências da indiferença dos pais

1. Insensibilidade: uma marca da infância

A insensibilidade é um dos traços que estão impressos sobre a personalidade de quem foi ignorado durante a infância. É, de uma forma ou de outra, uma resposta a essa indiferença da qual a pessoa foi vítima. Na infância, isso se traduz em um sentimento de abandono e incapacidade.

Menina com coroa flutuando sobre sua cabeça

Na vida adulta, a insensibilidade se expressa como apatia. Pode ser direcionada para outras pessoas, ou para a vida em geral. Não há entusiasmo, nem paixão por nada. Isso ocorre porque, desde uma idade muito precoce, a pessoa aprendeu a inibir as suas emoções.

2. Recusa a ajuda dos outros

Durante a infância, todos nós precisamos das pessoas que nos rodeiam. Existem milhares de situações nas quais precisamos de apoio, orientação ou conforto. Se não tem esse suporte, a criança aprende a não esperar nada dos outros. Como resultado, é possível que se torne um “independente radical”.

Dessa forma, se torna alguém que não acredita que os outros podem ajudá-lo e tentará fazer tudo sozinho. Ele se protege das experiências emocionais que não quer repetir. Ele não quer precisar de alguém e se decepcionar. Às vezes pode acontecer o contrário: a pessoa pede ajuda para tudo, mesmo que possa fazer sozinha.

3. Sensação de vazio

A sensação de que algo está faltando é muito forte e uma das consequências da indiferença dos pais. Na sua vida, havia um espaço para seus entes queridos que nunca foi ocupado. É por isso que existe um vazio interior que nada consegue preencher.

Lago com buraco e nuvem

Essa sensação de vazio se torna um inconformismo constante. Nada é bom o suficiente, nem suficientemente completo. Nada e ninguém o satisfaz. Às vezes, a sensação de falta também se transforma em uma crítica constante, dirigida a si mesmo e a tudo ao seu redor.

4. Perfeccionismo

A falta de amor e atenção durante a infância têm múltiplos efeitos sobre como alguém vê a si mesmo No fundo, ele tem a sensação de que nada do que faz é bom o suficiente para ser apreciado. Durante a infância, essa sensação o transforma em uma criança excessivamente cuidadosa ou radicalmente insuportável.

Na idade adulta, é muito comum que essas pessoas se tornem extremamente perfeccionistas. Essa rigidez é uma resposta à suspeita inconsciente de que eles não estão fazendo tudo o que devem ou podem fazer. No fundo, continuam sendo uma criança que quer ser valorizada pelo que faz.

5. Hipersensibilidade à rejeição

Quando uma criança se sente ignorada, acredita que é indigna, insignificante. Ou seja, a sua existência não tem sentido para os outros e, portanto, conclui inconscientemente que “há algo errado” com ela. Isso se traduz em sentimentos de inadequação ou de ilegitimidade.

Menina em mundo encantado

O eco desta indiferença é uma hipersensibilidade à crítica dos outros. Qualquer sinal de desaprovação é interpretado como uma ameaça. Reaparece aquele eco da infância que diz: “há algo errado em você”. Isso é muito doloroso e, portanto, difícil de tolerar.

Do ponto de vista neurológico e psíquico, a infância é um momento decisivo. Isso não significa que as experiências ruins desse período sejam irreparáveis. No entanto, elas deixam marcas que, às vezes, permanecem por toda a vida. Uma pessoa pode se livrar desses laços que a prendem ao passado, mas terá que trabalhar duro e, eventualmente, procurar ajuda profissional.

Imagens cortesia de Nicoletta Ceccoli.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.