Como o consumo de drogas afeta a saúde mental dos adolescentes?

Como o consumo de drogas afeta a saúde mental dos adolescentes?

Última atualização: 10 outubro, 2016

O consumo de drogas na adolescência é a origem de muitos problemas de saúde mental, nesta etapa da vida e também em etapas posteriores. Por exemplo, um adolescente com um transtorno por consumo de drogas é mais suscetível a apresentar problemas de humor, ansiedade, transtornos de aprendizagem ou transtornos de comportamento.

Não podemos esquecer que quando um adolescente está no seu limite, o que procura é uma solução rápida, seja qual for, com o intuito de sentir alívio imediato. Estão cansados de escutar dos adultos o que podem e devem fazer. O consumo de álcool ou drogas lhes fornece essa saída. Isso muitas vezes conduz ao que se conhece como comorbidade ou morbidez associada.

O que é a comorbidade?

A comorbidade é a uma condição na qual uma pessoa sofre mais de uma doença mental de maneira simultânea. Na maioria das vezes, essas doenças devem ser abordadas e tratadas de maneira individual. Uma das formas mais comuns de doenças emparelhadas é o vício em drogas e a depressão, especialmente nos adolescentes.

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O interessante nesse assunto é que o consumo de drogas nem sempre é o ponto de partida de outra doença mental, mas pode ser que outra doença seja um fator de risco para o seu consumo. Dessa maneira, um transtorno de humor ou ansiedade pode conduzir um adolescente a consumir drogas como uma maneira de “automedicação”.

Na comorbidade também existe uma interação entre as duas doenças, de modo que uma piora os sintomas da outra e geralmente dá lugar a uma piora nos seus próprios sintomas.

O vício nas drogas é uma doença mental

O vício nas drogas é uma doença crônica e recorrente que se caracteriza pela procura e o consumo compulsivo dessas substâncias, apesar do conhecimento de suas consequências nocivas. Considera-se uma doença mental porque as drogas modificam a estrutura e o funcionamento do cérebro, condicionando e limitando seriamente a vida do doente.

O vício muda o cérebro de maneira fundamental, já que interrompe a hierarquia normal das necessidades e os desejos e os substitui por novas prioridades relacionadas à obtenção e ao consumo de drogas.

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Os comportamentos compulsivos resultantes disso debilitam a capacidade para controlar os impulsos apesar das consequências negativas. Esses comportamentos são similares às características básicas de outras doenças mentais.

Ainda que a decisão inicial de consumir drogas seja voluntária, o consumo contínuo dessas substâncias altera a capacidade de uma pessoa de exercer o autocontrole, e ela pode se ver seriamente afetada. Essa deterioração do autocontrole é a marca do vício.

Estudos de imagens cerebrais de pessoas viciadas mostram mudanças físicas em áreas do cérebro que são essenciais para o julgamento, tomada de decisões, aprendizagem e memória, assim como para o controle do comportamento. Os cientistas acreditam que essas mudanças alteram a forma como o cérebro funciona e podem ajudar a explicar os comportamentos compulsivos e destrutivos do vício.

Fatores de risco do abuso de drogas entre adolescentes e problemas de saúde mental

O abuso de drogas e outras doenças mentais têm muito em comum, incluindo uma série de causas. Alguns dos fatores de risco que podem conduzir ao abuso de drogas e a instabilidade mental nos adolescentes são os seguintes:

Desenvolvimento cerebral

De acordo com a Universidade de Rochester, o cérebro humano não se desenvolve completamente até aproximadamente os 25 anos de idade. Efetivamente, o córtex pré-frontal, responsável pela tomada de decisões e o controle emocional, ainda está em desenvolvimento.

Até esse momento, os adolescentes e os adultos jovens estão em busca de aceitação e de maneiras de impressionar os outros sem considerar as consequências. Ainda estão propensos a tomar decisões impulsivas, sem ligar as emoções e a razão. Isso os torna particularmente suscetíveis a desenvolver múltiplos problemas de saúde mental.

Abuso verbal ou abuso físico

Os abusos verbais ou físicos durante a infância e a adolescência podem deixar cicatrizes físicas e emocionais. Os jovens que foram vítimas desses abusos buscarão qualquer forma de suprimir a dor sofrida, inclusive muito tempo depois de sofrer esses abusos.

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As cicatrizes causadas pelo abuso geralmente são acompanhadas de baixa autoestima, desilusão, paranoia e inclusive pensamentos de suicídio. Algo que não facilita precisamente a reflexão sobre o dano que o abuso de substâncias produz no corpo, mas sim o contrário.

Exposição precoce

As estatísticas mostraram que quando as crianças são expostas às drogas e/ou álcool estão mais propensas a desenvolver problemas de vício. Basta com que vejam as pessoas no seu círculo mais próximo.

O consumo de drogas ou álcool pode ser um fator que contribui para a instabilidade mental, especialmente numa idade precoce, já os medicamentos podem alterar o desenvolvimento dos sistemas neurológicos dos jovens e como eles respondem ao estresse.

Pressão

O entorno pressiona constantemente os jovens a respeito do que devem ou não fazer. Pais, professores e meios de comunicação exercem pressão sobre os adolescentes, que se sentem pressionados por todas as partes para se converterem em pessoas perfeitas.

Toda essa pressão é sem dúvida um fator que contribui para que os jovens sintam ansiedade e baixa autoestima. Isso gera uma batalha interna, constante e desnecessária de autodefesa que pode acabar no vício, depressão e pensamentos ou tendências suicidas. Os adultos sabem que é impossível agradar a todos. No entanto, os adolescentes ainda estão aprendendo.

A importância da prevenção em períodos de alto risco

O consumo precoce de drogas aumenta as possibilidades de que uma pessoa desenvolva um vício. A prevenção do consumo prococe de drogas ou álcool pode ser uma grande diferença na redução desses riscos. Se podemos evitar que os jovens experimentem as drogas, podemos prevenir o vício nas drogas.

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O risco do abuso de drogas aumenta em momentos de transição. Na adolescência precoce, quando as crianças passam do primário para o ensino médio, enfrentam situações sociais e acadêmicas novas e desafiadoras.

Durante esse período, pela primeira vez as crianças estão expostas a substâncias que se prestam ao abuso (como tabaco ou álcool). Quando começam os estudos no ensino médio, os adolescentes têm os canais de acesso a drogas mais próximas e não é raro que terminem se tornando testemunhas do seu consumo.

Ao mesmo tempo, muitos comportamentos normais de seu desenvolvimento, como o desejo de provar coisas novas ou correr maiores riscos, pode aumentar sua tendência a experimentar as drogas. Outros podem pensar que consumir drogas melhora sua experiência física ou seu rendimento intelectual ou esportivo, que diminuirá sua ansiedade em certas situações sociais.

Por outro lado, as habilidades dos adolescentes em exercer um bom critério e tomar decisões ainda estão em desenvolvimento e podem limitar sua capacidade para avaliar com precisão os riscos de todas essas formas de consumo de drogas.

 


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