Ho'oponopono, a técnica da responsabilidade emocional

Ho'oponopono, a técnica da responsabilidade emocional
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

Ho’oponopono é um conceito antigo para um mundo moderno. Faz referência a uma arte havaiana de resolução de problemas cuidando das consequências mais emocionais dos mesmos, aquelas das quais muitas vezes não nos damos conta. Para isso, devemos ser capazes de pedir perdão, de corrigir, de remendar e oferecer bondade. É, afinal, uma estratégia de higiene mental com a qual favorecer uma responsabilidade emocional adequada.

Ho’oponopono foi uma prática muito arraigada durante séculos em várias ilhas da Polinésia, e ainda que para eles tivesse uma conotação claramente espiritual (o propósito era se conectar com a própria divindade), foi somente em 1976 que esta interessante filosofia chegou ao mundo ocidental de um modo revelador e útil.

Eu te amo, e se despertei em você sentimentos hostis, sinto muito e te peço perdão. Obrigado!

Foi Morrnah Nalamaku Simeona, uma sacerdotisa e curandeira havaiana, que adaptou o ho’oponopono tradicional às realidades sociais da atualidade. Dizem que ela conseguiu encontrar um verdadeiro tesouro, um presente para o campo do crescimento pessoal e, antes de mais nada, para o mundo da psicologia positiva. Se no passado esta prática era feita de forma grupal com todos os membros de uma família, na atualidade se individualizou para podermos praticá-la a todo momento e sempre que precisarmos.

Ho’oponopono nos permite soltar empecilhos, reconduzir as tensões, aprender com os erros e canalizar todos os problemas encravados que, cedo ou tarde, como já sabemos, se somatizam em forma de doenças. Fazer isso pode ser muito mais fácil com a ajuda desta técnica ancestral…

Flores caindo

Ho’oponopono, uma prática que favorece a convivência

Os havaianos acreditavam que as pessoas estão conectadas umas com as outras por meio do “aka”. Trata-se de uma espécie de conduto “etérico” através do qual a energia da vida flui. Às vezes, esse conduto ou canal invisível se enfraquece ou adoece devido a nossas diferenças, aos problemas que arrastamos do passado, às mentiras, às palavras ditas ou silenciadas. A energia deixa de fluir com tanta harmonia e então surgem o mal-estar, os problemas, os transtornos.

O ho’oponopono nos ajuda a curar o “aka”. Não só repara o vínculo com as pessoas que são importantes para nós, mas também nos permite recuperar a conexão com nós mesmos. Porque se há algo que define esta filosofia é a capacidade de praticar a bondade em seu sentido mais amplo, assim como um perdão ativo e envolvente que começa em si mesmo e que sabe reconhecer o que é ético, o que é virtuoso e nobre.

Fica claro, porém, que não estamos diante de um tipo de psicologia com base científica. No entanto, apesar de sua tradição espiritual e não experimental, foi altamente eficaz para resolver diferentes problemas sociais: atos de delinquência, disputas entre grupos vizinhos, famílias, diferentes etnias e inclusive problemas existenciais de uma boa parte da comunidade havaiana.

Pássaros voando em liberdade

Sabe-se, por exemplo, que o ho’oponopono foi implementado nos programas carcerários locais com grande sucesso. Os anciãos guiavam os reclusos nesta prática para resolver tensões e conflitos, favorecendo com ela uma catarse emocional adequada, que melhorou a convivência nas instituições penitenciárias do Havaí.

Divindade, limpe em mim tudo que está contribuindo para que este problema surja, permita que tudo que for perfeito e correto para todos os envolvidos se manifeste.

Como aplicar o ho’oponopono na vida diária?

O ho’oponopono é o código do perdão e da responsabilidade emocional. Um fato que elogia este tipo de filosofia é a necessidade de que compreendamos algo muito básico: todo conflito surge de si mesmo. Não devemos buscar culpados externos, não podemos atribuir aos outros toda a responsabilidade pelo que nos acontece, nos incomoda ou nos tira a calma. Todos temos o poder para mudar as coisas e virá-las ao nosso favor por meio da bondade, do bom senso e da coerência ética e emocional.

Para conseguir, para dar forma a essa energia curativa que faz parte do ho’oponopono, devemos colocar em prática as seguintes estratégias.

Os 4 passos do Ho’oponopono

  • O primeiro passo é tomar consciência de nossas atitudes, emoções ou comportamentos negativos, aqueles que nos separam das pessoas que amamos, que impactam o nosso bem-estar e liberdade pessoal.
  • A seguinte coisa que faremos é nos responsabilizar por nossas ações, pelo o que foi dito ou não dito, o que foi feito ou evitado, o que não tentamos ou os erros que cometemos e suas consequências.
  • Em seguida, é o momento de visualizar e sentir o amor. Devemos experimentar de forma vívida o carinho que sentimos por aquelas pessoas das quais descuidamos. Abriremos um “canal” interior para nos conectarmos com os outros.
  • Agora, é o momento de dar o passo, de pedir perdão. Porém, é preciso expor algo importante: na cultura ocidental tendemos a dizer “sinto muito” e acreditamos que com isso já está tudo resolvido. Porém, para completar o ciclo de forma correta devemos receber também o perdão da outra pessoa, é preciso escutar o “eu te perdoo”.

O último passo, e não menos importante, é experimentar a libertação. Os havaianos diziam que quando o “aka” volta a se conectar entre nós ao curar o vínculo, nossas almas voltam a estar livres. É uma sensação maravilhosa que faz com que nos sintamos mais plenos, leves e preparados para retomar nossos caminhos com maior segurança e sabedoria. O ho’oponopono é, como vemos, um tipo de filosofia excepcional capaz de garantir nosso bem-estar e a qualidade das nossas relações. Então, que o coloquemos em prática.

Referências bibliográficas:

  • Pukui, Mary Kawena and Elbert, Samuel H (2009). Ho’oponopono: Contemporary Uses of a Hawaiian Problem Solving Proces University of Hawaii (1986) ISBN 978-0-8248-0703-0
  • Simeona, Morrnah, Self-Identity through Ho’oponopono, Basic 1, Pacifica Seminars (1990)
  • Vitale, Joe, Hew Len Ph.D (2011), Cero límites. Ediciones Obelisco

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