Do que se compõe a nossa identidade social?

Do que se compõe a nossa identidade social?
Roberto Muelas Lobato

Escrito e verificado por o psicólogo Roberto Muelas Lobato.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

A identidade social é o sentimento de identificação com um determinado grupo social. É a importância que o grupo ao qual pertencemos tem para nós. Quanto mais nos identificamos com o grupo, mais ele definirá a nossa personalidade. As normas e os valores do grupo serão compartilhados pelos seus membros. Por outro lado, quanto mais importantes forem considerados, mais serão respeitados.

Mas, a identidade social é algo tão simples quanto a importância de um grupo? Não, a identidade social não é apenas a importância do grupo e a assimilação das suas normas e valores. A identidade social de qualquer grupo é uma mistura de diferentes partes: é constituída por dois fatores no nível grupal e por cinco fatores no nível individual.

O autoinvestimento da identidade social

Como já foi dito, a nível grupal a identidade social tem dois componentes: o autoinvestimento e a autodefinição. O autoinvestimento se refere ao sentimento de pertencer ao grupo. É a sensação de que faz parte de algo maior e a atribuição de sentimentos positivos. Para algumas pessoas, a sensação de inclusão resultante de pertencer a um grupo é de vital importância. Esse sentimento, que traz bem-estar, está associado à atribuição de características positivas. Por exemplo, meu grupo é o melhor, os membros são pessoas boas, nós fazemos coisas importantes.

Identidade social do grupo

O autoinvestimento, por sua vez, é composto por três componentes individuais: satisfação, solidariedade e centralidade. A satisfação se reflete nos sentimentos positivos em relação ao grupo e ao fato de pertencer a ele. Uma pessoa que se considera francesa, que o seu grupo nacional é a França, ficará satisfeita em ser francesa. Essa pessoa poderá até negar os aspectos negativos que podem aparecer ao definir-se como francesa. Desta forma, a sua satisfação será mantida.

A solidariedade está baseada em um vínculo psicológico com os demais membros do grupo e no seu compromisso com eles. As pessoas que mais se identificam com um determinado grupo estarão mais dispostas a colaborar com os outros membros do grupo. Uma pessoa com uma identificação forte com uma determinada religião não negará quase nada para pessoas com a mesma religião. No entanto, pode ser mais difícil compartilhar com pessoas de outra religião. Com a solidariedade é criado um compromisso com o grupo e seus membros.

A centralidade torna os membros do grupo sensíveis aos problemas grupais, sejam eles dentro do grupo ou em relação a outros grupos. Quando o grupo está ameaçado, as pessoas para quem a centralidade é importante vão lutar contra essa ameaça. A centralidade consiste em colocar o grupo antes de outras necessidades individuais. Um torcedor fanático de um time de futebol pode deixar aspectos importantes da sua vida de lado apenas para incentivar a sua equipe.

Monges budistas meditando

A autodefinição da identidade social

Por outro lado, a autodefinição é como o grupo está definido. Uma parte importante desta definição é o grau em que as pessoas que o formam pensam que são semelhantes ao protótipo do grupo. A autodefinição também se manifesta em como os seus componentes percebem que compartilham os pontos de identidade desse grupo.

Dessa forma, os seus membros tendem a se parecer em diferentes aspectos. Os componentes individuais da autodefinição são os estereótipos e a homogeneidade. Os estereótipos surgem quando os membros do grupo se percebem como participantes dele. Com isso, eles tendem a adotar de alguma forma os estereótipos que são atribuídos ao grupo.

Normalmente, os membros do grupo se percebem como semelhantes aos participantes mais prototípicos do grupo. Eles também percebem que compartilham um destino comum com o grupo, o que os faz compartilhar e se sentirem parte dos seus sucessos e fracassos.

Por outro lado, a homogeneidade percebida dentro do grupo está associada ao desejo de manter o caráter distintivo positivo dele. Os membros de um grupo geralmente pensam que o seu grupo compartilha muitas coisas e que todos os seus membros são semelhantes. Dessa forma, costumam ver uma maior homogeneidade dentro do grupo do que realmente existe.

Portanto, as pessoas que se identificam muito com o seu grupo provavelmente rejeitarão membros de outros grupos, porque os consideram diferentes. Se uma pessoa pertence a um grupo extremista, como os neonazistas, tentarão se diferenciar o máximo possível de outros grupos, como os skinheads, por mais que compartilhem algumas características.

Pessoas com pés e mãos unidos

A diversidade da identidade social

Esses diferentes componentes da identidade social levam as pessoas a se identificarem de diferentes maneiras nos grupos. Alguns podem enfatizar a sua homogeneidade e tentar distinguir-se de outros grupos. Outros podem se concentrar em ser solidários com os membros do seu grupo ou dar muita importância à centralidade.

Podemos encontrar um exemplo prático disso no debate existente na Espanha sobre a independência da Catalunha. Há pessoas que se identificam como espanholas e como catalãs ou apenas com um dos dois grupos sociais. Mas essa identificação não é a mesma para todos. Alguns podem se identificar com a centralidade dos catalães e perceberem a Espanha como uma ameaça, enquanto outros tentam imitar os membros mais representativos do seu grupo.

Essas diferenças na identidade social tornam a identidade de cada pessoa diferente e dão mais importância a um ou a outros aspectos do grupo. Portanto, as pessoas que pertencem a vários grupos existentes que se identificam com a Espanha ou Catalunha podem ter diferentes maneiras de se identificar com cada um deles.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.