Inteligência estética: a capacidade de enxergar a beleza

Inteligência estética: a capacidade de enxergar a beleza
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Escrito por Sonia Budner

Última atualização: 29 dezembro, 2022

Não é fácil descrever o conceito de beleza. Inúmeros pensadores e filósofos já tentaram fazer isso com maior ou menor sucesso. É um padrão estético? Uma combinação da cor e da forma? Um sentimento? Ou um prazer espiritual? O psicoterapeuta e filósofo italiano Piero Ferruci, com a sua teoria da inteligência estética, propõe uma maior compreensão do que é a beleza a partir da reflexão sobre a feiura e os efeitos que ela tem sobre nós.

A violência contra os animais, os maus-tratos infantis, as guerras, as catástrofes e os danos contra a natureza; muitas vezes é necessário se deparar com a feiura destrutiva para entender o que é a beleza e deixar de vê-la como algo superficial, sentimental ou ambíguo. Seja o que for a beleza, ela parece possuir um extraordinário poder curativo da alma.

A inteligência estética é uma maneira de entender o que é belo

Neste ponto, costuma-se ter a dúvida de por que algumas pessoas acham algo extremamente belo, e para outras essa mesma coisa não tem nenhuma beleza. Existem muitas ocasiões em que alguém encontra a beleza onde outra não consegue enxergá-la. Isso é, basicamente, a inteligência estética: ver o belo onde outras pessoas não veem nada.

A inteligência estética diferencia três componentes principais que definem o grau de percepção estética. Eles são basicamente a compreensão estética, a profundidade da experiência e a capacidade de integrar a beleza. Estas três variáveis acontecem em graus e maneiras diferentes em todos nós.

Pluma flutuando

A categoria estética

Quem possui uma gama estética mais ampla pode notar a beleza em mais situações. Por exemplo, existem pessoas que não veem a beleza somente na música, mas também na poesia, em um filme, uma paisagem, na decoração de uma casa ou no som da chuva no telhado.

São pessoas capazes de notar a beleza nas mil situações simples da vida cotidiana. Esta forma de entender a beleza não é comum a todas as pessoas, e pode ser que este fato derive na banalização da beleza, em termos gerais, como algo restrito à aparência física.

A profundidade da experiência

A experiência da percepção da beleza também varia de uma pessoa para outra. Notar a beleza pode “tocar” vagamente alguém que a enxerga, sem comovê-la. Ela experimenta isso como algo “externo” à sua pessoa, e não é influenciada de uma maneira muito relevante.

No entanto, a mesma característica bela de uma coisa pode despertar algo bastante intenso em outras pessoas. Existem momentos em que a beleza impregna todo o nosso ser; ela nos surpreende e provoca sentimentos difíceis de explicar devido a sua intensidade. Não sabemos explicar como ela nos faz sentir. É uma emoção de prazer bastante intensa.

A capacidade de integrar a beleza

A capacidade de integrar a beleza percebida explica por que existem belezas que “tocam” e belezas que “modificam”. Tentamos integrar a beleza quando ela não só nos toca, mas também nos modifica, altera o nosso pensamento.

“Depois de experimentá-la, a beleza continua trabalhando dentro de mim; ela influencia a forma de me relacionar com os outros, de agir no mundo, e inclusive a minha relação com o planeta onde vivo. Vejo e sinto as conexões de uma experiência de beleza. Ela acontece em todos as áreas da minha vida”.
– Piero Ferruci –

A experiência da beleza enriquece as nossas vidas

No conceito de inteligência estética parece existir uma diferenciação clara. As pessoas com uma compreensão estética mais limitada têm também um mundo mais pobre e restrito e uma personalidade menos flexível.

Parece haver coincidências entre este tipo de pessoas e a sua capacidade de adaptação nos entornos e nas novas circunstâncias; elas têm mais problemas para gerenciar as mudanças.

Olhar feminino com feixe de luz

Por outro lado, as pessoas com uma ampla compreensão estética desenvolvem personalidades mais curiosas, mais abertas a aprender e abraçar novas ideias e projetos, com uma grande capacidade de se impressionar e desfrutar aprendendo.

Elas são muito mais flexíveis com as circunstâncias, com as outras pessoas e com si mesmas. Elas têm mais capacidade de se relacionar com os outros, uma melhor autoestima e um espírito vital mais intenso.

Para muitas pessoas, rodear-se de beleza é algo necessário para a felicidade. Piero Ferruci diz, em seu livro Beleza para curar a alma, que a privação da beleza pode gerar depressão, inquietude, uma agressividade inexplicável e uma profunda sensação de futilidade.

“Pode-se viver sem justiça, sem verdade e sem beleza. A questão é se a vida continua valendo a pena”.
– Carlos Fernández Liria –


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.