No que consiste a lei do mínimo esforço?

No que consiste a lei do mínimo esforço?
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 09 novembro, 2017

A lei do mínimo esforço reflete uma verdade que quase todo mundo conhece, por puro senso comum. Ela diz que quando algo pode ser feito de diferentes maneiras, sempre a melhor opção é a que implica o menor gasto de energia. Por quê? Porque é mais eficiente: nos leva a obter o mesmo resultado realizando menos esforços.

O esforço é um atributo que confere mais valor, objetivo e subjetivo, aos projetos. Uma pedra preciosa tem mais valor porque é mais rara e, portanto, é preciso realizar mais esforços para encontrá-la. Uma meta alcançada é mais valorizada quando traz implícita a superação de grandes obstáculos. Assim, em princípio, podemos dizer que estamos de acordo que o esforço é um valor positivo e louvável.

No entanto, nem sempre um esforço maior gera melhores resultados. Por exemplo, é possível fazer contas à mão. Somar, subtrair e fazer todas as operações através de cálculos manuais. Mas também é possível conseguir o mesmo resultado usando um software em muito menos tempo e com uma garantia maior de ausência de erros. Nesse caso, a quantidade de esforço empregado não é proporcional aos resultados obtidos. Na verdade, no primeiro caso, houve um desperdício de energia.

A lei do mínimo esforço não se propõe a eliminar a dificuldade nem nos encoraja a escolher apenas tarefas fáceis. O foco se concentra sobretudo em encontrar uma maneira de reduzir o esforço necessário para alcançar um objetivo. Vamos analisar com mais detalhes a seguir.

 “O segredo da minha felicidade está em não se esforçar por prazer, mas em encontrar o prazer no esforço.”
-André Gide-

Mulher voando e pintando borboletas

1. Os obstáculos e a lei do mínimo esforço

A lei do mínimo esforço está estreitamente relacionada com renunciar ao controle e deixar tudo fluir naturalmente. Algumas pessoas podem pensar que se trata de uma perspectiva que exalta excessivamente uma atitude de descontração ou de despreocupação, mas não é verdade. Uma coisa é buscar o caminho mais simples, outra muito diferente é ser negligente e irresponsável.

No fim, trata-se de assumir uma nova posição frente aos obstáculos. As dificuldades estão aí. Nós as encontramos na maioria das tarefas cotidianas. Às vezes realizamos esforços enormes e, apesar disso, as coisas não saem como esperávamos. Nós nos sentimos exaustos por tudo que precisamos fazer e cada vez custa mais empenhar a nossa vontade para conquistar o objetivo proposto.

A atitude obsessiva frente ao trabalho nos leva facilmente ao estresse e, em seguida, ao bloqueio. É nesse momento que ficamos entre a total resistência em continuar trabalhando e a obrigação de fazer o trabalho. A energia emocional que empregamos nessa questão é tanta que acabamos completamente exaustos, ao mesmo tempo em que nossos resultados não são os melhores.

Apenas um passo separa essa situação da frustração constante. O que fazemos não é proporcional ao que conquistamos. Lutamos muito para nos concentrar nesses compromissos de trabalho e acabamos ficando cansados. Mas mesmo assim precisamos cumprir com o nosso dever. É nesse momento em que percebemos um dos princípios da lei do mínimo esforço: a produtividade não depende da quantidade de energia empregada, mas da clareza e da inspiração que orientam as ações.

Homem sem camisa com asas

2. A inspiração e a produtividade

Segundo a lei do mínimo esforço, o fácil em princípio deve ser considerado como positivo. Essa lei também coloca que menos é mais e que “bom” é suficiente. Em outras palavras, os caminhos mais simples, que implicam menos esforços, são os melhores. Mesmo assim, salienta que há situações nas quais uma atitude menos perfeccionista pode nos levar a obter melhores resultados.

Há muitas maneiras de fazer as coisas, mas nem sempre estamos conscientes disso. Às vezes nem sequer sabemos ao certo qual é o método que utilizamos. Talvez estejamos acostumados a realizar as atividades da mesma maneira como vemos os outros fazendo ou como alguém nos disse que devemos realizar. Mas não paramos para pensar se na verdade o caminho que escolhemos é o melhor para atingir nossa meta.

A lei do mínimo esforço diz que se você se sente exausto, bloqueado ou farto de uma atividade, não deve continuar. Seu corpo e sua mente estão gritando para você parar. Você chegou a esse ponto por realizar as tarefas de uma maneira mecânica e está pagando o preço. Ao ficar quieto, ao não fazer nada, ou ao realizar uma pausa, você induz uma mudança no esquema.

É o momento de fazer alguma coisa para recarregar suas energias. Alguma coisa gratificante que permita obter uma perspectiva diferente. Depois, o passo seguinte é refletir sobre como você enfrenta os seus compromissos. Existe uma forma mais simples de realizá-los? Existem passos desnecessários que você poderia eliminar? Pense em cinco maneiras diferentes de fazer a mesma coisa. Analise. Questione. Deixe a criatividade fluir. Permita que a inspiração apareça e você vai ver como surgem métodos melhores e, sobretudo, mais fáceis.

Mulher com o rosto pintado

3. A mente deve encontrar um caminho para fluir

Estamos de acordo que uma mente fluida é mais eficaz e poupa muitos esforços. O que muitas vezes não sabemos é a maneira de conseguir permitir o fluxo da mente. Segundo os princípios da lei do mínimo esforço, devem ser cumpridas cinco condições para que isso ocorra. São as seguintes:

  • Trabalhe em você para reclamar menos e parar de culpar os outros.
  • Não tente mudar uma situação porque sim, mas aceite-a, procurando compreendê-la.
  • Tente observar seu problema como se você fosse um espectador, e não o protagonista.
  • Abra a mente e seja permeável às novas opções e aos novos caminhos.
  • Trabalhe para encontrar novas respostas e soluções, até que apareça alguma que realmente motive você a agir.

A resistência obstinada a aceitar as situações contribui apenas ao bloqueio. As reclamações, o culpar os outros e o renegar da realidade são formas de resistência. Quando você consegue superar essa rejeição à mudança de esquema, dá o passo decisivo para que a mente comece a fluir. Isso facilita o desenvolvimento da inspiração, com toda sua força criadora.

4. O mais importante: se divertir

Quando desfrutamos do que fazemos, geralmente obtemos melhores resultados. Isso é óbvio. Nos empenhamos naquilo que prende a nossa atenção e o nosso interesse. É um prazer nos dedicar a isso. O tempo voa e nós não nos preocupamos em fazer um esforço a mais para que tudo saia melhor. Nós fluímos.

Existe realmente uma maneira para que possamos desfrutar das nossas obrigações? Sempre há uma maneira de vincular qualquer atividade a jogos. Vamos supor que o que devemos fazer é algo entediante e mecânico, como inserir 500 registros em uma base de dados. E se tentarmos propor uma competição com nós mesmos? Por exemplo, medir o tempo e sempre tentar superar a nossa própria marca.

Mulher brincando com bolhas de sabão

A ciência diz que uma forma de nos ajudarmos a fazer essas tarefas que se mostram completamente entediantes é trabalhando nelas em intervalos de 20 minutos. Após esse período de tempo, sempre devemos fazer uma pausa, um descanso. Em seguida, repetir o ciclo. Você já tentou fazer isso? Tente e você vai ver como o número de erros diminui.

Conclusão: ser flexível

Colocar em prática a lei do mínimo esforço para que o rendimento seja benéfico requer inteligência. Boa parte das nossas atividades se desenvolvem em uma dinâmica na qual o que importa é a inércia. Raramente nós nos questionamos se o procedimentos rotineiros que oferecem bons resultados poderiam ter uma alternativa mais eficiente.

Assim, algumas das nossas “custosas” rotinas vão se transformando em uma espécie de camisa de força. Não apenas condicionam as nossas ações, como também condicionam o nosso pensamento, o que é mais importante ainda. Sem percebermos em que momento começou, acabamos vivendo a partir de esquemas rígidos, aos quais nos sentimos presos. É aí que a lei do mínimo esforço pode nos ajudar a escolher caminhos mais construtivos e eficientes.

O mais importante dessa perspectiva é que ela se centra na criatividade e no prazer. Também podemos introduzir hábitos que nos estimulem a ser mais imaginativos e a pensar mais no nosso próprio bem-estar. Escolher o caminho mais fácil nos torna melhores e nos permite alcançar resultados mais importantes.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.