Manipulação emocional: uma forma comum de resolver conflitos internos

Manipulação emocional: uma forma comum de resolver conflitos internos
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 27 julho, 2019

Você já deve estar acostumado a ouvir falar sobre a manipulação emocional, a forma de agir do manipulador e as vítimas que ele deixa no seu caminho. Sem dúvida, é um dos comportamentos que mais efeitos prejudiciais geram na vítima, principalmente pelo seu caráter silencioso e letal.

O manipulador emocional tem um plano de ação perfeitamente definido na sua cabeça. Ele conhece as fraquezas da sua vítima e sabe como remover as suas defesas para se impor. Ele age como se fosse a vítima e o outro o culpado: convence a outra pessoa a lhe dar razão e fazer o que ele deseja.

Eles conseguem gerar certas emoções no outro, dependendo do que lhes interessa. O plano, como dissemos anteriormente, já está traçado. Não hesitam e usam todos os meios possíveis para manipular a vontade do outro, usando-a como uma ferramenta para os seus propósitos.

A dissonância cognitiva: a origem da manipulação emocional

Os manipuladores utilizam o que na psicologia é chamado de “dissonância cognitiva”. A dissonância cognitiva refere-se ao conflito interno que sentimos quando temos duas ideias contraditórias ou incompatíveis na nossa mente, ou quando um pensamento não se encaixa no nosso sistema de crenças ou comportamento.

Manipulação emocional

Este conflito interno, essa tensão que corrói o pensamento, acaba gerando um resultado bastante curioso. Nós nos enganamos para evitar essa sensação de desenraizamento cognitivo onde entramos sem perceber. Essa sensação de inconsistência interna nos atordoa de tal forma que faremos o possível para eliminá-la.

Nós precisamos sentir uma coerência interna entre o que sentimos e o que pensamos, entre as nossas crenças e as nossas atitudes… entre o que pensamos e a forma como agimos. Quando nos encontramos nessa encruzilhada, sairemos dela a qualquer custo, mesmo que seja agarrados nas mãos do autoengano.

O autoengano é o subterfúgio por excelência de toda a dissonância cognitiva

Faremos tudo que é necessário para não suportar por muito tempo esse sentimento de inconsistência interna. Evitaremos tomar consciência de toda informação que aumenta essa dissonância e “fecharemos os olhos” para tudo o que possa nos desestabilizar ainda mais.

O manipulador emocional sabe como agir diante da dissonância cognitiva enganando a si mesmo para alcançar o seu objetivo. Por exemplo, existem pessoas que não conseguem terminar um relacionamento de casal; então, elas farão tudo o que estiver ao seu alcance para reverter a situação e para que o outro termine essa relação.

Jorge quer deixar Maria porque acabou de conhecer outra garota por quem sentiu uma “conexão” especial. Maria, por outro lado, que não sabe nada disso, não quer terminar o namoro porque está muito apaixonada por ele. Diante desta situação, Jorge fará todo o possível para que Maria termine esse relacionamento de uma vez por todas. Mais tarde, ela se sentirá a única responsável pelo fim. Jorge dirá: “Oh, não! Você foi quem me deixou, eu nunca disse isso!”

Representação de manipulação emocional

O manipulador transfere a culpa para o outro e se livra dela

Diante do desconforto causado pelo confronto entre o que ele gostaria de ser, alguém fiel, e o que está sendo nesse momento, Jorge escolhe manipular Maria emocionalmente para que ela resolva a situação… seja a culpada pelo término do namoro. Provavelmente, Maria não entende o que realmente está acontecendo, porque poucos podem conceber ter um parceiro que age assim. Por outro lado, o comportamento de Jorge pode não ser consciente.

Nesse caso, Jorge não se vê terminando um relacionamento e muito menos que o motivo seja porque outra garota apareceu na sua vida. Na sua cabeça ele não quer o papel de vilão na relação, e para proteger-se faz o papel de vítima. Para não aceitar essa realidade, para não assumir a sua responsabilidade, manipula Maria até que a corda se rompa definitivamente, sem se importar com o quanto ela possa sofrer.

Se Maria é a pessoa que o deixou, então ele não precisa se sentir culpado por querer deixá-la por outra pessoa. Porque isso “pega mal” e pode manchar a sua reputação. Em vez disso, desta forma, ele resolve o conflito interno e sai “beneficiado” desta batalha.

Por tudo isso, a manipulação emocional muitas vezes é o resultado de um caos cognitivo do qual a pessoa procura se livrar de qualquer maneira. Elas buscarão um executor, um culpado que as torne vítimas ou que as coloque em uma situação que justifique os seus pensamentos ou os seus comportamentos.

O outro será sempre o culpado. Elas serão sempre as vítimas infelizes nos seus relacionamentos tomados pela manipulação emocional.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.