Qual é a influência de um membro com demência na família?

Qual é a influência de um membro com demência na família?
Laura Reguera

Escrito e verificado por a psicóloga Laura Reguera.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Você já parou para pensar em qual é a influência de um diagnóstico de demência na família? Trata-se de uma situação extremamente difícil que, infelizmente, vem se tornando cada vez mais comum.

Nos últimos anos a expectativa de vida têm aumentado consideravelmente: vivemos mais e com melhor qualidade. Claro que isso é positivo, mas também significa que foram aparecendo uma série de problemas de saúde que anteriormente não ocorriam.

Falo da demência. A passagem do tempo implica, em alguns casos, uma deterioração a nível cognitivo que faz com que a pessoa que a sofre vá tendo cada vez mais dificuldades para permanecer sozinha. De fato, é a principal causa de dependência nos países desenvolvidos. Como essa situação afeta a família?

“A demência é como um momento de dúvida em que não saberia se devo confiar em meus olhos ou em minha memória, porque ambos parecem capazes de cometer os mesmos erros insidiosos.”
-John Katzenbach-

As causas dos conflitos quando há um membro com demência na família

Em todas as famílias há fontes de conflito no dia a dia que vão se resolvendo da melhor ou da pior maneira, dependendo das habilidades que seus membros tiverem para resolver problemas. O caso é que, quando há um membro com demência na família, essas causas de discussões e tensão aumentam.

Isto acontece porque a demência envolve o surgimento de diversas causas de estresse que anteriormente não aconteciam. Em primeiro lugar, muitas vezes há uma falta de informação sobre a doença. Além disso, é difícil determinar como será sua evolução, o que gera grande incerteza entre os membros da família.

“A demência come o pensamento do paciente e, por sua vez, destrói os sentimentos daqueles que o amam e cuidam dele.”
-Nolasc Acarín Tusell-

Senhora idosa tirando foto

Por outro lado, os cuidados que uma pessoa com demência requer geralmente implicam grandes despesas financeiras, pois podem precisar contratar pessoas para atender às suas necessidades, levá-las para um centro de dia ou colocá-las em uma residência para idosos. Também podem surgir conflitos porque não há muito tempo disponível para cuidar de outros membros da família.

Além disso, surgem desentendimentos sobre quem deve cuidar da pessoa que sofre de demência, e alguns também podem considerar que os outros não estão tomando decisões certas ou que estão buscando seu próprio interesse.

O que faz com que os conflitos sejam mantidos quando há um caso de demência na família?

Agora que conhecemos as fontes de conflito, precisamos saber por que não são resolvidos para aprender a fazê-lo. O bloqueio da comunicação entre os diferentes membros da família é o principal motivo que dificulta encontrar uma alternativa que satisfaça todos.

Esse bloqueio faz com que alguns familiares tenham dificuldade para expressar como se sentem e o que pensam sobre a demência. Também pode surgir o medo de pedir ajuda aos outros no caso de uma discussão.

Por outro lado, pode ser que os filhos possam ter tido problemas no passado com a pessoa que agora está doente. Isso pode fazer com que surja a culpa e que respondam de forma mais agressiva para com os outros membros da família. Finalmente, pode aparecer uma espécie de competição entre os irmãos para mostrar quem é o melhor cuidador.

Senhora idosa com dificuldade para andar

O que pode ser feito para que os conflitos relacionados à demência sejam resolvidos?

Ter alguém com demência na família será uma situação complexa para todos, mas é possível minimizar o surgimento dos conflitos que acabamos de explicar. Para isso, é importante modificar todas essas dinâmicas prejudiciais que influenciam o processo.

Nesta linha, é de vital importância trabalhar a comunicação. Ser capazes de expressar nossas emoções e opiniões em relação à doença nos ajudará a resolver as diferentes brigas. Por outro lado, não devemos esquecer que isso será mais fácil quanto mais coesa for a família e quanto maior for o apoio e o compromisso entre seus diferentes membros.

“Peça uma mão que aperte a sua, um coração que cuide do seu e uma mente que pense por ele quando ele não puder fazê-lo; alguém que o proteja em sua jornada através das perigosas voltas e curvas do labirinto.”
-Diana Friel-

Além disso, sermos capazes de nos adaptarmos com flexibilidade às mudanças de papéis e rotinas que podem ocorrer leva a um maior suporte no cuidado. Finalmente, é importante sermos capazes tomar decisões de forma centrada. Tudo isso irá ajudar a família a se adaptar melhor à demência e a sofrer menos com ela.

Imagens cortesia de Cristian Newman, Tiago Muraro e Alex Boyd.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.