Melhore sua autoestima com mindfulness

Melhore sua autoestima com mindfulness
Marián Carrero Puerto

Escrito e verificado por a psicóloga Marián Carrero Puerto.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Você sabia que pode tirar proveito do mindfulness para melhorar a autoestima no seu dia a dia? Embora definir este conceito não seja uma tarefa simples, é muito importante aprender a desenvolvê-la para que possamos viver de forma mais saudável e plena.

Poderíamos dizer que a autoestima é a parte emocional derivada do modo como nos vemos, ou seja, são as emoções que surgem a partir da forma como acreditamos ser. Essas emoções, por sua vez, geram pensamentos, comportamentos e outras emoções que acabam reforçando o autoconceito. Por isso, melhorar nossa autoestima é uma tarefa difícil, mas ao mesmo tempo fácil, porque podemos controlar essas variáveis com algum esforço.

Nesse contexto, o mindfulness engloba um conjunto de propostas que têm um objetivo comum: recuperar a consciência plena, a atenção ou presença atenta e reflexiva, que consiste em estar presente no aqui e no agora. A proposta é sermos observadores de que nos acontece, sem julgar. Trata-se de experimentar os sentimentos e ter abertura para experiências com o menor nível de preconceitos e filtros possível.

A escada da autoestima

Vamos entender a autoestima como um elemento principalmente sensível a cinco processos. Estes seriam os seguintes:

  • Autoconhecimento. Conhecer a nós mesmos, com nossos defeitos e nossas virtudes. O positivo e o negativo fazem parte do nosso jeito de entender a vida. Não podemos confundir isso com o socialmente aceito. Podemos escutar o que os outros pensam, é claro, mas somos nós que decidimos em que acreditar, formando a nossa ética e condicionando, assim, nosso autoconceito e a nossa autoestima.
  • Autoaceitação. Aceitar aquilo que não podemos mudar agora ou que até poderíamos, mas é melhor nem tentar porque seria uma mudança que exigiria muitos recursos de nós que não estamos prontos para dar. Em qualquer dos casos, longe de ficar projetando o futuro, o ideal é aproveitar a possibilidade que o presente oferece para se conciliar com a pessoa que somos agora.
  • Autovalorização. É a capacidade que as pessoas têm de dar valor para suas próprias virtudes e habilidades, tanto no plano físico quanto no intelectual. Esse passo é um dos mais importantes a serem dados: para alguns é muito trabalhoso reconhecer que há habilidades que não temos e outras coisas nas quais somos muito bons.
  • Autorrespeito. Muitas pessoas pensam que não merecem aquilo que têm ou que podem ter. Respeitar a si mesmo significa dar lugar a um diálogo interno que nos fortaleça, e não que nos destrua, alimentar emoções de valência positiva e não negativa, e colocar em marcha comportamentos que não nos prejudiquem, castiguem ou repreendam.
  • Autossuperação. Conhecer a si mesmo é o primeiro passo para se superar. Se conseguirmos realizar as 4 etapas anteriores, poderemos ter um bom autoconceito e uma autoestima saudável.
Coração de papel

Mindfulness para melhorar a autoestima: como chegar lá

Uma vez que estejamos familiarizados com os cinco fatores que influenciam, e muito, a nossa autoestima, vamos ver como podemos trabalhá-los mediante a prática meditativa de mindfulness. Trata-se de trabalhar um ponto de cada vez, com base em um plano e seguindo uma ordem.

Para usar o mindfulness para melhorar a autoestima, realizaremos uma série de exercícios e meditações guiadas, focadas em cada um dos componentes da autoestima que detalhamos anteriormente.

Autoconhecimento

A prática poderia ser iniciada do seguinte modo:

Adotaremos uma postura confortável, sossegada e relaxada, colocando nossa mente no aqui e agora, momento a momento. Inspiramos o ar e observamos nossa respiração, tomando consciência de como o ar entra pelo nosso nariz e invade os nossos pulmões e todo o abdômen. Finalmente, expulsamos o ar.

Em primeiro lugar, devemos nos concentrar em três defeitos, e depois em três virtudes nossas. Uma vez que formos conscientes dos nossos defeitos e virtudes, vamos observá-los como partes de nós. Lembremos que todos eles são necessários, que nos fazem únicos e especiais. Desse modo, devemos observá-los sem julgá-los, sem nos julgar.

Suavemente, abrimos os olhos e vamos nos movendo lentamente.

Duração: 10 a 15 minutos.

Compreender quem você é é muito mais importante do que perseguir aquilo que você deveria ser. Porque se você compreender quem você é, começará um processo de transformação espontânea. Enquanto se você tentar se tornar aquilo que acha que deveria ser, não haverá nenhuma mudança, só permanecerá o mesmo com uma aparência diferente.

Autoaceitação

O processo de autoaceitação é, sem dúvida, o passo mais difícil de superação pessoal. Quase todas as pessoas querem melhorar algo de si mesmas por não estarem contentes com algum conteúdo próprio, podendo ser relativo ao seu corpo, a sua personalidade ou a sua forma de agir.

Da mesma forma que fizemos com o autoconhecimento, vamos fazer uma prática relacionada com a meditação, mas agora nos concentrando na autoaceitação. Aceitar as características que não gostamos em nós mesmos não é fácil, mas é necessário para melhorar a nossa autoestima.

Começamos novamente adotando uma postura cômoda e relaxada. Tomamos ar e nos concentramos na nossa respiração. Deixamos de lado todos os nossos preconceitos e julgamentos, e nos limitamos a aceitar o que observamos. Aceitamos quem nós somos com nossas características positivas e negativas, nossas virtudes e nossos defeitos, nossas luzes e nossas sombras.

Fixamos nossa atenção naqueles defeitos que identificamos anteriormente e os observamos e os aceitamos como parte de nós. Vamos repetir a seguinte frase toda vez que observarmos um defeito: “Me aceito completamente e profundamente”. Isso é o mesmo que dizer “Me amo e respeito completa e profundamente”.

Já em relação às virtudes, voltamos a inspirar e nos concentramos em uma delas. Observamos a virtude. Olhamos e deixamos que ela se vá. Então, vamos nos despertando desse estado de semiconsciência meditativa e abrimos lentamente os olhos, movendo nossas mãos, pernas e demais partes do corpo. Como podemos ver, usar o mindfulness para melhorar a autoestima é possível a partir da autoaceitação.

Duração: 10 a 15 min.

Mulher meditando diante de lago

Autovalorização

Essa fase não é o momento de ser modesto. É exatamente o contrário. Escolha um caderno e escreva qualquer aspecto que você acredite que seja bom em você, e valorize-o como ele merece.

Não se preocupe em tentar hierarquizar esses aspectos. Cada pessoa tem diferentes qualidades e devemos estar orgulhosos delas.

Autorrespeito

As necessidades e desejos são inerentes ao fato de viver, e fazem parte de qualquer caminho em direção à felicidade. Temos que pelo menos tentar respeitar a pessoa que somos, buscar nossas habilidades e tentar guardar um espaço para as emoções de valência positiva, sejam quais forem as circunstâncias de um dado momento.

Tratemos então de não nos culparmos pelos erros, e de não calcular os sentimentos de felicidade em comparação com outras pessoas. Se nós acreditamos que estamos fazendo algo bom, não há nada de errado em se sentir feliz por isso.

Autossuperação

Como último ponto por meio do qual podemos usar o mindfulness para melhorar a autoestima, chegamos finalmente à autossuperação. Se a pessoa se conhece, sempre poderá se superar na sua vida pessoal.

É importante, como já dissemos anteriormente, conhecer a si mesmo, aceitar todas as suas características, dar valor a si mesmo e se respeitar. Só dessa forma poderemos nos superar a cada dia e melhorar a nossa autoestima, seja com o mindfulness ou com outras técnicas. Isso favorecerá a tomada de decisões e a resolução de problemas que surgem no nosso cotidiano.

Resumindo o que vimos até agora, é possível contar com o mindfulness para melhorar a autoestima. Para isso, devemos nos conhecer, aceitar, valorizar, respeitar e, mais tarde, também nos superar. É importante seguir todos os pontos que acabamos de ensinar. É impossível alcançar a felicidade e estar bem com nós mesmos se não seguirmos esses diferentes passos.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.