A motivação na educação

A motivação na educação
Alejandro Sanfeliciano

Escrito e verificado por o psicólogo Alejandro Sanfeliciano.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A motivação é um dos aspectos essenciais que devem ser levados em consideração quando falamos de educação. Um sistema educativo que ajuda os alunos a aderir às tarefas e a cumprir todas as suas obrigações é a opção que deve ser buscada para criar uma aprendizagem de qualidade. Para chegar à motivação na educação, temos que fazer uma análise exaustiva sobre os aspectos motivacionais da vida.

A existência de uma alta variabilidade interpessoal é a primeira grande questão que surge quando falamos de motivação dentro do sistema educacional. Isso quer dizer que cada aluno tem tanto motivos para aprender quanto um processo motivacional diferente do outro. Por esse motivo, não existe uma estratégia mágica que motive todos os alunos de uma vez só e de forma igual. No entanto, se estudarmos os fatores de variabilidade poderemos ter alguma noção na hora de enfrentar esse problema.

Nesse artigo explicamos três aspectos que fazem parte desse complexo tema, o estudo da motivação na educação. São eles: o interesse, a autoeficácia e a orientação para metas. Vejamos a seguir.

Motivação na educação baseada no interesse

O interesse do aluno pelo conteúdo tema do estudo é um aspecto essencial da motivação. Em muitos casos essa variável é subestimada, superestimando, pelo contrário, o nível de resiliência dos alunos para aprender de forma geral e o esforço que isso gera. Isso é um grande erro, já que se um conteúdo é chato e entediante para um aluno, o esforço realizado pelo estudante será, em grande parte, improdutivo. Além disso, quando a matéria é interessante, o esforço é categorizado como algo positivo e satisfatório para o indivíduo, e não como um martírio que deve ser enfrentado.

Por outro lado, para entender em profundidade a variável interesse dentro da motivação na educação, é importante considerá-la a partir de diferentes pontos de vista. O interesse pode ser tratado a nível individual, focando os interesses particulares de cada indivíduo, ou também de maneira situacional, centrando-se no fato de que a forma de apresentar o conteúdo pode ser interessante.

Quando falamos de interesse individual, as conclusões são, em grande parte, óbvias. Quando uma matéria ou um tema de uma matéria atrai um estudante, o rendimento aumenta proporcionalmente. Isso ocorre devido ao fato de que o interesse promove comportamentos de exploração e pensamento construtivo ao redor do tema de interesse.

Agora, se falamos de interesse situacional estamos em um terreno um pouco mais incerto. Como fazer uma matéria se tornar mais interessante? John Dewey afirmava que as matérias não são nada interessantes se o objetivo que o professor passa é decorar fatos, ainda mais se esses parecem irrelevantes. Para uma matéria ser interessante, temos que apresentá-la de modo que os alunos possam entender sua complexidade, já que o simples fato de entender algo já é atrativo para qualquer ser humano. O problema nasce quando a instrução não é adequada e o aluno não compreende a matéria. Dessa forma, os dados que o aluno aprende carecem de significado, sentido, e o interesse diminui.

Motivação na educação baseada na autoeficácia

A autoeficácia é outro dos aspectos centrais na hora de estudar motivação dentro da educação. Essa é entendida como uma expectativa ou julgamento pessoal sobre a própria capacidade para realizar uma tarefa. Ou seja, a crença acerca de si mesmo, se a pessoa é competente ou não para fazer aquilo. É importante não confundir os conceitos de autoeficácia e autoconceito. O primeiro é um juízo específico acerca de uma determinada tarefa, e o segundo é uma ideia genérica sobre as características e capacidades próprias.

Uma autoeficácia alta ajuda o estudante a aumentar sua motivação em relação ao estudo e em relação à aprendizagem. Isso acontece porque ser bom é algo que provoca uma reação muito gratificante no ser humano. Ao contrário, uma baixa autoeficácia pode ser muito negativa se estamos falando de motivação, já que o cérebro atua como um mecanismo de defesa para manter nossa autoestima. Então, aquelas tarefas em que temos muita dificuldade ou que não sentimos que somos especialmente capazes de cumprir têm maior chance de se tornarem desinteressantes para nós.

Um dos maiores equívocos do nosso sistema educacional é a grande importância dada ao erro, além do hábito de premiar o sucesso em relação aos outros alunos. Quanto ao primeiro aspecto, temos que ter em mente que focar em penalizar os erros e os enganos, dando importância exagerada ao castigo e à punição, pode desencadear uma reação sem volta com grande prejuízo para o sentimento de autoeficácia. Por outro lado, quando recompensamos o sucesso em relação aos outros, mas não em relação a si mesmo – por exemplo, José tirou a melhor nota da sala, vamos todos aprender com ele – o que acontece é que todos os outros alunos são colocados como fracassados, o que tem uma consequência direta na autoeficácia.

A melhor maneira, portanto, de gerir e impulsionar o sentimento de autoeficácia é proporcionar instruções e feedbacks baseados em potencializar os pontos fortes dos alunos e reforçar os fracos. Além disso, a avaliação do sucesso deve ocorrer com base na superação pessoal, e não em relação aos demais.

Motivação na educação baseada na orientação para metas

A orientação para metas é a direção que a motivação do aluno vai tomar. Ou seja, as razões ou os motivos pelos quais o estudante desenvolve o comportamento voltado para a aprendizagem. Sobre esse aspecto, temos que lembrar que, dependendo dessas razões, o processo motivacional muda. No contexto educativo poderemos nos concentrar em 3 metas distintas:

  • Rendimento-aproximação: nessa categoria entram os alunos que buscam tirar as melhoras notas da sala.
  • Rendimento-evitação: corresponde aos alunos que buscam não ser os piores da turma, ou evitar pegar recuperação ou repetir de ano.
  • Competência: faz referência aos alunos que buscam compreender a matéria em profundidade para se tornarem competentes no tema.

É justamente nesse contexto que podemos delimitar outro grande problema do sistema educacional. Os alunos com metas de rendimento-aproximação costumam tirar as melhores notas em relação aos demais. A motivação impulsiona os alunos a cumprirem seu objetivo. Ao contrário, ter metas de competência não tem relação com obter as melhores notas, mas sim com alcançar uma profunda compreensão sobre o tema.

Como é possível que aqueles que se preocupam com entender a matéria nem sempre tirem as melhores notas? A resposta está no fato de que para tirar as melhores notas é mais fácil aderir a uma aprendizagem baseada na memorização do que em uma compreensão profunda quando falamos do nosso sistema de avaliação. Esse princípio é rapidamente aprendido por aqueles estudantes que possuem uma meta de aproximação, enquanto os que buscam a competência precisam fazer mais esforço.

Como podemos ver, a motivação é um aspecto fundamental que devemos levar em consideração se queremos proporcionar uma educação de qualidade para os alunos. Agora, não basta apenas conhecer esses aspectos do tema; devemos também procurar uma aplicação adequada das estratégias e conhecimentos já existentes sobre a motivação. Porque motivar não é só despertar a inspiração e o interesse dos alunos, mas também transmitir a eles a mensagem de que são válidos e capazes de executar as propostas e perseguir suas metas para compreenderem em profundidade o conteúdo das diferentes matérias dadas.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.