O extraordinário legado de Nelson Mandela

O extraordinário legado de Nelson Mandela

Última atualização: 04 maio, 2015

Homens assim aparecem uma vez a cada século, no máximo. A sua vida foi uma exaltação aos mais altos valores humanos. Estranha combinação essa de Nelson Mandela: era, indubitavelmente, um homem de poder, um “animal político” até os ossos. Mas também soube manter a ética por cima do cálculo frio que costuma acompanhar os grandes líderes de massas.

Nelson Mandela foi, sobretudo, um exemplo de tenacidade. Sua assombrosa valentia e a sua persistência imensurável demonstrou ao mundo que se pode conseguir o impossível. Há algumas poucas décadas, a sua luta era apenas um esforço idealista e solitário, que não aparentava ter maiores possibilidades de triunfo. Hoje, despede-se da vida tendo feito uma completa transformação histórica sem precedentes em seu país. E o mundo inteiro chora a sua morte.

Ele tinha 44 anos quando foi condenado à prisão perpétua na tenebrosa prisão de Robben Island, na África do Sul. Era acusado de sabotagem e outros crimes relacionados com a subversão. Durante muitos anos, Mandela fez parte de um grupo que lutava violentamente para acabar com o apartheid no seu país.

Durante os primeiros nove anos de prisão, Mandela esteve praticamente ilhado do mundo. Era uma solidão que experimentava em uma cela mais do que estreita, onde dormia sobre uma esteira de palha. Ele estava proibido de falar. Estava autorizado a receber uma visita de meia hora a cada seis meses e escrever, no máximo, duas cartas ao ano.

Alguns anos antes de entrar na prisão, sua primeira filha havia falecido, sendo ainda um bebê lactante. Preso, teve que enfrentar a morte de seu primeiro filho homem, por conta de um acidente automobilístico.

Nessas condições atrozes, Nelson Mandela ganhou a sua primeira grande batalha. Não se afundou, não sucumbiu. Em vez disso, deu espaço para um profundo processo de reflexão sobre as suas convicções e os seus atos. Imagine depois de quantas reflexões foi replantada a violência como método e então começou a tecer uma nova maneira de encarar a sua luta. Também se formou como advogado, estudando por correspondência.

Dessas longas noites de solidão e reclusão surgiu um Nelson Mandela cheio de serenidade e sabedoria. Concluiu que somente os meios pacíficos poderiam levar seu país para a outra margem. Não era acabando com os brancos que os negros iam conseguir ocupar o lugar digno que lhes era negado. Se a África do Sul fosse diferente, teria conseguido por meio da persuasão, da negociação e da tolerância.

Depois de 27 anos de prisão, por fim lhe foi concedida a liberdade, em fevereiro de 1990. Pensando nesse momento, já havia se empenhado para convencer seus companheiros de cela sobre as ideias pacifistas. Cruzou a saída da prisão e logo foi encontrado pelos membros do Congresso Nacional Africano (o grupo onde realizou a sua militância) e depois as minorias brancas, que até então se mostravam herméticas diante dos direitos dos negros.

A popularidade de Nelson Mandela alcançou proporções insuspeitáveis. Não mais apenas um líder político: ele tinha se transformado no líder espiritual do seu país. A legitimidade da sua luta se fez inquestionável. Sua força era a força das ideias. E foi capaz de derrotar todos os ceticismos.

Ao sair em liberdade, converteu-se no interlocutor natural do Presidente Frederik de Klert. Os dois negociaram o processo de democratizarão da África do Sul e abriram uma nova era para o seu país. Ganharam juntos o Prêmio Nobel da Paz em 1993. No ano seguinte, Mandela foi escolhido como o primeiro presidente negro na história da sua nação. E os sonhos de reconciliação que tocou em tempos de reclusão tornaram-se realidade.

Nelson Mandela, uma prova fidedigna do poder das ideias e da palavra. Uma prova dos níveis de grandeza que a espécie humana pode alcançar. Uma dessas pessoas que deixam um mundo melhor do que o que existia quando nasceu.


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