O medo de adoecer está me matando

O medo de adoecer está me matando
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 14 setembro, 2020

A doença, a perda da saúde, é algo que ninguém deseja. O medo de adoecer está em todos nós. É um dos medos mais universais, relacionado com o medo da morte ou com o medo da loucura.

Uma pessoa que é saudável somaticamente e psiquicamente não quer morrer, já que mantém o instinto de autopreservação intacto. No entanto, às vezes esse medo da doença e da morte assume proporções exageradas, dificultando o processo existencial.

Pode ser muito difícil viver quando a nossa existência está inundada pelo medo da doença, da dor ou da morte. Inclusive pode até ser o caso de o medo da morte ser tão intenso que provoque um sofrimento insuportável, levando a pessoa ao suicídio nos casos mais extremos.

O medo de adoecer é real

As pessoas hipocondríacas são, especialmente, as que mais identificamos com esse medo. Um medo que, via de regra, as torna apreensivas e pessimistas. Elas imaginam um futuro cheio de dor, vírus, desconforto, doenças incuráveis, etc. Assim, não é raro acabarem realizando comportamentos compulsivos de higiene, como se lavar muitas vezes ao dia, para recuperar a sensação de controle.

Mulher cobrindo o rosto

Outra característica das pessoas hipocondríacas é a auto-observação contínua a que submetem seu corpo. Interpretam um pequeno desconforto, uma sensação corporal, uma mancha na pele, etc, como um sintoma de uma doença grave ou mortal. Submetem seu corpo a um exame contínuo, observando-o com uma lupa imaginária que amplia qualquer sinal que detectam.

Isso lhes gera uma grande ansiedade, por isso recorrem frequentemente ao médico. No entanto, são atacados por dúvidas contínuas que vêm de um fundo de insegurança da sua personalidade. Então, não ficam calmos quando o médico diz que eles não têm nada. Por outro lado, entendem que seu comportamento não é usual, mas também pensam que é lógico e coerente, imaginando que aquilo realmente está acontecendo.

Quando a doença é psicológica

Na verdade, não é que as pessoas hipocondríacas não tenham nada. Seu transtorno, longe de pertencer ao âmbito orgânico, é do tipo psicológico. No entanto, elas se recusam a aceitar que o que precisam é de um tratamento nesse sentido.

Pelo contrário, geralmente exigem que seu médico realize os exames complementares mais complicados. Estes exames podem consistir em análises de todos os tipos, radiografias, ultrassonografias, eletrocardiogramas, etc.

Depois desses exames, geralmente não ficam satisfeitas, pois continuam a pensar que seus desconfortos devem vir necessariamente de uma lesão orgânica e que o que acontece é que ninguém é capaz de descobrir essa lesão. Por outro lado, desconfiam dos remédios que são prescritos por qualquer motivo. Leem as bulas com cuidado, se assustando com a possibilidade de sofrer os efeitos colaterais descritos nelas.

Se decidem tomar medicação, o que só acontece em algumas ocasiões, sofrem com esses efeitos indesejáveis ​​por mera sugestão. Isso faz com que mudem continuamente de médico ou que consultem vários para verificar suas opiniões antes de decidir iniciar um tratamento.

A doença como o assunto sobre o qual gira seu mundo

As pessoas hipocondríacas também compram e leem enciclopédias médicas, sites de saúde e até mesmo participam de conferências para médicos, etc. Elas os verificam sempre que notam o menor sintoma ou quando alguém fala sobre uma doença que um conhecido contraiu.

Falar sobre doenças cria uma grande ansiedade, mas, por outro lado, é também o seu assunto preferido de conversa, já que é o que mais lhe interessa. De certa forma, toda a sua vida gira em torno do problema da doença e da morte.

Homem preocupado com seus problemas

A sociedade atual, em que a dor tem cada vez menos significado, favorece a apresentação de quadros hipocondríacos, que evidentemente estão se tornando mais frequentes. Vivemos em uma sociedade preocupada principalmente com o conforto, técnica e, em parte, desumanizada.

Outras vezes, o medo da doença tem uma base real. Então, o medo de morrer pode ser realmente intenso. Nos casos em que esta situação perdura por muito tempo, também é comum que surja uma síndrome depressiva, como no caso dos doentes terminais.

Em suma, as pessoas que têm medo de adoecer fazem toda a sua vida girar em torno do mesmo tema. Isso não lhes permite viver com plenitude e tranquilidade, muito pelo contrário. Os casos mais graves de medo de doenças envolvem um distúrbio psicológico chamado hipocondria.

A pessoa que mais sofre é o próprio paciente, mas é possível encontrar alívio por meio de um tratamento fornecido por um bom profissional de saúde mental.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.