Palavras que não ajudam uma pessoa em processo de luto

Quais frases podemos dizer para alguém que está passando por um processo de luto? Daremos alguns exemplos neste artigo.
Palavras que não ajudam uma pessoa em processo de luto
Adriana Díez

Escrito e verificado por a psicóloga Adriana Díez.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Quantas vezes você tentou desabafar com alguém e acabou consolando o outro? Você já sentiu alguma vez que precisava simplesmente ser ouvido e não que lhe dessem conselhos? Você já experimentou na pele a falta de atenção real no momento em que precisava? Então, para que você não cometa esse mesmo erro com os outros, daremos algumas estratégias para ajudar uma pessoa em processo de luto.

Ouvir, sentir empatia e amor pelo outro: essas são as referências mais importantes quando queremos ajudar alguém que está passando por um processo de luto. Pode ser uma morte, uma perda ou um abandono; o principal problema é que agora há um vazio que antes era preenchido por outra pessoa. Como podemos ajudar alguém nessa situação?

As palavras são uma faca de dois gumes, e podem machucar ou curar. Eles podem aliviar ou gerar um peso maior para quem as usa ou as ouve. As palavras libertam, mas também podem se voltar contra quem as pronuncia ou contra quem as ouve. As palavras criam oportunidades ou nos condenam; salvam ou afundam.

“É melhor ser rei do seu silêncio do que escravo das suas palavras”.
– William Shakespeare –

Mulher chorando por luto

Palavras que não ajudam uma pessoa em processo de luto

Assim como há palavras que ajudam o outro, existem palavras que deixam um resíduo venenoso. Alba Payás, especialista em situações de luto e perdas, comenta em seu livro “A mensagem das lágrimas” algumas das frases que não ajudam uma pessoa em processo de luto:

  • Agora você precisa ser forte.
  • Tente se distrair.
  • Você verá como o tempo cura tudo.
  • Agora ele não vai sofrer mais.
  • Agora você pode ajudar outros pais, irmãos, filhos, etc.
  • Você é jovem, certamente vai se recuperar! Pode se casar de novo, ter filhos…
  • Lembre-se somente das coisas boas.
  • Isso fará de você uma pessoa melhor.
  • As crianças são pequenas, não vão se lembrar de nada.
  • Eu sei como você se sente… meu… morreu faz…
  • Agora seus filhos são mais velhos; imagine se…
  • Ainda bem que você tem mais filhos, imagine quem só tem um…
  • Pense nos seus outros filhos…
  • Do que ele morreu?
  • Quantos anos ele tinha?

As palavras não são levadas pelo vento

A pessoa que sofre não está pensando em força neste momento; ela precisa apenas se recolher e curar a ferida, superando a perda. Além disso, ela não consegue se distrair, a sua mente está presa nas suas memórias, mas também na própria ausência. A impossibilidade da companhia, o adeus, a despedida, a incerteza…, em muitos casos também o medo, porque quem partiu era um grande apoio. E agora, o que fazer?

Como os ônibus ou o metrô podem continuar funcionando quando tudo está parado? A pessoa enlutada sofre com uma ferida em um mundo indiferente a ela (ou que simula outra atitude, mas no fundo também há indiferença). Não sabemos se a pessoa que partiu sofre ou sofreu, mas o que podemos ver e sentir é o sofrimento daqueles que ficaram.

É curioso, mas talvez o mais desejado nesse momento seja o respeito. Não distorcer o silêncio que, na forma de vazio, sentimos quando o outro se vai. Além disso, é importante a companhia, o “estou aqui para quando precisar”, estar ao lado além do velório e do funeral. Quando todos se vão, começa a parte mais difícil: a reconstrução.

O sofrimento de cada um é pessoal, é o seu caminho e são as suas lágrimas. As palavras que não ajudam muitas vezes nos afastam das pessoas. Nessas ocasiões, há pouca comunicação; muitas vezes um gesto de carinho ou um silêncio acolhedor é o maior consolo que podemos dar.

As palavras que não ajudam criam distâncias e podem até gerar mais sofrimento.

Palavras que não ajudam uma pessoa em processo de luto

O poder das lágrimas

“-Deixe que se vão, Lucia – disse a avó.

-Quem?

-As lágrimas! Às vezes parece que são tantas que sentimos que podemos nos afogar com elas, mas não é bem assim.

-Você acredita que um dia elas vão parar de cair?

-Claro! – respondeu a avó com um sorriso doce – as lágrimas não ficam por muito tempo, fazem o seu trabalho e seguem o seu caminho.

-E que trabalho elas fazem?

-São água, Lucia! Elas limpam, clareiam… como a chuva. Tudo parece diferente depois da chuva”.

– “A chuva sabe o porquê.”

– María Fernanda Heredia –

As lágrimas nos libertam, deixam fluir, nos limpam por dentro. Permitir que o outro chore também é um trabalho pessoal, assim como permitir a tristeza ou o silêncio, e a paciência para que o que tiver que sair, saia.

Assim, se não tivermos o poder de consolar com a fala, podemos ter com a escuta. Não importa quão grande seja a perda, chegará um momento em que o outro, mesmo que por um instante, olhará em volta e se sentirá muito bem em nos ver ao seu lado.


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