Pensamento catastrófico: quando temos uma visão negativa de tudo

O pensamento catastrófico muitas vezes é uma tentação. O fato de nos colocarmos no pior cenário possível pode afastar a decepção, mas pagamos o preço de plantar em nós mesmos a semente da amargura.
Pensamento catastrófico: quando temos uma visão negativa de tudo
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 02 agosto, 2020

O pensamento catastrófico costuma ser expressado de duas maneiras em nossas vidas. A primeira é quando ampliamos ou maximizamos uma dificuldade ou uma situação negativa. A segunda acontece quando olhamos para o horizonte e só podemos visualizar o pior cenário para os problemas que temos ou para as situações que enfrentamos.

Coloquialmente, diz-se que aqueles que têm um pensamento catastrófico se tornam um “olhar negativo”. É como se a mente criasse um filme inteiro, isto é, uma sequência de eventos. O que é diferente nesses eventos é que eles são muito ruins ou têm um halo com uma grande capacidade destrutiva. A pessoa age como se precisasse se martirizar com sua própria imaginação.

Pessoas com alto nível de ansiedade e depressão geralmente trabalham com pensamentos catastróficos, sendo este um dos elementos que justificam a manutenção da depressão ou ansiedade. O fato de essas idéias virem à mente é consequência de um humor que está danificado. É um estado de espírito que nos leva a fantasiar sobre o pior, sobre o macabro ou o terrível. Vamos ver o que é tudo isso.

“O otimista sempre tem um projeto. O pessimista sempre tem uma desculpa”.
-Autor anônimo-

As características do pensamento catastrófico

A principal característica do pensamento catastrófico é que ele não se baseia no reconhecimento de riscos reais. Trata-se de um pensamento sustentado quase exclusivamente no plano do imaginário ou fantástico. Em outras palavras, os perigos, as ameaças ou os danos visualizados são basicamente improváveis ou impossíveis.

Uma pessoa dominada pelo pensamento catastrófico pode sentir que seu coração está batendo muito forte. É possível que não associe isso com o fato de ter tomado um café há algum tempo, ou de ter andado muito rápido nos últimos cinco minutos. Em vez disso, verá o início de um ataque cardíaco ou a prova definitiva de que está envelhecendo a passos largos.

Alguém com um pensamento catastrófico também não entrará em um avião porque “sente” que pode morrer em um terrível acidente. Ou cair no meio do mar e ser devorado por tubarões. Enfim. Como podemos ver, pensamentos catastróficos geralmente não são impossíveis, mas são improváveis.

Um “catastrofista” escolherá a pior de todas as opções para imaginar o futuro. Isso, naturalmente, terá consequências muito negativas em seu estado emocional e em seus padrões de comportamento.

Mulher lidando com seu pessimismo

A origem desse tipo de pensamento

Por trás do pensamento catastrófico, existe uma espécie de roteiro. Em outras palavras, um esquema de pensamento que se repete. Algo como um modelo que é aplicado a tudo que passa pela mente. Nós nos programamos para pensar o mundo em termos terríveis.

Por que isso acontece? Já falamos sobre isso. É uma forma de expressar a ansiedade e/ou depressão que carregamos. Esses estados mentais nutrem e alimentam a si mesmos. São como uma bola de neve que cresce e se torna invasiva. O catastrofismo é uma das suas manifestações.

Para alguns, também se torna um tipo de mecanismo de defesa. É como se pensar no pior nos permitisse sentir aliviados porque, no fim, esse cenário improvável não aconteceu. De alguma forma, sentem que se colocar no pior os protege do desapontamento e da dor. Uma espécie de “fuga do futuro” que, no entanto, os envolve em um novelo de angústia desnecessária.

Pensamento catastrófico

As consequências de pensar assim

O pensamento catastrófico, como todos os nossos pensamentos, é sempre acompanhado por um conjunto de sentimentos e emoções. Ao deixá-lo solto, conseguimos apenas aumentar o medo, a raiva, o ressentimento, a culpa, a tristeza, o pessimismo e assim por diante. Isto é, torna-se uma maneira de cultivar a pior parte de nós mesmos.

Por outro lado, imperceptivelmente também nos torna sujeitos muito exigentes. Ou tudo tem que ser perfeito ou o caos se aproxima. Ou as pessoas são impecáveis ou estão exercendo uma influência prejudicial em nossas vidas. Assim, acabamos nos tornando eternos insatisfeitos, que rejeitam a imperfeição da realidade e se desiludem antes de tudo e de todos. Dessa forma, não se vive bem.

Neste momento, é hora de avaliar se algo assim acontece conosco. Talvez estejamos errando o caminho para processar algum desconforto anterior ou algum conflito que não tenhamos resolvido. O pensamento catastrófico não nos protege nem nos ajuda a desabafar. Pelo contrário, nos tira a iniciativa, ao mesmo tempo em que nos torna mais inconformistas. Desta forma, plantamos a semente da amargura.


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  • Pereyra Girardi, C. I., Ofman, S. D., Cófreces, P., & Stefani, D. (2014). Traducción y Validación del Cuestionario de Cogniciones Catastróficas Modificado (CCQ-M): Un estudio preliminar en sujetos varones argentinos.

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