Como é o pensamento das crianças sobre o certo e o errado?

Como é o pensamento das crianças sobre o certo e o errado?
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Uma das questões educacionais mais complexas na infância é como funciona o pensamento das crianças sobre o certo e o errado. Para ensinar sobre o certo e o errado, é preciso dar um exemplo consistente, mas também é importante entender o que elas pensam sobre o tema.

Até recentemente, pensava-se que as crianças pequenas não eram capazes de fazer um julgamento moral adequado porque não levavam em conta algumas questões, como a intencionalidade. No entanto, alguns estudos demostraram que as crianças são capazes de avaliar o que é certo e o que é errado de uma forma muito mais parecida com os adultos do que se pensava anteriormente.

O psicólogo suíço Jean Piaget, conhecido pela sua teoria do desenvolvimento cognitivo, explicou que as crianças se desenvolvem através de etapas de raciocínio moral à medida que amadurecem. Outros psicólogos também estudaram como o desenvolvimento moral ocorre e como funciona o pensamento das crianças sobre o certo e o errado.

Para estudar o raciocínio moral, Piaget mostrou para as crianças pequenas histórias. Depois de reunir muitas respostas para várias histórias envolvendo a moralidade, Piaget afirmou que as crianças não conseguem levar em conta as intenções quando julgam a moralidade dos outros, e se concentram nos fatos, não nas intenções.

O psicólogo Lawrence Kohlberg também apresentou uma teoria do desenvolvimento moral. Kohlberg apresentou alguns dilemas morais para identificar o pensamento das crianças sobre o certo e o errado. Para Kohlberg, crianças pequenas entre 2 e 10 anos de idade determinam o certo e o errado citando punições ou recompensas. Se algo traz punição, é ruim. No entanto, a resposta não é tão simples.

Menino observando o mar

A intenção preocupa as crianças?

As crianças realmente ignoram a intenção? Pesquisas mais recentes mostram que as teorias de etapas são enganosas. Nesse sentido, vários estudos demostraram que, se os pesquisadores enfatizarem as intenções dos personagens ao longo de uma história, com a ajuda de imagens ou jogos para que as crianças compreendam, elas irão incorporar as intenções nos seus julgamentos.

Uma das razões pelas quais as intenções devem ser enfatizadas é porque é difícil para uma criança lembrar cada detalhe, incluindo as intenções, em um determinado cenário. Se não pedirmos para as crianças recordarem as intenções por trás das ações de um indivíduo, elas baseiam os seus julgamentos na característica mais recente de uma história: o resultado.

Quão importantes são as intenções e os resultados? As pesquisas com crianças e adultos sugerem que o julgamento de uma intenção pode mudar dependendo do resultado de uma ação. Na verdade, as nossas crenças sobre as intenções das outras pessoas mudam dependendo de se o resultado da sua ação é bom ou ruim. Se o efeito secundário de uma ação tiver um resultado ruim, é provável que tanto as crianças quanto os adultos sejam mais propensos a pensar que a pessoa tinha essa intenção.

O certo ou o errado de acordo com as consequências indiretas

Por que as crianças e os adultos são mais propensos a dizer que as ações com efeitos secundários negativos são intencionais? Uma resposta é a violação da norma. Nesse sentido, o filósofo Richard Holton afirma que as nossas intuições sobre as intenções são explicadas no caso de uma ação violar ou manter uma norma.

Se uma regra é violada, consideramos que a ação é intencional. Pelo contrário, se uma norma é mantida, não vemos a ação como intencional. Ou seja, acreditamos que as pessoas seguem as regras sem esforço, mas fazem um esforço consciente para violá-las.

Isto é o que se conhece como o efeito Knobe, uma assimetria peculiar na atribuição de intencionalidade a uma pessoa em relação aos efeitos secundários esperados da sua ação, que dependem apenas da avaliação moral do efeito e sem que haja qualquer outra mudança na situação julgada. Ou seja, a maioria das pessoas tende a ver como intencionais as ações que têm consequências negativas e como não intencionais as ações que têm consequências positivas. Dessa forma, consideramos que os efeitos secundários ruins são produzidos intencionalmente, mas não os bons.

Criança chorando

O pensamento das crianças sobre o certo e o errado

Pesquisas recentes sugerem que o raciocínio moral das crianças é mais complexo do que se pensava anteriormente. Os estudos iniciais que usavam dilemas morais eram deficientes devido à sua complexidade e à falta de compreensão das habilidades cognitivas das crianças.

Segundo as pesquisas mais recentes, sabemos que quando as questões são colocadas de forma clara e compreensível, as crianças refletem a tendência dos adultos de considerar as intenções e os resultados nos seus julgamentos morais.

As crianças percebem o que é certo e o errado. A chave para que aprendam a distinguir entre o que é certo e o que é errado é tornar a situação compreensível para as suas capacidades e formas de perceber a realidade.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.



Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.