Quando as prioridades são claras, as decisões são mais fáceis

Quando as prioridades são claras, as decisões são mais fáceis

Última atualização: 03 março, 2017

Quando uma pessoa define claramente quais são as suas prioridades, as decisões que toma são muito mais fáceis. É como afastar os ramos de uma densa floresta com o objetivo de lembrar onde estão as nossas raízes, aquelas que nutrem a nossa autoestima para saber o que e quem nos sobra, para agir sem medo e sempre acordar a voz do próprio coração.

Esta ideia que parece óbvia na verdade contém certas nuances sobre as quais podemos refletir. Vivemos em um mundo onde há uma dimensão que conquista territórios com pés de gigante: o desânimo. Esta emoção que muitas vezes precede um estado depressivo em que a pessoa perde por completo o controle da sua vida é como um espinho que fica encravado no nosso interior até nos deixar sem fôlego.

Esta fraqueza emocional se origina a partir do momento em que começamos a questionar as decisões tomadas ao longo de um período da nossa vida. Por que investir tanto tempo e esforço em pessoas que depois me traem? Por que me preocupo tanto em realizar um trabalho onde não me valorizam? Por que não ouvi a minha intuição naquele momento e fui embora quando tive a oportunidade?

O desânimo e o desencanto pela vida geram insatisfação, e a insatisfação dá origem à perda gradual do controle da própria vida. São momentos em que chegamos a pensar que “aconteça o que acontecer, nada vai mudar. Agora, longe de nos permitir cair neste vazio fatal, temos a oportunidade de assumir este momento de crise pessoal como o que realmente é: um ponto de virada na nossa vida.

É um momento ideal para encontrar novos significados, para explorar nossos universos interiores em busca daquilo que dá força, incentivo e coragem à nossa identidade: as prioridades.

Propomos que você reflita sobre isso. 

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Prioridades, demandas e o cérebro emocional

Um dos maiores problemas que temos nos dias de hoje é a nossa dificuldade de separar as próprias prioridades das demandas do meio em que estamos inseridos. Não se trata de rejeitar umas para acolher exclusivamente as outras. Ninguém pode passar pelo mundo dando prioridade a si mesmo e desprezando o que é exigido de nós no trabalho, na família e no resto dos nossos meios. Na realidade, o segredo está em manter um equilíbrio sábio, harmônico e firme.

Se dedicarmos todo o nosso tempo para atender às demandas dos outros, iremos negligenciar a nós mesmos e iremos nos afastar desse centro de poder, do núcleo delicado que devemos cuidar e ouvir todos os dias: nós mesmos. A raiz do problema está em visualizar primeiro as nossas prioridades para permitir que as demandas se movam sempre nessa esfera. Ou seja, ninguém pode me pedir nada que vá contra os meus valores, que viole a minha autoestima ou que afete a minha integridade física ou emocional.

Tendo isso claro, no dia a dia iremos sempre tomar decisões de acordo com esta ideia: a do próprio coração, ou mais ainda, do nosso cérebro emocional. Agora, como fazer isso? Para entender melhor como podemos conseguir isso, vale a pena se aprofundar primeiro nos mecanismos cerebrais que estão envolvidos na tomada de uma decisão.

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Neurônios emocionais e neurônios de decisão

Segundo um estudo publicado na revista “Nature Neuroscience“, a estrutura cerebral que orquestra a nossa tomada de decisões é o córtex  orbitofrontal. Este trabalho proporcionou a descoberta de um fato útil e muito interessante: nesta estrutura se concentram dois tipos de neurônios com uma função muito concreta.

  • Os primeiros são os neurônios OFC, cuja função é oferecer um valor emocional a cada opção que temos que levar em conta antes de tomar uma decisão. Eles fazem isso com base nas nossas experiências passadas, na nossa identidade e na nossa personalidade. É como um mecanismo prévio que se vincula diretamente ao que chamamos de “intuição”.
    • Por exemplo: Alguma coisa me diz que eu deveria rejeitar essa oferta de trabalho, porque eu sei que exigem certas competências que não condizem com o meu caráter.
  • O segundo grupo de neurônios são as células de valor. Aqui já não existe um comportamento emocional, em vez disso, aplica-se uma atribuição prática: “tenho que aceitar este trabalho porque preciso de um salário, porque neste momento voltar ao mercado de trabalho é uma prioridade”.

Quando a pessoa toma uma decisão com base nestes mecanismos, o córtex orbitofrontal atribui uma nova emoção a essa opção tomada. O objetivo é simples: o cérebro tenta nos motivar em todos os momentos para ter sucesso neste objetivo, nesta demanda.

A necessidade de ter as prioridades claras para tomar decisões mais seguras

Algo que todos sabemos é que nesta vida é preciso arriscar. Haverá decisões mais corretas e outras que serão menos corretas; no entanto, às vezes o que nos parece ser uma loucura a princípio acaba sendo a opção mais lógica e de sucesso da nossa vida. O que queremos dizer com tudo isso é algo muito simples: para ser feliz é preciso tomar decisões e ser responsável por elas em todos os momentos.

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A sensação de desânimo citada no início deste artigo é resolvida precisamente ao se conectar com o nosso interior e ao expor a nossas próprias prioridades, aquelas que ninguém deve boicotar. Para conseguir isso, vale a pena considerar 3 estratégias simples:

  • Reduza. Enumere em uma folha de papel todas as suas necessidades presentes. Você irá perceber de que são muitas, no entanto, entre todas elas estão as verdadeiras prioridades: ser feliz, ser respeitado, estar bem física e emocionalmente… Reflita sobre elas.
  • Compare. Assim que tiver claras as suas prioridades, compare-as com as demandas do meio em que você está inserido. Elas estão em harmonia? As demandas exigem algo que vai contra os seus valores? Há alguma pessoa que altera a sua saúde emocional?
  • Consolide. Agora que já tomamos plena consciência de que há certos aspectos que vão contra as nossas prioridades, deveremos agir para consolidar este equilíbrio entre prioridades internas e demandas externas.

Por último, uma vez que tivermos cumprido estes passos, só nos resta um último detalhe, um maravilhoso e essencial: traçar um plano de vida. Porque se há algo que nos oferece a chance de ter as próprias necessidades bem claras, os próprios valores, sonhos e esperanças, é demonstrarmos a nós mesmos que podemos e devemos ser donos do nosso destino.

Quando alguém finalmente sabe claramente o que deseja, a aventura da vida começa novamente.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.