
Ele sempre a via pelos corredores da faculdade. Tentava se sentar perto dela na aula para admirar a sua beleza. O seu rosto transmitia paz, serenidade. O seu cabelo comprido, ondulado e escuro o induzia a um estado quase hipnótico.…
Quantas vezes temos algo importante para fazer e adiamos ao ponto de não fazermos nada? Você acha que essa negligência é justificada? Você acha que a situação não tem solução? Explicaremos no que consiste a procrastinação, quais são suas repercussões e como combatê-la.
A procrastinação é um hábito de comportamento relacionado com o desejo e a vontade de agir. Refere-se à ação de atrasar ou adiar situações ou atividades que temos pendentes e que devem ser resolvidas. Vamos nos aprofundar.
Imagine que você deve fazer um relatório para um dos seus melhores clientes. Seu chefe está pressionando-o porque deste relatório depende o fechamento de um acordo muito importante. O mais coerente a se fazer é finalizá-lo o mais rápido possível, mas a procrastinação o instiga a adiá-lo. Na verdade, você realiza inúmeras pequenas tarefas, supérfluas e prorrogáveis, deixando o grande relatório para o final de semana.
Outro exemplo. Sua bolsa foi roubada e levam, entre outras coisas, sua identidade, sua carteira de motorista e vários cartões de crédito. Normalmente você abriria uma ocorrência, cancelaria seus cartões de crédito e solicitaria uma segunda via de sua carteira de motorista. Não fazer isso seria, além de um comportamento um tanto negligente, uma maneira de procrastinar.
A procrastinação costuma ser usada para se referir ao sentimento de ansiedade causado por não se ter força de vontade para terminar uma tarefa que está pendente.
Nos casos anteriores estaríamos adiando indefinidamente um contratempo, mesmo sabendo que se trata de uma situação realmente urgente e que deve ser resolvida sem demora. Essa não-resolução gera um certo peso. Atrasar o dever não se traduz numa redução da angústia, raiva ou preocupação que podemos sentir. Muito pelo contrário.
Esses desconfortos aumentarão à medida que o tempo passa e o conflito não é resolvido. A pessoa sabe que algo importante está pendente e que, se ela não enfrentar isso, se prejudicará. Além disso, se esse comportamento ocorrer continuamente, pode se tornar um hábito muito difícil de mudar e muito prejudicial.
Procrastinadores vivem durante um bom tempo numa espécie de letargia. Eles se encontram imersos em atividades inconsequentes, enquanto outras tarefas que devem fazer são deixadas para o último momento ou nunca são executadas.
Quando atrasamos tarefas ou situações urgentes, fazemos isso por dois motivos: porque a substituímos por outra atividade mais agradável ou irrelevante; ou, simplesmente, porque preferimos não fazer nada.
Se a justificativa é que outra tarefa nos pressiona, seremos vítimas do “aqui e agora”. Atualmente existe uma tendência de tomar como urgente o que surge no dia a dia. Com isso, atrasamos grandes projetos com recompensas ou benefícios melhores a longo prazo.
Se preferimos não fazer nada, estaremos então nos tornando nossos próprios inimigos. Embora seja bom descansar de vez em quando, cair na preguiça, no abatimento, na relutância ou desinteresse vai contra nós mesmos. Procrastinar é um hábito inimigo da produtividade e não nos permite aproveitar nosso potencial.
Algumas orientações simples que podem reduzir o seu nível de procrastinação envolvem fazer estas perguntas a si mesmo:
Uma vez respondidas, talvez sua atitude tenha mudado. No entanto, você ainda precisa de mais estratégias para combatê-la:
Existem algumas teorias que falam de procrastinação positiva para se referir a boa intenção que existe por trás da atitude negativa dos procrastinadores. É uma abordagem instrumental que defende a forma de agir das pessoas para obter um benefício. Por exemplo, para evitar tarefas que nos chateiam, entediam ou são muito mecânicas, com a finalidade de não gerar confrontos, situações violentas ou dolorosas.
Nesse sentido, para pessoas que são muito perfeccionistas, a procrastinação pode até ser uma virtude. Para não fazer algo com pressa e correndo para que o resultado seja ótimo, decidem atrasar a tarefa. E eles não começam até que se assegurem de ter tempo suficiente para terminar com perfeição.
Outros autores falam sobre a preguiça produtiva. Eles a definem como aquilo que motiva as pessoas a procurar truques, soluções ou atalhos cognitivos para executar uma tarefa com o mínimo de esforço.
Fugir da responsabilidade ou se refugiar em tarefas supérfluas pode transformá-lo em um procrastinador crônico. Resolva este problema e tente abandonar essa atitude. Priorize resolver problemas ou tarefas mais complexas primeiro. Você verá como se sentirá melhor consigo mesmo!