Pai, mãe: quero aprender a ser independente

Pai, mãe: quero aprender a ser independente

Última atualização: 22 janeiro, 2017

Ser independente, para muitas pessoas, é um desafio realmente difícil. Um desafio que requer um grande esforço e persistência. Ser uma pessoa independente psicologicamente é uma atitude de vida cheia de valentia, amor e confiança em um potencial que cada indivíduo possui.

Porém, apesar de todos os benefícios que temos em possuir essa atitude na vida, para algumas pessoas não é tão fácil assim. Não é algo fácil porque ninguém nos ensinou como fazê-lo. Algumas pessoas não aprenderam essa atitude quando eram mais novos e agora a vida os empurra inevitavelmente a isso.

Aprender a ser independente não significa buscar a imprudência a todo custo

Quando incentivamos uma criança a executar tarefas por si mesma, estamos mandando uma mensagem clara. Estamos transmitindo a ela que tem capacidades de se desenvolver no mundo e que nós acreditamos nessas capacidades. Assim, ela deixará de olhar para os outros e começará a explorar os recursos que possui: “se os outros pensam que o segredo está aí… então terei que olhar”.

No entanto, temos que esclarecer conceitos. Quando falamos de independência não estamos falando de promover a imprudência. Falamos de desafios razoáveis e necessários para um bom desenvolvimento pessoal. Uma criança pode aprender a ser independente psicologicamente è medida que seus pais confiam que ela pode tentar resolver determinados problemas por conta própria.

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Se não deixarmos que errem, também não deixaremos que aprendam

Podemos colocar um exemplo para entender isso melhor. Uma criança está aprendendo a dividir por dois algarismos. Já ensinaram no colégio e agora chegou o momento de fazer a tarefa de casa para praticar esse tipo de divisão. Nesse momento, pode aparecer um de seus pais e e alertar sobre esta dificuldade.

Ver seu filho enfrentando essa dificuldade pode despertar nos pais a tentação de fazer por eles. De fato, há crianças extraordinariamente habilidosas para fazerem adultos realizarem as tarefas por elas, já que sabem como ganhá-los. No entanto, cair nesta tentação não é o melhor. Como pais, podemos ajudar a acalmar a ansiedade que o desafio gera ou até mesmo começar a divisão para que a criança se concentre, mas não devemos fazer as tarefas por eles.

Por outro lado, temos que dar espaço para que a criança aja. Se intervimos rapidamente, e não deixamos que ela enfrente a divisão, estaremos mandando uma mensagem de que não confiamos em sua capacidade. Estamos dizendo que o desafio é muito difícil para ela, e assim ela vai se entregar antes de tentar.

Para as crianças, nossa confiança é um grande presente

No exemplo anterior, o pai também pode agir de outra maneira. Pode estar junto do seu filho, deixando-o resolver essa divisão por si mesmo. A criança irá cometer erros e tentará realizá-la da melhor maneira possível. Nós podemos ir ajudando neste processo de tentativa e erro. Ensinando a “ver”, mas não respondendo por eles.

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Temos que deixar para eles a possibilidade de errar, porque dessa maneira entenderão como se realiza uma divisão por dois algarismos corretamente. Além disso, estaremos dando espaço para que eles se familiarizem com o processo, se cubram com todas as dúvidas e saiam delas por conta própria. Dessa maneira, marcarão o caminho com as suas pegadas e já não será possível pará-los nunca mais.

A criança irá entender quais são as falhas que comete e poderá remediá-las. Essa aprendizagem fará com que ela se sinta competente e capaz. Essa nova ideia de si mesmo fará com que ela enfrente os “pequenos problemas” de sua curta vida com maior confiança e segurança em sua capacidade.

Como essa maneira de ajudar, não estaremos deixando nosso filho sozinho diante das adversidades. Estaremos ajudando a desenvolver suas capacidades intelectuais. Vamos ajudá-lo a sondar, a gerar soluções, a provar, a tentar… Tudo isso irá gerar novas conexões no cérebro da criança. Por isso é vital o papel que a família tem na realização desse objetivo.

A superproteção afasta as oportunidades de crescimento

A superproteção supõe uma espécie de “assistência imediata” na qual o adulto intervém rapidamente diante de cada mínima dificuldade do seu filho. A criança aprenderá que sempre haverá alguém que pode resolver por ela qualquer problema que surja em seu caminho. Dessa maneira, deixará de tentar fazer as coisas por si mesma porque, com certeza, já vai ter alguém para fazer por ela. Só precisa se sentar, dar um sorriso e esperar.

De algum modo, essa “assistência rápida” é transmitida como uma mensagem de amor, de carinho pelo filho: “faço por você, por que te amo”, mas, por trás disso, se esconde um “eu faço tudo por você porque acho que não consegue sozinho”, e isso inevitavelmente transmite para a criança a ideia de que ela não é capaz de realizar as coisas por conta própria.

Consequências de superproteger as crianças

Com isso elas deixarão de tentar, deixarão de provar, deixarão de se esforçar e perderão oportunidades de crescimento. Irão confiar cada vez mais sua vida a seus pais. Mas tudo isso não vem de graça e irá implicar uma série de consequências:

  • Pedirão ajuda frequentemente a seus pais com as tarefas escolares
  • Ficarão desanimadas com a menor das dificuldades.
  • Não irão tolerar bem a frustração.
  • Se tornarão pessoas inseguras e dependente dos outros.
  • Terão um autoconceito e uma autoestima pobres.

Por isso, é importante ajudar as crianças para que descubram por si mesmas, que cometam erros, que provem, que possam se frustrar… Dessa maneira, aprenderão que elas têm recursos e capacidades para tentar solucionar, se não todos, muitos dos problemas que aparecerão em suas vidas.

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Concluímos essa reflexão com um provérbio chinês que certamente você já escutou muitas vezes: “Me dê um peixe e jantarei esta noite, ensine-me a pescar e jantarei para sempre”. Assim que, desde agora incentivamos todos os pais a nos ensinarem a pescar, a não nos darem o peixe assim que pedimos, nos deixarem provar e tentar por nós mesmos. Certamente será um legado muito útil e necessário para nosso futuro!


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