Garra, paixão e perseverança para alcançar o sucesso

Garra, paixão e perseverança para alcançar o sucesso
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 26 julho, 2019

Nascemos com talento ou nos tornamos talentosos? Essa é uma das questões sobre as quais trata a Teoria da Garra, desenvolvida pela escritora norte-americana Angela Duckworth. Essa teoria pretende estimular o desenvolvimento pessoal através da paixão e da perseverança na hora de lutar por qualquer objetivo na vida.

As ideias dessa filosofia são apresentadas em seu livro ‘Grit: the Power of Passion and Perseverance’ (Garra, o poder da paixão e da perseverança). Após sua publicação, muitos jornais e revistas dos Estados Unidos fizeram elogios às ideias propostas pela autora. Foi assim que esse fenômeno se espalhou pelo mundo todo, originando um grande interesse pelos princípios da Garra e da psicologia do sucesso.

O início da Teoria da Garra

No verão de 2004, Angela Duckworth estudou mais de mil jovens cadetes da academia militar de West Point, nos Estados Unidos. Esses jovens estavam em seu primeiro ano na academia, conhecida pela dureza das provas, tanto física quanto academicamente.

Jornada rumo ao sucesso

Ao longo desse treinamento de sete semanas, os cadetes trabalharam durante 17 horas seguidas sem descanso. Essas provas serviam como filtro para recrutar apenas os candidatos mais aptos, deixando para trás centenas de cadetes. Diante dessa situação, a autora quis saber quais eram as qualidades dos recém-chegados que determinariam seu sucesso nas provas.

Para isso, Duckworth elaborou um teste que deixava para trás os métodos de avaliação mais tradicionais. Com ele, pretendia medir as habilidades de liderança e rendimento físico, assim como a vontade de perseverar e conquistar objetivos em longo prazo. Isto é, exatamente, o que a autora chamou de Grit (Garra). Através de suas análises, Duckworth conseguiu obter um grau de previsão bastante alto, que usou posteriormente como referência para sua futura obra.

Os fundamentos da Teoria da Garra

Para Angela Duckworth, nem a educação, nem a inteligência, nem a situação familiar, nem o nível econômico são fatores que determinam o sucesso. Naturalmente, tudo isso influência a trajetória pessoal e profissional de cada um. No entanto, segundo a autora, é o caráter que realmente importa. Em poucas palavras, o famoso jornal The New York Times simplificou o conceito com uma espécie de equação: “Talento + Esforço = Habilidade. Habilidade + Esforço = Conquista”

Em outras palavras, um dos princípios da teoria da Garra é de que “o esforço vale por dois”. Assim, a perseverança será o fator determinante na hora de atingir o sucesso em qualquer objetivo proposto. Portanto, qualquer pessoa, independentemente de sua situação, pode aprender e desenvolver qualquer qualidade, sempre que se esforçar o suficiente.

A Teoria da Garra tenta prever o sucesso de uma maneira mais segura, superando, inclusive, o quociente de inteligência. A teoria defende, assim, que o talento é desenvolvido, ou seja, que não nascemos talentosos. Segundo a autora, se fosse ao contrário, deixaríamos de lutar para alcançar um objetivo ao considerá-lo impossível. Dessa forma, essa teoria convida quem quiser segui-la a ter esperança e resiliência.

Por outro lado, Juan Carlos Cubeiro, um dos melhores especialistas em desenvolvimento de talento, liderança e coaching para profissionais, afirma que são quatro os ingredientes fundamentais para cultivar a Garra: interesse, prática, propósito e esperança.

Como alcançar o sucesso

A validade da Teoria da Garra

Além de mostrar uma ideia que “soa bem”, os discursos de Angela Duckworth não parecem ter muito mais profundidade. Sua teoria pode se assemelhar a outras ideias muito difundidas hoje em dia, como a “cultura do esforço”. Portanto, as ideias da escritora despertaram debates na sociedade norte-americana sobre sua idoneidade e efetividade, especialmente na hora de instaurar esses princípios no âmbito escolar.

Além disso, a teoria de Duckworth foi tachada, em certas ocasiões, de classista e racista, já que a autora fez sua pesquisa com grupos privilegiados, como em universidades da Ivy League ou na mencionada academia de West Point. Portanto, pode ser que as ideias da escritora apresentem uma teoria bastante atraente, mas em última instância, só podem ser aplicadas a certas pessoas que já possuem uma boa situação geral. Isso iria contra as próprias bases da Teoria da Garra, segundo as quais o sucesso está ao alcance de qualquer um.


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