Tratamento dos problemas de saúde mental: como estamos evoluindo?

Tratamento dos problemas de saúde mental: como estamos evoluindo?
Adriana Díez

Escrito e verificado por a psicóloga Adriana Díez.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

Assim como a tecnologia cresceu e a ciência descobriu novos processos para facilitar a nossa vida, a psicologia também evoluiu no tratamento dos problemas de saúde mental.

No início, a psicologia começou a tratar os problemas de saúde mental a partir do que hoje chamamos de terapias de primeira geração. A maneira de trabalhar consistia em usar mecanismos de aprendizagem e “desaprendizagem”, ou seja, de comportamento, de ação e reação. Eram o estímulo e a nossa experiência de aprendizagem que determinavam a nossa resposta.

A respostas eram reforçadas ou se tornavam mais prováveis ​​com as repetições. Todos os comportamentos que tinham um prêmio seriam aprendidos rapidamente e escalariam posições no nosso repertório de respostas. Por outro lado, uma resposta era extinta quando deixava de ser reforçada, e inclusive essa extinção ocorria com mais rapidez se a resposta fosse punida.

Esta terapia de primeira geração serviu para entendermos um dos nossos mais primitivos mecanismos de aprendizagem: o condicionamento. Logicamente, um dos ramos da psicologia que mais evoluiu sob este paradigma foi a psicologia educacional, que encontrou nessas ideias uma maneira simples de articular um modelo de ensino baseado em recompensas e punições. Também serviu para entender como fazemos fortes associações entre alguns estímulos.

A evolução no tratamento dos problemas de saúde mental

Tratamento dos problemas de saúde mental

Terapias de segunda geração

Com o passar do tempo, as ideias por trás do tratamento dos problemas de saúde mental evoluíram e, neste momento, surgiram as chamadas terapias de segunda geração. Como era a forma de tratamento neste momento?

Os especialistas perceberam que nem sempre agimos por uma associação de estímulo e resposta, mas que havia algo mais. O que poderia ser? O cérebro, as emoções, a parte cognitiva, os desejos, ou seja, a essência de cada um.

É por isso que o nosso modo de pensar é tão importante nas terapias de segunda geração. Nós somos o que aprendemos, mas também o que construímos com tudo o que aprendemos. Nesta concepção, deixamos de ser passivos e nos tornamos ativos, de modo que a nossa margem de ação se multiplica.

A cognição é o que nos faz enfrentar o mundo de uma forma ou de outra. A realidade é importante, mas o que percebemos dessa realidade e a interpretação que fazemos dela é ainda mais importante. É por isso que as terapias de segunda geração começaram a trabalhar com a atitude, as emoções ou tendências individuais.

Entender que somos mais do que máquinas que respondem de acordo com o que aprendemos resultou no estudo da própria mente: uma tentativa séria de entender o que está acontecendo na nossa “caixa preta” para que surjam alguns distúrbios ou experimentemos alguns fenômenos paradoxais.

Esta nova maneira de entender o nosso comportamento também deu lugar a um problema com o qual lutamos até hoje: a medição. É muito fácil saber a distância entre dois lugares, mas não é tão fácil estabelecer o grau de ansiedade que uma pessoa pode ter.

Terapias de terceira geração

Já mais atualizados e percebendo que, apesar das mudanças, nem todos os problemas de saúde mental tiveram uma solução satisfatória, surgiram as terapias de terceira geração.

Essas terapias entendiam que a falha não está no modo de resolver o problema, mas na nossa relação com o problema. Por isso, começaram a trabalhar tentando integrar as dificuldades, sem tentar resolvê-las diretamente. O objetivo era fazer com que os problemas que não tinham solução ou que não possuíam uma solução imediata não prejudicassem a nossa vida. Aqui encontraremos as terapias mais atuais, que hoje são muito conhecidas e utilizadas, como o Mindfulness, as terapias de aceitação, etc.

Mulher meditando no mar

O problema com este tipo de terapia é que comprovar a sua eficácia é muito complicado. Isso permite que muitos psicólogos sérios utilizem as terapias de terceira geração, mas também muitos charlatães ou pessoas não capacitadas. É por isso que, em alguns setores da psicologia mais acadêmica, elas despertam uma certa rejeição.

Nós fizemos uma pequena revisão sobre as três gerações de terapias na psicologia. A sua diversidade na compreensão dos nossos comportamentos, pensamentos e emoções nos mostrou diferentes pontos de vista, sem dúvida, enriquecedores.

Conhecendo agora um pouco mais sobre alguns aspectos de como a maneira de trabalhar na psicologia evoluiu, percebemos que eles nos trazem perspectivas muito diferentes sobre os nossos pensamentos, comportamentos e emoções. Além disso, essa heterogeneidade nos pontos de vista é, sem dúvida, enriquecedora para o psicólogo, obtendo de cada terapia diferentes ferramentas que podem ser utilizadas nas consultas para o tratamento dos problemas de saúde mental.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.