Os três tipos de ansiedade segundo Sigmund Freud

Os três tipos de ansiedade segundo Sigmund Freud
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

Neste artigo, falaremos sobre os três tipos de ansiedade definidos por Sigmund Freud, o pai da psicanálise. Segundo ele, este sentimento surge como resultado de um conflito mental.

Seria como uma “transformação tóxica” das nossas energias, de um Id que precisa de determinadas coisas que não pode alcançar nem satisfazer. Resulta também daquelas obsessões que muitas vezes escondemos e que nos geram medos injustificados, ou até mesmo da sombra persistente de certos traumas enraizados.

Além do tempo decorrido desde que essas primeiras bases do enfoque psicanalítico foram criadas (por volta de 1896), há um fato que não podemos menosprezar. Deixando de lado as polêmicas teorias sobre a libido e a repressão sexual, devemos agradecer a Freud por sua determinação em curar o que ele chamou de “ansiedade neurótica”.

“A mente é como um iceberg, flutua com 70% de seu volume na água”.
– Sigmund Freud –

Embora seja verdade que na atualidade trabalhamos essa dimensão a partir de muitos outros enfoques, o médico neurologista e pai da psicanálise foi um dos pioneiros em explorar os fenômenos inconscientes da mente humana. Assim, algo que ele percebeu desde muito cedo é que se havia uma condição que afetava excessivamente o ser humano, era a ansiedade. Poucos estados eram tão desgastantes. Poucas situações tiravam tanto as pessoas do controle de suas próprias vidas.

Freud criou as estruturas para muitas das teorias que continuamos desenvolvendo até os dias de hoje. Para ele, a ansiedade era uma parte indiscutível de sua teoria da personalidade. Como tal, ele dedicou a ela um extenso trabalho e um amplo percurso que se refletiu em boa parte de suas publicações.

A ansiedade, segundo Sigmund Freud, surge a partir de um conflito mental.

Os efeitos da ansiedade

Os três tipos de ansiedade definidos por Sigmund Freud

No modelo topográfico da personalidade de Sigmund Freud, o Ego é a parte do nosso ser que se relaciona com a realidade. No entanto, essa tarefa nem sempre é fácil. Em primeiro lugar, porque surgem conflitos e atritos constantes, desavenças com nossos desejos mais profundos, com nossos instintos e também com certos fatos inconscientes. Em segundo lugar, todas essas dinâmicas inconscientes negativas frequentemente geram determinados transtornos mentais.

Falar dos tipos de ansiedade segundo Sigmund Freud é se referir a essas instâncias psíquicas que compõem nossos processos mentais. Assim, além do Ego citado acima, temos o Id, a expressão psíquica na qual nossos instintos e desejos estão contidos. Além disso, nosso atarefado Ego deve lidar também com o Superego, a instância moral e idealista que, segundo essa perspectiva, existe para nos julgar, para ser o “irmão mais velho” vigilante e disciplinar.

A ansiedade surge como resultado de todo esse choque de forças. Um conflito mental e de afetos que nos leva à situação que pode resultar no que Freud denominou como condutas neuróticas e condutas psicóticas. Vejamos agora os três tipos de ansiedade que a psicanálise estabeleceu em seus primeiros anos.

1. A ansiedade realista

Entre os três tipos de ansiedade de acordo com Sigmund Freud, nós nos identificaremos mais com a realista. Ela surge como reação a um fato específico, objetivo e, sobretudo, real. Existem medos que podem aparecer dentro de nós em um dado momento por uma razão muito específica: para nos incitar a fugir do que nos faz mal, do que agride a nossa integridade e a nossa sobrevivência.

Todos nós experimentamos a ansiedade realista quando vemos fogo. Quando alguém se aproxima de nós de forma violenta. Quando surge um furacão. Ou em qualquer outro evento no qual há um risco objetivo.  

Os enigmas da mente humana

2. A ansiedade neurótica

A ansiedade neurótica ou secundária surge a partir da antecipação de acontecimentos ou circunstâncias. Reagimos a fatos, pensamentos e ideias que só são reais em nossa mente, mas que não existem fora dela, no nosso entorno. Assim, frente a esse medo originado em nossa psique, desenvolvemos uma série de processos defensivos: nervosismo, necessidade de fuga, descontrole.

Freud via a origem desse tipo de ansiedade em nosso Id. Em nossos desejos frustrados, em nossos instintos inibidos, mas ansiosos para serem satisfeitos em uma realidade sempre limitada. Da mesma forma, além desses impulsos inconscientes, estão nossos medos. Segundo a psicanálise, nós os trazemos desde a infância na forma de traumas não processados. Portanto, seriam estados mentais em conflito que nos tirariam a oportunidade de sermos felizes, de permitirmos que nosso “eu” se mostre de forma livre e autêntica.

3. A ansiedade moral

Possivelmente, entre os três tipos de ansiedade, a que mais gere estranheza seja a que faz referência à moralidade. Por isso, para entendê-la, vamos relatar alguns exemplos. Pense em um filho que, em um determinado momento, acha que decepcionou seus pais por não ter se transformado naquilo que eles queriam. Pense também no funcionário que não se sente capaz de alcançar os objetivos da empresa.

Essa angústia, essa ansiedade, se origina, segundo a psicanálise, da influência do Superego. É o mundo social interno que todos nós temos, onde estão presentes nossos “deveria”, nossas “obrigações inconscientes” e o medo ou vergonha do fracasso ou da punição em qualquer uma de suas formas (desprestígio, desamor, demissões, solidão…).

Os três tipos de ansiedade segundo Sigmund Freud

Em conclusão, é verdade que os tipos de ansiedade definidos por Freud são bastante conhecidos. Além dessa arquitetura de personalidade erguida nesses três jogos de força do Ego, do Id e do Superego, existe uma base que hoje em dia continuamos aceitando: a do conflito mental. Falar de ansiedade é se referir a uma crise interna, a um instante no qual a realidade nos supera, um momento em que a mente descontroladamente se vira para direções que sequer entendemos.

Acalmá-la, dar equilíbrio, controle e sentido requer tempo e estratégicas adequadas. Estratégias que as abordagens terapêuticas com as quais contamos hoje em dia podem nos oferecer.


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