Vício em pornografia: os escravos do pornô

O vício em pornografia aumentou com a chegada das novas tecnologias. Seu fácil acesso, anonimato e baixo custo fizeram o consumo disparar e, em muitos casos, também intensificaram a dependência.
Vício em pornografia: os escravos do pornô
Marián Carrero Puerto

Escrito e verificado por a psicóloga Marián Carrero Puerto.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A maioria das pessoas utiliza a Internet de forma comum, como primeira fonte de informação e como meio de comunicação e socialização. Na última década, o consumo de pornografia na Internet se tornou algo popular (Mayer, 2011), o que fez com que o vício em pornografia se tornasse um assunto cada vez mais relevante.

Para a maioria das pessoas, fazer uso de pornografia é divertido, mas para outras este se torna um hábito que causa dependência e comportamentos fora do controle (Gola, 2016), o que pode acabar gerando um vício.

Falamos de pornografia como o material audiovisual que apresenta de forma explícita atividades sexuais e genitais sem esconder nada. Tem como objetivo excitar o espectador.

A chegada das novas tecnologias trouxe consigo um aumento do seu uso, intensificando o vício em pornografia. Isso se deve ao fato de que agora contamos com um acesso muito mais fácil, rápido e aparentemente anônimo.

Segundo Joyce (2008), a regulação da pornografia na Internet demonstrou ser uma tarefa especialmente difícil para os legisladores e a comunidade internacional. Isso se deve, em grande parte, à sua natureza volúvel e ao meio eletrônico, muito mutável, no qual reside.

 “A lenda conta que cada nova tecnologia foi utilizada pela primeira vez com algo relacionado ao sexo ou à pornografia. Esse parece ser o caminho da humanidade”.
-Tim Berners-Lee-

Jovem viciado em pornografia

Aprofundando-se na pornografia

Peter e Valkenburg (2010) definem a pornografia como o material sexualmente explícito produzido profissionalmente, cujo principal objetivo é excitar sexualmente o espectador.

Quem apresenta um vício em pornografia pode passar longos períodos de tempo visualizando imagens, vídeos e outros materiais pornográficos, situação que pode levar ao isolamento social, a passar por uma depressão severa, assim como por neuroses e mudanças imprevisíveis de humor.

O consumo de pornografia online está tão disseminado na sociedade ocidental que muitas crianças começam a fazer uso desse tipo de material por volta dos 10 anos de idade. Embora isso, por si só, não pareça representar um problema, a verdade é que foi demonstrado que o abuso do consumo provoca efeitos nocivos no cérebro.

Não existe um perfil de usuário; este é um comportamento disseminado que pode ter seu aspecto positivo (para determinadas comunidades, para pessoas com menos habilidades sociais, para apimentar a vida sexual) e seu aspecto negativo (vício, perda de controle, problemas no relacionamento e com a família). É um sexo cômodo, sem aparentes complicações.

A pornografia na Internet permite o voyeurismo, a visualização de qualquer tipo de prática, o uso de modelos reais não profissionais e a espionagem de nossos comportamentos por meio dos códigos IP. Essas atividades sexuais na rede parecem ser alimentadas por três aspectos: acessibilidade, anonimato e baixo custo.

 “Os vícios vêm como pássaros. Eles nos visitam como hóspedes e ficam como amos”.
-Confúcio-

Quando falamos de vício em pornografia?

A pessoa viciada em pornografia se degenera gradativamente por querer praticar tudo que vê, como é o caso de Ted Bundy (Michaud e Aynesworth, 2000). As pessoas que não têm um parceiro e são viciadas podem ter dificuldade de se relacionar com pessoas do sexo oposto. Elas podem apresentar depressão severa, sentimentos de culpa e isolamento social.

Para essas pessoas, em geral, é difícil reconhecer seu vício, até o ponto de chegarem a justificar e ocultar seu comportamento, o que faz com que seja difícil que procurem a ajuda de um profissional.

As pessoas viciadas que têm um parceiro, quando percebem que seu companheiro amoroso não têm as mesmas atitudes dos atores das cenas às quais assistem, podem se decepcionar por não encontrar satisfação no relacionamento.

Uma pesquisa realizada por Velasco, A. e Gil, V. (2017) concluiu que o vício em pornografia pode causar problemas físicos e psicológicos que são equiparáveis com aqueles gerados pelo vício no consumo de cocaína, maconha e outras substâncias psicoativas.

Homem vendo pornografia na cama

Existe alguma estratégia para combater o vício em pornografia?

Para as pessoas que não são viciadas, especialmente crianças e adolescentes, algumas das estratégias que podem ajudar a prevenir e combater o vício em pornografia são:

  • Evitar escutar e visualizar conteúdo sexual explícito em meios audiovisuais (internet, rádio, revistas, jornais, etc.).
  • Evitar que crianças e adolescentes tenham acesso à Internet em espaços fechados (instalar programas antipornografia em computadores, celulares e tablets).
  • Desenvolver atividades esportivas ou lúdicas.
  • Levar uma vida social e espiritual ativa.
  • Em casos extremos, procurar um psicoterapeuta ou um profissional especializado em vícios sexuais.

Em todo caso, a primeira medida recomendável para que as pessoas melhorem seu vício em pornografia é buscar a ajuda de um profissional (psicólogo/psicoterapeuta). Esse será o melhor caminho para que encontrem uma solução para o seu problema.


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  • Feregrino, D. L. (2017). Así en el porno como en las drogas. Sobre la neurobiología de la adicción al porno.

  • Gola, M. (2016). Decreased LPP for sexual images in problematic pornography users may be consistent with
    addiction models. Everything depends on the model. (Commentary on Prause, Steele, Staley, Sabatinelli,
    & Hajcak, 2015). Biological Psychology, 117.

  • Joyce, R. A. (2008). Pornography and the Internet. IEEE Internet Computing, 12(4), 74-77.

  • Mayer, M. A. (2011). La utilización de Internet entre los adolescentes, riesgos y beneficios. Atención Primaria,
    43(6), 287–288.

  • Michaud, S. G., & Aynesworth, H. (2000). Ted Bundy: Conversations with a killer. Texas: Authorlink.

  • Sánchez Zaldívar, S., & Iruarrizaga Díez, I. (2009). Nuevas dimensiones, nuevas adicciones: la adicción al sexo en internet. Psychosocial Intervention18(3), 255-268.

  • Velasco, A., & Gil, V. (2017). La adicción a la pornografía: causas y consecuencias. Drugs and Addictive Behavior2(1), 122-130.


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