Você não é uma pessoa fácil quando desfruta da sua sexualidade

Você não é uma pessoa fácil quando desfruta da sua sexualidade

Última atualização: 26 outubro, 2015

Seguimos vivendo o machismo e os preconceitos muito perto de nós, sem poder ver a luz da superação. E isso nos conduz a categorizar as pessoas ao nosso redor, sem parar para escutá-las e respeitar seus pontos da vista. Um âmbito em que isso sempre acontece é o da sexualidade, especialmente quando se tratam das mulheres. E esta é minha história em relação a este tema.

“Seu corpo é templo da natureza e do espírito divino. Conserve-o são; respeite-o; estude-o; conceda-o seus direitos.” 

– Henry F. Amiel –

Nunca dei muita importância à minha vida sexual no momento das primeiras relações e a sua relevância. Ela começou sem nenhuma experiência ruim e, felizmente, com gratas surpresas. Aprender novas sensações, descobrir tudo o que pode ser compartilhado com outro ser humano unido a você, e, simplesmente, aproveitar o momento. Com calma e boa música.

Nunca parei para pensar muito se o momento era adequado ou não. Quero pensar que aí reside a magia da minha primeira vez e sua experiência positiva. Ocorreu sem nada mais. Foi algo muito simples, mas sentia que meu entorno não percebia dessa maneira, mas sim como algo cheio de preconceitos e tabus.

Meus primeiros contatos com a sexualidade foram livres, sem mais. Não me sentia “castrada”, ou coisa do tipo. Por acaso o sexo, a união de duas pessoas, tem algo de negativo?

Fui crescendo e esta parte da minha vida continuava sem ter uma excessiva importância para mim. Talvez pelo fato de não ter desfrutado ainda de um parceiro estável. Isso me fazia aproveitar sem muitas dores de cabeça e cargas emocionais. Gostava de como sentia tudo o que tinha a ver com o sexo e estava cômoda. Livre.

Meus diferentes e autênticos parceiros começaram a chegar de forma simples e sem  complicações. E, claro, se você me perguntar se me cuidei com cada um deles, lhe responderei afirmativamente. Também é verdade que todos eles foram carregados de amor, afeição e sem nenhum acidente. Ao meu redor, aquelas pessoas que gostavam de mim me viam como uma pessoa de caráter liberal ou, melhor dizendo, libertina.

Pensavam que, para mim, o sexo era um ato realizado como uma máquina e que eu não tinha sentimentos. Convidavam-me a ser um pouco mais responsável por meus atos, enquanto me enchiam com todos os seus preconceitos.

Mas, e o que eu pensava?

Com respeito a esta etapa, serei sincera com você: fiz o que meu coração dizia. Se me sentia à vontade e livre, aproveitava. Sem muitos pensamentos e sempre com responsabilidade pelo meu corpo e meu próprio eu, obviamente.

Desfrutava do momento, de minha pessoa e do parceiro. Não pensava demais.

A vida havia dado a mim um presente precioso: sentir a união da pessoa que queria estar ao meu lado nesse momento e compartilhar amor. Do tipo que fosse.

Um amor íntimo onde você confia no ser humano que você quer que participe durante esse tempo, esse instante. Surgia uma pergunta… por que trair a confiança de alguém que me viu totalmente exposta? Nua? Imediatamente senti que nem todas as pessoas pensam nisso.

Você não é alguém fácil quando desfruta da sua sexualidade

E depois de muitos anos, aceitando-me e diferenciando-me do meu redor, compreendi que viver o mundo e a vida com uma mentalidade aberta sobre a minha sexualidade fazia com que as pessoas pensassem que eu era “fácil”. Meus amigos e pessoas de confiança compartilhavam comigo que saber isso me fazia mais desejável.

Desfrutei dessa nova categoria e experiência na qual, sem querer, me vi envolvida. Mas em pouco tempo, de novo me senti incômoda diante dos preconceitos daqueles que não me entendiam; daqueles que não paravam para analisar com liberdade e certa empatia humana.

Como eu agia em relação a isso?

Da minha parte, tentava compreender as pessoas que não se atreviam a dizer que desejavam desfrutar do que eu desfrutava, da união sexual. Dentro de minhas experiências, nunca existiu a falta de respeito, situações estranhas, ruins ou abusos. Nunca. Simplesmente chegávamos ao acordo de viver o momento e a união, o prazer.

Era e sou uma pessoa com boa educação e experiência de vida. Boa pessoa, com um coração cheio de amor incondicional e com vontade de aproveitar a vida. Respeitosa e sempre humana.

O problema? Que todos meus “dons” se viam ocultos atrás de “parecer” alguém fácil.

Cheguei à conclusão de que as pessoas pensam e falam demais. E o pior, sem conhecimento ou verdade. Mudei a mim mesma, farta dos comentários e preconceitos, até que conheci o homem da minha vida. Fui sincera e contei tudo a ele. E, sem ser como eu, simplesmente outro ser humano, me entendeu.

Em seguida, compartilhou comigo que o fato de agir ou ser assim não me fazia uma pessoa fácil. Muito pelo contrário. Percebia em mim que eu tinha a vida sexual controlada e conhecia a mim mesma. Sabia quais eram meus limites e, por isso, podia saber aproveitar com liberdade e equilíbrio.

Então, deu-me permissão para ser eu mesma: continuei desfrutando da minha sexualidade e explorando meu corpo, dessa vez com alguém que me amava. Fiz o que meu coração dizia e calei os preconceitos, aprendendo a respeitar a mim mesma. Entendi que ninguém tem direito de catalogar alguém ou questionar quem você é.

Cada um de nós é responsável por como queremos viver. Somos donos de nossas emoções e de nosso corpo. Não gaste seu tempo dançando ao som daqueles que só estão cheios de dúvidas e medo. São aqueles que sempre terão um “eu te avisei…” ou “você não pode”.  Qual é a mensagem final dessas pessoas? Que não somos merecedores de nós mesmos. Seja você.

“Uma mulher desfruta com a certeza de acariciar um corpo cujos segredos conhece e cujas preferências são sugeridas por si mesma”. 

– Colette –


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